Não sou só eu que tenho barba. A greve da WGA deu a imensa gente a oportunidade de ter barba. A New Yorker fala sobre isso. O Conan O'Brien nunca tinha conseguido deixar crescer uma. O David Letterman arranjou uma bastante boa. O Conan quer deixá-la até quando voltar a fazer o Late Night sem argumentistas, como protesto. Eu apoio. Acho que fazia muito bem aos talk-shows.
sexta-feira, dezembro 28, 2007
terça-feira, dezembro 25, 2007
domingo, dezembro 23, 2007
Janeiro 2008
Janeiro vai ser o melhor mês de todo o sempre. Aqui estão as razões, sem qualquer ordem:
- A lei do tabaco. Só devia ser ainda mais severa.
- O Darjeeling Limited. Acho que esta escolha se explica a ela própria. Tem tudo o que interessa no mundo.
- O Charlie Wilson's War, Mike Nichols e Aaron Sorkin com o Tom Hanks?
- Go! Team no Lux. Desde "Kool Thing" que os Sonic Youth e os Public Enemy não ficavam tão bem juntos.
- O regresso do Lost.
- Os talk-shows sem escritores. Mais uma vez, curiosidade mórbida.
- A lei do tabaco. Só devia ser ainda mais severa.
- O Darjeeling Limited. Acho que esta escolha se explica a ela própria. Tem tudo o que interessa no mundo.
- O Charlie Wilson's War, Mike Nichols e Aaron Sorkin com o Tom Hanks?
- Go! Team no Lux. Desde "Kool Thing" que os Sonic Youth e os Public Enemy não ficavam tão bem juntos.
- O regresso do Lost.
- Os talk-shows sem escritores. Mais uma vez, curiosidade mórbida.
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Não sei bem
Mas isto parece querer dizer que a estreia do Charlie Kaufman como realizador terá o Phiip Seymour Hoffman no principal papel. A confirmar-se, será melhor par de sempre, pelo menos desde que o Michel Gondry juntou o Jack Black e o Mos Def (e por falar nisso, isso nunca mais vem?).
Por falar nisso, adicionei aqui ao lado uma coluna com coisas que leio no Google Reader e acho que devia partilhar com as pessoas do mundo.
Por falar nisso, adicionei aqui ao lado uma coluna com coisas que leio no Google Reader e acho que devia partilhar com as pessoas do mundo.
quarta-feira, dezembro 19, 2007
Marquee Moon #2
Esta parte era importantíssima e esqueci-me dela. Os Óscares com o Jon Stewart. Como toda a gente sabe, adoro passar a noite dos Óscares a dizer mal dos comentadores da TVI. Sem os escritores da WGA, a minha tarefa vai estar muito facilitada. Mas não vai ser tão divertido (mais uma vez entra aqui a curiosidade mórbida de saber como é que o JS aguenta uma cerimónia daquelas sozinho).
Marquee Moon
A coisa está má. Está muito má. O máximo de respeito pelos argumentistas, mas gostava mesmo de ver como é que o Conan e o Leno aguentam um programa sozinhos, por curiosidade. Sei que o Conan será melhor que o Leno, não acreditando especialmente em nenhum deles para fazer tudo sozinho (o Conan era argumentista, porém é fisicamente impossível fazer tudo sozinho). E depois também há uma boa notícia para quando a greve acabar.
O Natal do Extras é, como se esperava, óptimo. Não é nem nunca poderia ser um Office natalício (obra-prima), mas não deixa de ser o melhor fim para a série.
O Natal do Extras é, como se esperava, óptimo. Não é nem nunca poderia ser um Office natalício (obra-prima), mas não deixa de ser o melhor fim para a série.
I said a hip-hop, the hippie
Anseio pelo dia em que o RZA lançará um DVD que consiste apenas nele ao piano e a dizer umas coisas, a julgar pelo DVD bónus do 8 Diagrams. E a fazer de polícia como no American Gangster, claro.
sábado, dezembro 15, 2007
É já amanhã
O acontecimento do ano. Na HBO (antes da BBC e tudo), claro, que se isto chegar cá no próximo ano é muita sorte.
terça-feira, dezembro 04, 2007
Extras
Dois factos muito específicos: o especial de natal do Office é do melhor que já se fez em comédia televisiva e a segunda série do Extras idem (tirando o último episódio, o final não foi o melhor possível). Tendo em conta isto, dia 16 chega o especial de natal do Extras. Aos EUA, antes de chegar ao Reino Unido. E cá, quando é que chega? É capaz de ser o acontecimento do ano.
sexta-feira, novembro 30, 2007
Talk-box
OK, talk-box. E a XL já deu a possibilidade de verem o vídeo dos Vampire Weekend às pessoas do continente dela. Finalmente.
quarta-feira, novembro 28, 2007
O segundo melhor vídeo do ano
Está aqui. Segundo, claro, porque ainda só vi umas três ou quatro vezes e isto é demasiado bom e "velho" para sair já do topo. O auto-tuner, o estilo, o afro, as patilhas, os fatos, o teclado-guitarra, a canção. Curiosamente, não gostei dela quando a ouvi sem o vídeo. Incrível. Estupendo. Magnífico.
sábado, novembro 17, 2007
Site da MTV, morre, por favor
O site da MTV não deixa que cidadãos que vivam fora dos EUA vejam os seus vídeos. Adorava ver Spank Rock nos MTV-U Awards ou lá o que foi, mas não posso. Também não deu para ver os VMAs completos, que nem sequer passaram na televisão (só 50 segundos da versão que os Foo Fighters fizeram do Prince com o Cee-Lo Green é criminoso e vergonhoso), esta gente devia sofrer por isso. E o pior de tudo? Os Vampire Weekend, que têm aquela canção muito porreira que parece que saiu do Graceland 20 anos depois com um riff do caraças, têm um primeiro vídeo que está no site da MTV. Ainda por cima, a editora deles é a XL, que é inglesa. Para que é que a editora vai pôr um vídeo num sítio onde nem pode vê-lo?
sexta-feira, novembro 16, 2007
RZA, o melhor polícia de sempre
Ontem estreou um filme qualquer sobre uma figura mítica a quem toda a gente está a ligar demasiado mas também estreou o American Gangster. Foi esse, obviamente, que fui ver. Basicamente estava cheio de sono e não adormeci, o que só diz bem do filme de três. Não sei o que aconteceria do filme a preto e branco sobre o "poeta" e o caraças com o qual ninguém se cala (não há coisa que irrite mais do que toda a febre à volta dele, da figura, do filme, etc.). Este tem o RZA a fazer de polícia (e, para lá da pinta toda - que o RZA é o tipo com mais pinta no filme a seguir ao Denzel Washington, que só se descuida quando usa camisas abotoadas até ao último botão -, é óptimo) e o Common a fazer de pai do T.I. O T.I. é meramente competente, quase incompetente. O Common é o pior actor de sempre, provavelmente (e eu que pensava, antes de ver isto, que era o Sting). Para quem leu o artigo da New York Magazine que deu origem ao filme, como eu, rende. E o Mos Def voltou a rimar, mais ou menos, numa remistura do Benny Blanco (um puto de 19 anos que tem um bom duo com o Spank Rock, os Bangers & Cash, uma espécie de tributo aos 2 Live Crew) para a "D.A.N.C.E." dos Justice (uma das malhas do ano) também com o Spank Rock. Rende (cortesia do Discobelle, um dos meus blogs de mp3 favoritos).
terça-feira, novembro 06, 2007
A greve
Tenho acompanhado, através do New York Times, a greve dos argumentistas norte-americanos. Entre as vítimas está Two and a Half Men, cuja filmagem de novos episódios foi interrompida. Para mim é tremendamente assustador. Nunca pensei (nem eu nem ninguém que alguma vez a tenha visto) que houvesse gente a escrever aquilo.
quarta-feira, setembro 26, 2007
Super-Baldas
Não há ninguém que falte a uma aula em Superbad. Mas a horrível, ignorante, estúpida e altamente injusta tradução trouxe-lhe o nome Super-Baldas e uma campanha publicitária das piores de sempre. "Vais às aulas ou vais-te baldar?" é a frase-chave. Frase essa que não tem nada a ver com o filme em questão. No processo da preparação do lançamento do filme em Portugal esqueceram-se de vê-lo, o que é uma coisa importante.
Superbad é um filme de adolescentes dos anos 80 feito em 2007, co-escrito por uma das maiores vozes cómicas do mundo, o incomparável Seth Rogen do incrivelmente bom e genial Knocked Up e produzido pelo brilhante Judd Apatow, que pratica o bem desde que começou a produzir uma das melhores séries de sempre, Freaks & Geeks. Num mundo pós-American Pie ainda não havia nada assim. O Jonah Hill é um tipo cheio de piada e o Michael Cera já desde o Arrested Development que merece o mundo. Ambos têm personalidades cómicas bem definidas que se traduzem bem neste filme, ao que ajuda a constante improvisação e etc. Não é um Knocked Up (filme do ano), mas é muito bom. Tem todos os ingredientes de uma comédia clássica: elementos de culto como o nome que o maior nerd de serviço escolhe para o seu bilhete de identidade falso, McLovin, peripécias, bebidas, drogas, polícias a reviver a adolescência, bullies com cortes de cabelo ridículos que de alguma forma gozam com alguém que não se lembram da simples frase "olha-te ao espelho, palhaço." É um filme, como todos os outros ligados ao Apatow (e como as suas séries), sobre crescer. E acaba por ser bonito como o resto.
Mal vendido em Portugal, vai ser um fracasso de bilheteira. Se 100 pessoas o virem cá, é muito. É vendido como algo que não é, e esta gente toda é por cá injustiçada apesar de fazer bons filmes e a melhor comédia. A culpa não é do filme, que é óptimo (boas personagens, boas piadas, boa história de amor e boa gestão da parte sentimental, excelente banda-sonora), é de quem o trouxe para cá e se esqueceu de vê-lo.
Superbad é um filme de adolescentes dos anos 80 feito em 2007, co-escrito por uma das maiores vozes cómicas do mundo, o incomparável Seth Rogen do incrivelmente bom e genial Knocked Up e produzido pelo brilhante Judd Apatow, que pratica o bem desde que começou a produzir uma das melhores séries de sempre, Freaks & Geeks. Num mundo pós-American Pie ainda não havia nada assim. O Jonah Hill é um tipo cheio de piada e o Michael Cera já desde o Arrested Development que merece o mundo. Ambos têm personalidades cómicas bem definidas que se traduzem bem neste filme, ao que ajuda a constante improvisação e etc. Não é um Knocked Up (filme do ano), mas é muito bom. Tem todos os ingredientes de uma comédia clássica: elementos de culto como o nome que o maior nerd de serviço escolhe para o seu bilhete de identidade falso, McLovin, peripécias, bebidas, drogas, polícias a reviver a adolescência, bullies com cortes de cabelo ridículos que de alguma forma gozam com alguém que não se lembram da simples frase "olha-te ao espelho, palhaço." É um filme, como todos os outros ligados ao Apatow (e como as suas séries), sobre crescer. E acaba por ser bonito como o resto.
Mal vendido em Portugal, vai ser um fracasso de bilheteira. Se 100 pessoas o virem cá, é muito. É vendido como algo que não é, e esta gente toda é por cá injustiçada apesar de fazer bons filmes e a melhor comédia. A culpa não é do filme, que é óptimo (boas personagens, boas piadas, boa história de amor e boa gestão da parte sentimental, excelente banda-sonora), é de quem o trouxe para cá e se esqueceu de vê-lo.
quinta-feira, agosto 16, 2007
Foda-se
Para continuar a minha cobertura do Trapped in the Closet, volto de Paredes de Coura e vejo que o Will Oldham faz de polícia no capítulo 15. Espero que isto não estrague o divertimento de ninguém. Porra. Pareceu-me ser ele e depois googlei "Trapped in the Closet" e "Will Oldham" e confirmei. O maior, depois do vídeo do Kanye West, o Trapped in the Closet. Era a última fronteira. Há que lembrar, contudo, que já há anos que ele faz uma versão do "Ignition" do Kels ao vivo. Só é pena não ser "Ignition (Remix)", um dos melhores singles dos anos 2000.
quarta-feira, agosto 15, 2007
The plot gets thicker
O capítulo de hoje foi muito bom, dos melhores de sempre. Há umas variações na música, telefonemas com um tipo com grills, funcionam optimamente bem. Há cada vez mais revelações e este teve imensas, depois do de ontem que não teve muita coisa.
Há algo que me irrita em toda a publicidade e imprensa à volta do festival de Paredes de Coura. É dizerem que aquilo é "o festival mais alternativo do país". Por amor de Deus, aquele é um festival que quase não arrisca e nem sequer traz as bandas no momento exacto em que estão a dar. Isso foi, por exemplo, o que se disse quando trouxeram os Arcade Fire, um fenómeno totalmente de 2004, diga-se o que se quiser, à escala mundial, visto toda a gente do mundo ter internet, no verão de 2005, um ano depois, mais ou menos. Não que isso interesse muito ou que seja mau, mas é uma questão de se dizer a verdade. O cartaz deste ano é bastante fraco, só fico com pena de não ver a M.I.A. e talvez os Spoon. Mas vou ver os Sonic Youth pela segunda vez em dois meses e terceira vez no geral e também as Electrelane pela primeira. E gosto dos Peter, Björn & John, mas não o suficiente para estar muito feliz por vê-los. Claro que isto é bom, mas não é a melhor coisa do mundo, que não correm assim tantos riscos, já para não falar da vergonha que foi anunciarem aos bocados o cartaz que se mostrava cada vez mais fraco.
Há algo que me irrita em toda a publicidade e imprensa à volta do festival de Paredes de Coura. É dizerem que aquilo é "o festival mais alternativo do país". Por amor de Deus, aquele é um festival que quase não arrisca e nem sequer traz as bandas no momento exacto em que estão a dar. Isso foi, por exemplo, o que se disse quando trouxeram os Arcade Fire, um fenómeno totalmente de 2004, diga-se o que se quiser, à escala mundial, visto toda a gente do mundo ter internet, no verão de 2005, um ano depois, mais ou menos. Não que isso interesse muito ou que seja mau, mas é uma questão de se dizer a verdade. O cartaz deste ano é bastante fraco, só fico com pena de não ver a M.I.A. e talvez os Spoon. Mas vou ver os Sonic Youth pela segunda vez em dois meses e terceira vez no geral e também as Electrelane pela primeira. E gosto dos Peter, Björn & John, mas não o suficiente para estar muito feliz por vê-los. Claro que isto é bom, mas não é a melhor coisa do mundo, que não correm assim tantos riscos, já para não falar da vergonha que foi anunciarem aos bocados o cartaz que se mostrava cada vez mais fraco.
terça-feira, agosto 14, 2007
Kels
Regozijai, irmãos. Chegou o capítulo 13. De quê? Do Trapped in the Closet a maior história dos nossos tempos escrita, composta e interpretada pelo maior contador de histórias dos nossos tempos. Estou, claro, a falar do R. Kelly. O Kels. Antes de ser julgado definitivamente por várias acusações de pedofilia (não é ele no vídeo; ele não sabia que ela tinha 14 anos; porque é que não prendem o Akon e o T-Pain em vez dele?), toda a próxima dezena de dias terá um novo episódio do Trapped in the Closet por dia. O que é magnífico, porque é melhor entretenimento que qualquer outra coisa do mundo agora. Este décimo terceiro capítulo não é dos melhores da saga, não acontece nada muito grande nem há um clímax, nem sequer uma revelaçãozita, só se descobrem nomes de duas personagens que aí vêm, mas vale por ter o Kels com cabelo branco a fazer de velho. Não há nada melhor. Depois de "Same Girl" com o Usher, o single muito ao estilo da saga, só que com princípio, meio e fim, é óptimo ver novos episódios. E deve haver muito para acontecer, quer dizer, depois do stripper anão ainda há um mundo de oportunidades a serem narradas em falsete.
segunda-feira, agosto 13, 2007
Reynolds on Moz
Ando a ler o Bring The Noise do Simon Reynolds (um dos meus críticos favoritos), depois de tê-lo pousado, e é óptimo voltar a ler a entrevista de 1988 ao Morrissey no Melody Maker. Acaba assim:
As I neurotically double-check if the tape is running, I mutter by way of apology, "I've had some bad experiences with tape recorders."
"Oh, I've had some bad experiences with people actually... you're very lucky."
Delicioso.
As I neurotically double-check if the tape is running, I mutter by way of apology, "I've had some bad experiences with tape recorders."
"Oh, I've had some bad experiences with people actually... you're very lucky."
Delicioso.
Allen on Bergman, Scorsese on Antonioni
Hoje no New York Times.
And yet the man was a warm, amusing, joking character, insecure about his immense gifts, beguiled by the ladies. To meet him was not to suddenly enter the creative temple of a formidable, intimidating, dark and brooding genius who intoned complex insights with a Swedish accent about man’s dreadful fate in a bleak universe. It was more like this: “Woody, I have this silly dream where I show up on the set to make a film and I can’t figure out where to put the camera; the point is, I know I am pretty good at it and I have been doing it for years. You ever have those nervous dreams?” or “You think it will be interesting to make a movie where the camera never moves an inch and the actors just enter and exit frame? Or would people just laugh at me?”
What does one say on the phone to a genius? I didn’t think it was a good idea, but in his hands I guess it would have turned out to be something special.
e
I used to have long phone conversations with him. He would arrange them from the island he lived on. I never accepted his invitations to visit because the plane travel bothered me, and I didn’t relish flying on a small aircraft to some speck near Russia for what I envisioned as a lunch of yogurt. We always discussed movies, and of course I let him do most of the talking because I felt privileged hearing his thoughts and ideas. He screened movies for himself every day and never tired of watching them. All kinds, silents and talkies. To go to sleep he’d watch a tape of the kind of movie that didn’t make him think and would relax his anxiety, sometimes a James Bond film.
Via filmes do Bond e tinha piada, o Bergman. Simpático.
(e o Scorsese)
And yet the man was a warm, amusing, joking character, insecure about his immense gifts, beguiled by the ladies. To meet him was not to suddenly enter the creative temple of a formidable, intimidating, dark and brooding genius who intoned complex insights with a Swedish accent about man’s dreadful fate in a bleak universe. It was more like this: “Woody, I have this silly dream where I show up on the set to make a film and I can’t figure out where to put the camera; the point is, I know I am pretty good at it and I have been doing it for years. You ever have those nervous dreams?” or “You think it will be interesting to make a movie where the camera never moves an inch and the actors just enter and exit frame? Or would people just laugh at me?”
What does one say on the phone to a genius? I didn’t think it was a good idea, but in his hands I guess it would have turned out to be something special.
e
I used to have long phone conversations with him. He would arrange them from the island he lived on. I never accepted his invitations to visit because the plane travel bothered me, and I didn’t relish flying on a small aircraft to some speck near Russia for what I envisioned as a lunch of yogurt. We always discussed movies, and of course I let him do most of the talking because I felt privileged hearing his thoughts and ideas. He screened movies for himself every day and never tired of watching them. All kinds, silents and talkies. To go to sleep he’d watch a tape of the kind of movie that didn’t make him think and would relax his anxiety, sometimes a James Bond film.
Via filmes do Bond e tinha piada, o Bergman. Simpático.
(e o Scorsese)
sábado, agosto 11, 2007
Be Kind, Rewind
Já há trailer do novo do Michel Gondry. Grande, grande, grande. Melhor par cómico de sempre. Mos Def e Jack Black é uma dádiva dos Deuses. E, a julgar pelo trailer, a viagem do Gondry pelos sonhos/subconsciente ainda não se esgotou em nada. Parece que há-de ser o filme mais tipo entretenimento dele, mas vai ser certamente óptimo.
sexta-feira, agosto 10, 2007
Ayooooooo
Esta história é interessante. Vou já encomendar todas as cópias que puder do Kanye. Gosto do "Ayo Technology" do Fitty, é o "My Love" menos canção em 2007, mas seria óptimo. E é a primeira vez que o Kanye parece uma pessoa equilibrada e sã numa discussão.
terça-feira, agosto 07, 2007
Imagens
Adorava ter fotografias em cada post, assim como o Sasha Frere-Jones, que nunca ninguém sabe bem o que quer dizer, nem com as fotografias nem com os textos. Isto porque em Inglaterra vi escrito num cartaz colocado à porta de uma igreja. Dizia "Jesus, the greatest comeback of all". Nada mais errado. Toda a gente sabe que o "greatest comeback of all" foi o dos Go-Betweens em 1999, ainda por cima com as Sleater-Kinney. Tirando isso, gosto do novo disco dos Go! Team, gostei dos Of Montreal e dos National pela segunda vez ao vivo e tenho uma imagem, mas não uma fotografia, porque eu não tenho uma máquina para tirar fotografias a tudo. Gostava de ter, um dia.
Pronto, é esta a imagem, mais publicidade.
Pronto, é esta a imagem, mais publicidade.
quinta-feira, agosto 02, 2007
How can hip-hop be dead when Wu-Tang is forever?
That's where RZA comes in and makes it a fucking meal
And Britney Spears shaved her head. That's how I know the Apocalypse is coming. - M-E-T H-O-D MAN
E o Ghostface Killah aparece no disco. Ámen.
quarta-feira, agosto 01, 2007
Bergman on Antonioni
Quando a Joana me disse ontem, ao telefone, que o Antonioni também tinha morrido, pensei logo nisto:
[on Michelangelo Antonioni] "He's done two masterpieces, you don't have to bother with the rest. One is Blow-Up, which I've seen many times, and the other is La Notte, also a wonderful film, although that's mostly because of the young Jeanne Moreau. In my collection I have a copy of Il Grido, and damn what a boring movie it is. So devilishly sad, I mean. You know, Antonioni never really learned the trade. He concentrated on single images, never realising that film is a rhythmic flow of images, a movement. Sure, there are brilliant moments in his films. But I don't feel anything for L'Avventura, for example. Only indifference. I never understood why Antonioni was so incredibly applauded. And I thought his muse Monica Vitti was a terrible actress."
Está na página do IMDB do Bergman, na secção de trivia. É muito mais divertido do que qualquer homenagem que passe por "a forma como filmava e sentia o sofrimento e as imagens bonitas". Também não quero muito saber do sofrimento e das imagens bonitas, mas gostei do Sétimo Selo (não costumo usar nomes em português, mas há alguém no mundo que não seja sueco e saiba falar sueco?), o único filme que vi dele. Esta citação é gira porque morreram no mesmo dia e, apesar de não ter palavrões, tem o Bergman a chamar chato a alguém ("diz o roto ao nu"?).
[on Michelangelo Antonioni] "He's done two masterpieces, you don't have to bother with the rest. One is Blow-Up, which I've seen many times, and the other is La Notte, also a wonderful film, although that's mostly because of the young Jeanne Moreau. In my collection I have a copy of Il Grido, and damn what a boring movie it is. So devilishly sad, I mean. You know, Antonioni never really learned the trade. He concentrated on single images, never realising that film is a rhythmic flow of images, a movement. Sure, there are brilliant moments in his films. But I don't feel anything for L'Avventura, for example. Only indifference. I never understood why Antonioni was so incredibly applauded. And I thought his muse Monica Vitti was a terrible actress."
Está na página do IMDB do Bergman, na secção de trivia. É muito mais divertido do que qualquer homenagem que passe por "a forma como filmava e sentia o sofrimento e as imagens bonitas". Também não quero muito saber do sofrimento e das imagens bonitas, mas gostei do Sétimo Selo (não costumo usar nomes em português, mas há alguém no mundo que não seja sueco e saiba falar sueco?), o único filme que vi dele. Esta citação é gira porque morreram no mesmo dia e, apesar de não ter palavrões, tem o Bergman a chamar chato a alguém ("diz o roto ao nu"?).
M.I.A.
É impossível não adorar alguém que começa um disco de dança chunga com uma citação do Jonathan Richman, ainda por cima do tempo dos Modern Lovers. É impossível.
Kyp Malone
(e os meus pêsames para a Joana, para a minha mãe, para o João Bonifácio e para a Mafalda por causa da morte do Bergman)
quinta-feira, julho 26, 2007
How did this bitch get the remix?
Uma das piores actividades de quem escreve sobre o que quer que seja é transcrever entrevistas. Especialmente as que, como é o caso, demoram mais de uma hora. É uma tarefa extremamente aborrecida e, quando não há grande urgência, tem-se sempre tendência a adiar. Aconteceu-me isso com a entrevista que fiz ao Kyp Malone há quase duas semanas, que será publicada talvez na segunda ou assim, não sei, não vou estar cá para ver. Vou para Inglaterra amanhã. Não sei porquê, mas costumo assinalá-lo sempre que vou lá. No ano passado fi-lo, mas foi depois. Vou ver Os Mutantes, que não vi cá, porque é com muito mais coisas (com o Diplo, os Bonde do Rolê e a Amanda Blank). É só para dizer que fui a um concerto em Londres, a minha vontade de ver Os Mutantes não é assim tão grande, depois de ter visto as fotografias deles no Ípsilon e no New York Times na semana passada. Estão velhos. Mas a Amanda Blank é uma rapper que me parece divertida, pelo menos as rimas em canções dos Spank Rock ("Bump") e dos Plastic Little ("Crambodia", podia jurar que o sample é d'Os Mutantes, mas não tenho certezas, soa mesmo a isso) são muito apreciadas por mim, mesmo que ela não tenha um estilo muito idiossincrásico e se limite a dizer coisas porcas. É a maneira como ela faz que salva tudo, acelerando o discurso a meio, etc. Deve dar um espectáculo interessante, mesmo que eu não conheça absolutamente nada dela que não seja essas duas canções ("My rhymes are painfully fresh / my pussy's tastin' the best" está ao nível do "My Neck, My Back" da Khia, com "All you ladies pop yo' pussy like this" e "Do it now, lick it good, suck this pussy just like you should"). Deve ser divertido. Espero que seja divertido.
quarta-feira, julho 25, 2007
The Kings of Comedy
Três comediantes no mesmo vídeo. O Sasha Frere-Jones da New Yorker dizia, na Slate Magazine sobre o Kanye West, quando saiu o College Dropout, que ele era um comediante. Um entertainer é certamente, mas é uma noção interessante na mesma. Acontece que "Can't Tell Me Nothing" não é uma canção assim tão boa (nem assim tão má quanto eu pensava). Habituei-me a ela, o refrão é bom e cantarolável e já nem me importo muito com isso. Apareceu, no site dele, um novo vídeo para ela. É magnífico. Para além do comediante que fez a canção, outros dois aparecem, dois donos das melhores barbas do mundo: Zach Galifianakis e Will Oldham. O Will Oldham não tem barba aqui, escolhe apenas as patilhas e o bigode que dão sempre um bocadinho de classe à sua cara, mas quem não acha que ele é um comediante nunca o viu ao vivo. Quase melhor do que a música é o que ele diz quando não está a tocá-la, um tipo cheio de piada. No meio do campo e com dançarinas adolescentes, o Zach Galifianakis canta a letra com uma cara séria e o Oldham faz parvoíces com ele. É bastante divertido.
terça-feira, julho 24, 2007
The Darjeeling Limited
Adoro o Wes Anderson. Todos os filmes dele são estupendamente bons, não gosto assim tanto tanto do Bottle Rocket, mas o resto é magnífico. The Darjeeling Limited é o quinto filme do homem e o trailer já apareceu na internet. Topa-se, logo nas primeiras imagens, que é um filme dele (até quando entra a música), talvez mais facilmente do que qualquer outro realizador actual. O Jason Schwartzman (com bigode, boa escolha), o Adrien Brody e o Owen Wilson são irmãos que atravessam a Índia e se reencontram. A família é sempre importante no Wes Anderson, e isto parece-me muito, muito bem, como tudo o que ele fez até hoje. Uma das melhores presenças dos filmes dele, tirando o Life Aquatic With Steve Zissou, é o Kumar Pallana, um actor indiano que era o dono do café no Texas onde o Wes Anderson e o Owen Wilson iam. Era uma boa ideia fazer um filme na Índia sem o indiano que ele põe nos filmes, mas seria realmente bom que ele voltasse aos filmes do tipo. É que a forma como ele diz "You son-of-a-bitch!" é quase poesia.
segunda-feira, julho 23, 2007
Jeff Tweedy e a parte mais importante do Conan
Ontem, no New York Times (não vai durar muito tempo, mas é muito boa)), publicaram uma lista de discos recentes dos quais o Jeff Tweedy gosta. Entre eles, Grizzly Bear e Battles. É estranho pensar que deixei os Grizzly Bear a meio para ver os Wilco e que perdi o início dos Battles para ver o fim dos Wilco no Primavera Sound. Dr. Dog, Grizzly Bear, Battles, A Hawk and a Hacksaw e Panda Bear (não é assim tão difícil saber coisas sobre os Animal Collective, Sr. Tweedy). E há esta frase: "I’m probably the only person that wanted to be a rock critic and failed at it and started a band." E que banda. E isto não vinha na biografia dos Wilco que eu comprei e li. Que desperdício de tempo.
A parte mais importante da tal entrevista do Conan é esta:
But the great thing about The Simpsons for me personally is that for the last 14 years of doing my show, I've been working hard on this comedy, but it's pretty disposable. I could light my arms on fire on the show tonight and you might see it for a couple of days on YouTube, but then it's gone.
I'm constantly, no matter where I go in the world, running into people who know which episodes of The Simpsons I worked on, and they're quoting lines to me. I think long after my Late Night show is gone, I feel like the Simpsons episodes I worked on will always be in the ether. People will be watching them on some space station, like, 200 years from now. That's a nice feeling. It's always gonna be there. It's something I'm really proud of. I'm always going to be connected to these people, and every couple of years I'll get to talk about it, and think about it, and it's fantastic.
A parte mais importante da tal entrevista do Conan é esta:
But the great thing about The Simpsons for me personally is that for the last 14 years of doing my show, I've been working hard on this comedy, but it's pretty disposable. I could light my arms on fire on the show tonight and you might see it for a couple of days on YouTube, but then it's gone.
I'm constantly, no matter where I go in the world, running into people who know which episodes of The Simpsons I worked on, and they're quoting lines to me. I think long after my Late Night show is gone, I feel like the Simpsons episodes I worked on will always be in the ether. People will be watching them on some space station, like, 200 years from now. That's a nice feeling. It's always gonna be there. It's something I'm really proud of. I'm always going to be connected to these people, and every couple of years I'll get to talk about it, and think about it, and it's fantastic.
With the radio on
Esta semana saiu no Guardian um artigo de uma repórter que foi à procura dos sítios que o Jonathan Richman menciona na canção Road Runner dos seus Modern Lovers. Soa muito melhor do que é realmente, mas é sempre uma boa oportunidade de recordar o quão boa é a canção e do quão genial é o Richman. Por que raio foi ele só tocar meia-hora em Barcelona transcende-me. Espero mesmo que ele venha cá em Fevereiro ou lá o que é.
A Vanity Fair cobre o lançamento do filme dos Simpsons com um artigo daqueles grandes e bons que eles fazem e um top dos melhores episódios de sempre (o número um é magnífico, com os Ramones a cantarem os parabéns ao Mr. Burns dizendo que ele é velho, o que leva a que ele peça para o Smithers matar os Rolling Stones, devo tê-lo visto, sem exagero, mais de 20 vezes, tinha-o gravado em VHS, para além de um com um ladrão de casas idoso e do Stampy, o elefante do Bart) Há também uma óptima entrevista curta (em relação ao resto) ao Conan O'Brien, que é basicamente uma versão expandida das citações dele que aparecem no artigo maior, uma história oral com algumas das pessoas envolvidas na criação da série, mesmo que Matt Groening, James L. Brooks e Sam Simon estejam de fora. Uma boa parte da história vinda de um grande, grande senhor:
I pleaded with Matt and advised him strongly from my elder-statesman position to not work with Fox. "Whatever you do, don't work with those guys! They're gangsters! They're gonna take your rights away!" He's never let me forget it.
O Finding Forever do Common é óptimo: "The Game" é um grande, grande single e "Drivin' Me Wild" também será. Este e o Ear Drum do Talib Kweli são óptimos discos de MCs "conscientes" ou lá o que é. Falta o Graduation do Kanye West e o novo do Lupe Fiasco e esta família fica toda completa (não que o Kweli pertença realmente a ela, só até certo ponto).
Ao ver o novo vídeo dos Travis (óptimo vídeo, canção medíocre, o vocalista soa como a Crissie Hynde, o que é estranho, e o vídeo tem o grande Demetri Martin a despir todas as t-shirts com dizeres que acompanham a letra que tem vestidas), lembrei-me de que hoje descobri que o Zach Galifianakis (que fez uma das minhas coisas favoritas de sempre, uma das maneiras mais brilhantes de acabar um especial de comédia) e a Sarah Silverman (o facto de o Sarah Silverman Program nunca ter sido comprado pela SIC Radical só pode querer dizer que aquela gente está morta ou pelo menos adormecida) aparecem no pior filme de sempre, que eu até vi no cinema na altura (não tinha nada melhor para fazer, gostava de dizer que hoje em dia já tenho, mas não, continuo a não ter): Heartbreakers. Mas só vi um bocado, a barba do Galifianakis já era boa na altura, mas podia ser melhor. Leva para aí um 3 em 5 por causa do esforço. Às vezes sinto, quando estou a ver coisas ou do Galifianakis ou do Martin, que piadas sem muitos conectores entre elas não é a melhor forma de comédia, mas o que eles fazem com o formato ao vivo é estupendo e a criatividade que têm para fazer outras coisas, como tocar piano ou guitarra, usar escritos, trazer gente de fora, etc. Para além do mais, gente como Steven Wright e o Emo Philips sempre foi grande a fazer isso mesmo (claro que com estilos obviamente totalmente diferentes e idiossincrásicos) e nenhum mal vem ao mundo por causa disso.
Vi o Death Proof hoje e gostei, mas teria gostado bastante mais se tivesse chegado a tempo de ver o início e se fosse o Grindhouse todo. O diálogo é óptimo e é sempre magnífico ouvir o que o Tarantino dá aos seus actores para dizer. Por muito que gire à volta do mesmo e que siga uma fórmula, é sempre excelente entretenimento. É giro ver como ele evoluiu do Reservoir Dogs (que tem apenas uma mulher, a que tenta matar o Tim Roth) para isto, onde muitas e muitas mulheres se defrontam com o Kurt Russell. Mas é difícil ver isto sem ver o Planet Terror do Rodriguez. Desde que li sobre isso no New York Times em Janeiro que fiquei completamente ansioso pela chegada do filme cá, e saber que nunca chegará é bastante mau. Sobre o diálogo, guardei algures isto desse mesmo artigo, que já não dá para ler online:
Mr. Tarantino called his female characters’ dialogue, which simultaneously evokes both “Sex and the City” and teenage girls’ MySpace profiles, “some of the best dialogue I’ve ever written in my life.” After finishing the script he sent it to Bob Dylan, because he thought Mr. Dylan “would appreciate the wordplay.” He has not yet heard back.
A Vanity Fair cobre o lançamento do filme dos Simpsons com um artigo daqueles grandes e bons que eles fazem e um top dos melhores episódios de sempre (o número um é magnífico, com os Ramones a cantarem os parabéns ao Mr. Burns dizendo que ele é velho, o que leva a que ele peça para o Smithers matar os Rolling Stones, devo tê-lo visto, sem exagero, mais de 20 vezes, tinha-o gravado em VHS, para além de um com um ladrão de casas idoso e do Stampy, o elefante do Bart) Há também uma óptima entrevista curta (em relação ao resto) ao Conan O'Brien, que é basicamente uma versão expandida das citações dele que aparecem no artigo maior, uma história oral com algumas das pessoas envolvidas na criação da série, mesmo que Matt Groening, James L. Brooks e Sam Simon estejam de fora. Uma boa parte da história vinda de um grande, grande senhor:
I pleaded with Matt and advised him strongly from my elder-statesman position to not work with Fox. "Whatever you do, don't work with those guys! They're gangsters! They're gonna take your rights away!" He's never let me forget it.
O Finding Forever do Common é óptimo: "The Game" é um grande, grande single e "Drivin' Me Wild" também será. Este e o Ear Drum do Talib Kweli são óptimos discos de MCs "conscientes" ou lá o que é. Falta o Graduation do Kanye West e o novo do Lupe Fiasco e esta família fica toda completa (não que o Kweli pertença realmente a ela, só até certo ponto).
Ao ver o novo vídeo dos Travis (óptimo vídeo, canção medíocre, o vocalista soa como a Crissie Hynde, o que é estranho, e o vídeo tem o grande Demetri Martin a despir todas as t-shirts com dizeres que acompanham a letra que tem vestidas), lembrei-me de que hoje descobri que o Zach Galifianakis (que fez uma das minhas coisas favoritas de sempre, uma das maneiras mais brilhantes de acabar um especial de comédia) e a Sarah Silverman (o facto de o Sarah Silverman Program nunca ter sido comprado pela SIC Radical só pode querer dizer que aquela gente está morta ou pelo menos adormecida) aparecem no pior filme de sempre, que eu até vi no cinema na altura (não tinha nada melhor para fazer, gostava de dizer que hoje em dia já tenho, mas não, continuo a não ter): Heartbreakers. Mas só vi um bocado, a barba do Galifianakis já era boa na altura, mas podia ser melhor. Leva para aí um 3 em 5 por causa do esforço. Às vezes sinto, quando estou a ver coisas ou do Galifianakis ou do Martin, que piadas sem muitos conectores entre elas não é a melhor forma de comédia, mas o que eles fazem com o formato ao vivo é estupendo e a criatividade que têm para fazer outras coisas, como tocar piano ou guitarra, usar escritos, trazer gente de fora, etc. Para além do mais, gente como Steven Wright e o Emo Philips sempre foi grande a fazer isso mesmo (claro que com estilos obviamente totalmente diferentes e idiossincrásicos) e nenhum mal vem ao mundo por causa disso.
Vi o Death Proof hoje e gostei, mas teria gostado bastante mais se tivesse chegado a tempo de ver o início e se fosse o Grindhouse todo. O diálogo é óptimo e é sempre magnífico ouvir o que o Tarantino dá aos seus actores para dizer. Por muito que gire à volta do mesmo e que siga uma fórmula, é sempre excelente entretenimento. É giro ver como ele evoluiu do Reservoir Dogs (que tem apenas uma mulher, a que tenta matar o Tim Roth) para isto, onde muitas e muitas mulheres se defrontam com o Kurt Russell. Mas é difícil ver isto sem ver o Planet Terror do Rodriguez. Desde que li sobre isso no New York Times em Janeiro que fiquei completamente ansioso pela chegada do filme cá, e saber que nunca chegará é bastante mau. Sobre o diálogo, guardei algures isto desse mesmo artigo, que já não dá para ler online:
Mr. Tarantino called his female characters’ dialogue, which simultaneously evokes both “Sex and the City” and teenage girls’ MySpace profiles, “some of the best dialogue I’ve ever written in my life.” After finishing the script he sent it to Bob Dylan, because he thought Mr. Dylan “would appreciate the wordplay.” He has not yet heard back.
domingo, julho 15, 2007
"Orchestral shit"
I’m making songs, nigga, songs that you can have Carnegie Hall play one day, I’m making songs that you can write out on a piece of paper and give it to another band, and they’ll do it. - RZA, na Urb
Depois de uma semana bastante atarefada (dois sets de CIMENTO., o Dancestation - o Will Ferrell seria a melhor pessoa para fazer de Nic Offer dos !!! num possível biopic, não? -, o Kyp Malone no Lounge e em entrevista no dia a seguir - melhor pessoa de sempre? -, textos, etc.), leio isto da Urb e fico à espera do 8 Diagrams. Não só por isto, mas há-de ser bom, mesmo que o Ghostface não apareça e o ODB esteja morto (ele também não fez nada nos últimos discos). Vi o Science of Sleep ontem e cada vez gosto mais do Michel Gondry. Não consigo deixar de pensar no que o Charlie Kafuman faria se tivesse escrito o argumento, mas mesmo assim é óptimo. O próximo supostamente tem o Mos Def e o Jack Black como melhores amigos e, mesmo que eu pensasse muito - e acho que até já disse isto bastante veezs -, não arranjaria par melhor (por acaso há dois anos arranjaram, o Mos Def e o Elvis Costello, mas foi só um cameo no Talladega Nights).
Depois de uma semana bastante atarefada (dois sets de CIMENTO., o Dancestation - o Will Ferrell seria a melhor pessoa para fazer de Nic Offer dos !!! num possível biopic, não? -, o Kyp Malone no Lounge e em entrevista no dia a seguir - melhor pessoa de sempre? -, textos, etc.), leio isto da Urb e fico à espera do 8 Diagrams. Não só por isto, mas há-de ser bom, mesmo que o Ghostface não apareça e o ODB esteja morto (ele também não fez nada nos últimos discos). Vi o Science of Sleep ontem e cada vez gosto mais do Michel Gondry. Não consigo deixar de pensar no que o Charlie Kafuman faria se tivesse escrito o argumento, mas mesmo assim é óptimo. O próximo supostamente tem o Mos Def e o Jack Black como melhores amigos e, mesmo que eu pensasse muito - e acho que até já disse isto bastante veezs -, não arranjaria par melhor (por acaso há dois anos arranjaram, o Mos Def e o Elvis Costello, mas foi só um cameo no Talladega Nights).
quinta-feira, julho 12, 2007
Mas é necessário dizê-lo
Os Panic! At The Disco continuam a ser francamente maus, bem como os Gym Class Heroes, duas bandas que me fizeram inflacionar o preconceito contra os Fall Out Boy.
terça-feira, julho 10, 2007
My Chemical Romance e uns vídeos
Ouvi, finalmente, The Black Parade. Parece-me um bom disco, fácil de gostar, que não justifica, de todo, ódios desmesurados. Boas canções, boas melodias, óptimos singles - até aqueles de que não gostava não soam nada mal...adoro os Modest Mouse, são uma das minhas bandas favoritas dos anos 2000, desde o The Moon & Antarctica que têm uma sucessão de óptimos discos (também são só mais dois), inclusivamente o deste ano, com o Johnny Marr (guitarrista de uma das minhas bandas favoritas, que também parece ter influenciado os MCR). Há muita coisa por aqui que navega pelos mesmos campos, a temática da morte e tal, só que sem letras boas. Até há momentos que soam a Modest Mouse ("Mama" até parece uma do novo, o que, tendo em conta que este disco é de 2006, é estranho, até o que o tipo canta, "Mama, we're all gonna die", podia ser MM). O pior dos My Chemical Romance são as letras, quase sempre horríveis, mas, tirando isso, do swing de big band da primeira metade do século XX de "House of Wolves" às bandas de marcha de "Welcome to the Black Parade" (cada vez gosto mais da canção toda e não só do refrão e da ponte que quando se sobrepõem é magnífico), isto é manifestamente bom. Hoje vou ver se tento os Fall Out Boy, para continuar na minha descoberta desta gente.
Li no New York Times no próprio dia mas não liguei muito. Também acho que não acabei de ler, mas os Boredoms, em pleno dia do Live Earth (acho que só vi os Police com o Kanye West e o John Mayer, foi horrendo, e eu lembrava-me de os Police serem bons), fizeram um concerto grátis com 77 bateristas. 7/7/7, 77 bateristas. A lista é extensa e tem muita gente boa, como malta dos Gang Gang Dance, dos Oneida, dos Modest Mouse, dos Lightning Bolt, etc. Tudo boa gente de boas bandas daquela zona e de outras zonas. Até o Jim Black, que julgo já ter visto tocar com o Carlos Bica (faz parte da formação Azul), estava lá, a não ser que haja dois Jim Black bateristas, o que também é possível. O Andrew W.K., esse idiota, por amor de Deus, esteve lá, deve ter ido vestido de branco e feito um discurso no início, motivador do caraças. Há uns vídeos disso no YouTube e na Pitchfork, e isto parece-me muito bem, e muito menos chato do que devia ser (para chatice de bateristas, ouvir Bumps, a banda dos três bateristas de uma das melhores bandas do mundo, o Dan Bitney, o John McEntire e o John Herndon dos Tortoise).
Para continuar em vídeos da Pitchfork (há coisas muito boas no Forkcast, apesar de eu já não ler textos da Pitchfork há mesmo muito tempo), Girl Talk no festival de jazz de Montréal. O meu herói. Ele tem um suporte para o laptop e vai para o meio da rua fazer a festa. É criminoso ele nunca ter vindo cá. Criminoso.
Zach Hill, dos Hella, não foi um dos bateristas convidados pelos Boredoms, mas toca no disco da Marnie Stern, que é as Sleater-Kinney reencarnadas cruzadas com o Eddie Van Halen. Tapping hipnótico na guitarra, com boas canções. Cada vez gosto mais do disco, memso não ligando muito ao fim e à faixa em que ela descreve uma viagem. Nunca pensei muito nisso, fui ouvindo desde há uns meses, e tem coisas realmente boas. Também há uns vídeos bons no YouTube dela a tocar com ele agora que deixou de vez (e ainda bem) o IPod (ela tocava com um IPod em vez de um baterista). Este é o tipo de coisa que podia ir a Paredes de Coura, mas certamente que teremos duas ou três bandas que são a enésima "revitalização" do som "pop puro" dos "anos 80", ou seja, "o futuro", apesar de estarmos a quase um mês do festival e o cartaz não estar, de todo, fechado.
Li no New York Times no próprio dia mas não liguei muito. Também acho que não acabei de ler, mas os Boredoms, em pleno dia do Live Earth (acho que só vi os Police com o Kanye West e o John Mayer, foi horrendo, e eu lembrava-me de os Police serem bons), fizeram um concerto grátis com 77 bateristas. 7/7/7, 77 bateristas. A lista é extensa e tem muita gente boa, como malta dos Gang Gang Dance, dos Oneida, dos Modest Mouse, dos Lightning Bolt, etc. Tudo boa gente de boas bandas daquela zona e de outras zonas. Até o Jim Black, que julgo já ter visto tocar com o Carlos Bica (faz parte da formação Azul), estava lá, a não ser que haja dois Jim Black bateristas, o que também é possível. O Andrew W.K., esse idiota, por amor de Deus, esteve lá, deve ter ido vestido de branco e feito um discurso no início, motivador do caraças. Há uns vídeos disso no YouTube e na Pitchfork, e isto parece-me muito bem, e muito menos chato do que devia ser (para chatice de bateristas, ouvir Bumps, a banda dos três bateristas de uma das melhores bandas do mundo, o Dan Bitney, o John McEntire e o John Herndon dos Tortoise).
Para continuar em vídeos da Pitchfork (há coisas muito boas no Forkcast, apesar de eu já não ler textos da Pitchfork há mesmo muito tempo), Girl Talk no festival de jazz de Montréal. O meu herói. Ele tem um suporte para o laptop e vai para o meio da rua fazer a festa. É criminoso ele nunca ter vindo cá. Criminoso.
Zach Hill, dos Hella, não foi um dos bateristas convidados pelos Boredoms, mas toca no disco da Marnie Stern, que é as Sleater-Kinney reencarnadas cruzadas com o Eddie Van Halen. Tapping hipnótico na guitarra, com boas canções. Cada vez gosto mais do disco, memso não ligando muito ao fim e à faixa em que ela descreve uma viagem. Nunca pensei muito nisso, fui ouvindo desde há uns meses, e tem coisas realmente boas. Também há uns vídeos bons no YouTube dela a tocar com ele agora que deixou de vez (e ainda bem) o IPod (ela tocava com um IPod em vez de um baterista). Este é o tipo de coisa que podia ir a Paredes de Coura, mas certamente que teremos duas ou três bandas que são a enésima "revitalização" do som "pop puro" dos "anos 80", ou seja, "o futuro", apesar de estarmos a quase um mês do festival e o cartaz não estar, de todo, fechado.
segunda-feira, julho 09, 2007
It's a goddamned arms race
Há algum tempo, talvez há um ano, costumava pensar que todas as bandas de emo new school eram horrendas. Algumas são. Gym Class Heroes ainda é das piores bandas de sempre, que não haja dúvidas disso. E deve ter sido por causa deles que inflacionei o meu ódio pelos Fall Out Boy, visto serem protegidos dele. Nunca ouvi discos de nenhumas destas bandas, mas, pegando nos singles mais recentes dos My Chemical Romance, a partir de "Welcome to the Black Parade" e até "Teenagers", e no "This Ain't A Scene, It's an Arms Race" dos Fall Out Boy, há que admitir algumas coisas.
"Welcome to the Black Parade" tem duas partes óptimas, para além da guitarra à Queen que passa por todo o lado, o refrão "We'll carry on" é bastante bom e a ponte lá para o fim que se sobrepõe a ela também. O resto não é tão bom, mas também não é mau e essa espera vale muito a pena para chegar àquilo. "This Ain't a Scene" teve direito a uma remistura bastante má do Kanye West (eles são amigos do Jay-Z e até tiraram coisas do início do "Takeover": "The takeover, the break's over") e a canção, no geral, não é grande coisa. Tem algo a ver com o arranjo, a ponte (que é quase um primeiro refrão) poderia funcionar se estivesse tocado de outra forma, mas não funciona. O refrão com "I'm a leading man" é incrível, um óptimo momento pop para qualquer banda do mundo. Seria melhor se a letra fosse como a entendi da primeira vez que a ouvi, ou seja, "I'm a leading man, I'm so emo, I'm so intricate", mas não é (é "the lies I weave are so intricate, pelos vistos").
Estas bandas têm canções com partes muito boas e outras não tanto, e gostam bastante disso, de usar muitas partes diferentes, como se pertencessem a várias canções - podiam ser feitas várias canções a partir das várias partes -, e isto tem sempre resultados variáveis, havendo partes boas e partes más. Em "Teenagers", os My Chemical Romance apercebem-se de que seria impossível chegar ao nível do refrão e, portanto, a canção é basicamente a mesma melodia repetida, um pouco mais baixa e com uma ou outra alteração no verso e alta no refrão. E é gloriosa, um single óptimo, com um refrão extremamente cantarolável para muita gente (um singalong, como se diria em americano), que no fim até tem cowbell a marcar o tempo. "Teenagers scare the living shit out of me".
Claro, a maquilhagem e o baixista dos Fall Out Boy ainda são elementos a desprezar por qualquer pessoa do mundo, bem como as legiões de fãs de ambas as bandas. Mas parece-me que há aqui muito bons elementos, coisas que poderiam ser muito boas canções, e que esta gente não é, de todo, parva. Os Fall Out Boy parecem passar a vida a gozar com eles próprios, e, no geral, esta gente não se leva muito a sério. E ainda bem.
"Welcome to the Black Parade" tem duas partes óptimas, para além da guitarra à Queen que passa por todo o lado, o refrão "We'll carry on" é bastante bom e a ponte lá para o fim que se sobrepõe a ela também. O resto não é tão bom, mas também não é mau e essa espera vale muito a pena para chegar àquilo. "This Ain't a Scene" teve direito a uma remistura bastante má do Kanye West (eles são amigos do Jay-Z e até tiraram coisas do início do "Takeover": "The takeover, the break's over") e a canção, no geral, não é grande coisa. Tem algo a ver com o arranjo, a ponte (que é quase um primeiro refrão) poderia funcionar se estivesse tocado de outra forma, mas não funciona. O refrão com "I'm a leading man" é incrível, um óptimo momento pop para qualquer banda do mundo. Seria melhor se a letra fosse como a entendi da primeira vez que a ouvi, ou seja, "I'm a leading man, I'm so emo, I'm so intricate", mas não é (é "the lies I weave are so intricate, pelos vistos").
Estas bandas têm canções com partes muito boas e outras não tanto, e gostam bastante disso, de usar muitas partes diferentes, como se pertencessem a várias canções - podiam ser feitas várias canções a partir das várias partes -, e isto tem sempre resultados variáveis, havendo partes boas e partes más. Em "Teenagers", os My Chemical Romance apercebem-se de que seria impossível chegar ao nível do refrão e, portanto, a canção é basicamente a mesma melodia repetida, um pouco mais baixa e com uma ou outra alteração no verso e alta no refrão. E é gloriosa, um single óptimo, com um refrão extremamente cantarolável para muita gente (um singalong, como se diria em americano), que no fim até tem cowbell a marcar o tempo. "Teenagers scare the living shit out of me".
Claro, a maquilhagem e o baixista dos Fall Out Boy ainda são elementos a desprezar por qualquer pessoa do mundo, bem como as legiões de fãs de ambas as bandas. Mas parece-me que há aqui muito bons elementos, coisas que poderiam ser muito boas canções, e que esta gente não é, de todo, parva. Os Fall Out Boy parecem passar a vida a gozar com eles próprios, e, no geral, esta gente não se leva muito a sério. E ainda bem.
sexta-feira, julho 06, 2007
Um título que não refere o SBSR
Gosto muito da Beth Ditto. Ela tem pinta e tem uma boa coluna no Guardian ("What would Beth Ditto do?", em que responde a perguntas dos leitores e dá conselhos). Só não me peçam para gostar da música dos Gossip mais do que cinco minutos seguidos. É sempre a mesma coisa, uma versão do George Michael e outra da Aaliyah ficam bem, mas era interessante haver mais canções do que apenas aquela do "whoa-whoa-whoa".
Os TV On The Radio são a melhor banda do mundo a par dos Wilco e de mais algumas outras bandas e o Kyp Malone é a pessoa mais importante de sempre. Já vi coisas muito boas em 20 anos de vida, mas nada se compara à barba dele. A sério, é monumental, então agora que tem barba mais comprida que o cabelo. Nunca mais a faço. Sinceramente, são uma óptima banda ao vivo, mas preferia vê-los com mais tempo e talvez mais pica da parte deles. É bom, muito bom, mas não é excelente. Ainda assim, vale a pena lembrarem-se de que têm um EP de 2003 - "Young Liars" e "Satellite" funcionam estupidamente bem - e um disco de 2004. "Staring at Sun", o final, foi absolutamente perfeito, mesmo que a voz de Tunde Adebimpe não estivesse suficientemente alta, ou os teclados não se ouvissem e o som, no geral, estivesse mau.
Quem é que são os Scissor Sisters para além de uns tipos que tornaram uma canção foleira dos Pink Floyd em algo ainda mais foleiro mas finalmente divertido? Os Interpol têm umas cinco canções boas, quase todas do primeiro álbum, e um ou outro single interessante. Mais que isso é esticar muito, o que faz com um concerto deles, ainda por cima como cabeças de cartaz (ou não, na melhor hora, pronto), seja algo bastante aborrecido, tirando um outro momento. Voz interessante, alguns riffs giros, uma ou outra letra que fica na cabeça, mais nada. E quem é que são os Underworld para além de uns gajos que fizeram uma canção para o Trainspotting há mais de dez anos?
E com isto quebro a minha anti-cobertura do SBSR. Peço desculpa.
Os TV On The Radio são a melhor banda do mundo a par dos Wilco e de mais algumas outras bandas e o Kyp Malone é a pessoa mais importante de sempre. Já vi coisas muito boas em 20 anos de vida, mas nada se compara à barba dele. A sério, é monumental, então agora que tem barba mais comprida que o cabelo. Nunca mais a faço. Sinceramente, são uma óptima banda ao vivo, mas preferia vê-los com mais tempo e talvez mais pica da parte deles. É bom, muito bom, mas não é excelente. Ainda assim, vale a pena lembrarem-se de que têm um EP de 2003 - "Young Liars" e "Satellite" funcionam estupidamente bem - e um disco de 2004. "Staring at Sun", o final, foi absolutamente perfeito, mesmo que a voz de Tunde Adebimpe não estivesse suficientemente alta, ou os teclados não se ouvissem e o som, no geral, estivesse mau.
Quem é que são os Scissor Sisters para além de uns tipos que tornaram uma canção foleira dos Pink Floyd em algo ainda mais foleiro mas finalmente divertido? Os Interpol têm umas cinco canções boas, quase todas do primeiro álbum, e um ou outro single interessante. Mais que isso é esticar muito, o que faz com um concerto deles, ainda por cima como cabeças de cartaz (ou não, na melhor hora, pronto), seja algo bastante aborrecido, tirando um outro momento. Voz interessante, alguns riffs giros, uma ou outra letra que fica na cabeça, mais nada. E quem é que são os Underworld para além de uns gajos que fizeram uma canção para o Trainspotting há mais de dez anos?
E com isto quebro a minha anti-cobertura do SBSR. Peço desculpa.
quarta-feira, julho 04, 2007
Super Bock Super Rock, previsão para o segundo dia do segundo acto
Não, também não vou, mas há boas notícias: os Rapture foram cancelados. Antes de alguém sequer saber que os LCD Soundsystem existiam, há cinco anos, os Rapture eram uma banda de singles óptimos que ainda hoje são clássicos das pistas de dança. Quem disser que "House of Jealous Lovers" não é das melhores que James Murphy produziu está a mentir. Se os LCD Soundsystem nunca tivessem existido, esse disco dos Rapture - que não era, de todo, um grande disco do início ao fim, apesar disso - e a existência da DFA - especialmente das remisturas - garantiria ao James Murphy um lugar na música do início dos anos 2000. Claro que o segundo disco era aborrecido, tirando o single, e a pior coisa que o Danger Mouse produziu na vida, provavelmente. Tornaram-se tremendamente banais, sem terem capacidade para fazer uma coisa mais convencional. Mesmo assim, devem ser bons ao vivo, daí ser uma boa notícia.
O Sly Stone vai voltar e há uma reportagem de sete páginas na Vanity Fair de Agosto sobre isso. É do David Kamp, que passou anos e anos a tentar encontrá-lo. Tem o seguinte excerto, que não tem interesse musical absolutamente nenhum mas é bastante interessante:
The obvious allusion to the current war jars me, and I soon realize why: Stone has been absent from the scene for such a duration that it's hard to imagine that he was with us all along, experiencing all the things we experienced over the years—the fall of the Berlin Wall, the collapse of the Soviet Union, Nelson Mandela's release from prison, the rise of the World Wide Web, the attacks on 9/11, the invasion of Iraq. It's almost as if he went into a decades-long deep freeze, like Austin Powers or the astronauts in Planet of the Apes. Except he didn't. "Did you do normal-person things?" I ask about the missing years. "Did you watch Cheers in the 80s and Seinfeld in the 90s? Do you watch American Idol now? Do you have a normal life or more of a Sly Stone life?"
"I've done all that," he says. "I do regular things a lot. But it's probably more of a Sly Stone life. It's probably … it's probably not very normal."
É uma boa leitura, como costumam ser os artigos longos da Vanity Fair.
O Sly Stone vai voltar e há uma reportagem de sete páginas na Vanity Fair de Agosto sobre isso. É do David Kamp, que passou anos e anos a tentar encontrá-lo. Tem o seguinte excerto, que não tem interesse musical absolutamente nenhum mas é bastante interessante:
The obvious allusion to the current war jars me, and I soon realize why: Stone has been absent from the scene for such a duration that it's hard to imagine that he was with us all along, experiencing all the things we experienced over the years—the fall of the Berlin Wall, the collapse of the Soviet Union, Nelson Mandela's release from prison, the rise of the World Wide Web, the attacks on 9/11, the invasion of Iraq. It's almost as if he went into a decades-long deep freeze, like Austin Powers or the astronauts in Planet of the Apes. Except he didn't. "Did you do normal-person things?" I ask about the missing years. "Did you watch Cheers in the 80s and Seinfeld in the 90s? Do you watch American Idol now? Do you have a normal life or more of a Sly Stone life?"
"I've done all that," he says. "I do regular things a lot. But it's probably more of a Sly Stone life. It's probably … it's probably not very normal."
É uma boa leitura, como costumam ser os artigos longos da Vanity Fair.
Arcade Fire no Super Bock Super Rock, o rescaldo
Não, não, não e não. Achei que era um bom título, tendo em conta o dia e a hora, mas não estive lá. Estive lá em Paredes de Coura em 2005 e foi muito bom. Agora, pura e simplesmente, não me apeteceu. Seria, admito, bastante bom ver aquilo tudo, gosto do Neon Bible e gosto do Sound of Silver, portanto, em termos de bandas que já vi, seria bom repeti-las. Depois há o caso dos Jesus & Mary Chain, mas os irmãos Reid não têm 50 e tal anos e odeiam-se? Li uma reportagem no Guardian sobre isso, um deles vive nos EUA e tem um aparelho que faz com que comande a televisão da mãe. Deve ser divertido. Estarei lá, contudo, no último dia, e é basicamente isso.
Melhor que todas essas coisas há-de ser o melhor artigo do mundo. Encontrei-o e passei a noite a usufrir dele. Há muito que digo e penso que o YouTube tem uma função principal, que é a de ver vídeos dos Wu-Tang Clan e dos seus membros a solo. Não há mais nenhuma, é basicamente essa. É que há tantos e tantos que antes de aquilo se ter popularizado era horrível procurá-los. O YouTube veio, desta forma, a mudar completamente o mundo. Foi essa a grande revolução.
O artigo é da Urb e é um top dos 20 melhores vídeos do Clan. Se existe melhor maneira de passar uma noite, não a conheço. Ol' Dirty Bastard, como disse o RZA no VH1 Hip-hop Honors 2006, era a personificação da liberdade. Completamente chanfrado, idiota, mal-educado, basicamente uma pessoa muito má. Mas tal como outras pessoas muito, muito, muito más, um dos maiores entertainers de sempre.
É por isso que "Build Me Up", do Rhymefest, é a melhor canção do ano passado. Nem conta como canção, é basicamnete uma carta de Rhymefest para o Além, para perguntar ao Ol' Dirty como é que se conquista uma miúda. O refrão é apenas o ODB a cantar extremamente desafinado "Build Me Up" dos Foundations, canção em que todos os fãs de comédia do mundo pensam quando se fala do There's Something About Mary quando deviam pensar no Jonathan Richman. As oscilações da voz dele e a produção do Mark Ronson (génio, apesar do que fez aos Smiths, na minha mente o mundo organiza-se da seguinte forma: pode samplar-se e versionar-se tudo, menos os Smiths, muito menos com um gajo com um cabelinho daqueles a cantar) transformam-na numa coisa magnífica, algo que devia ter sido um single e um êxito em todo o mundo. Não conheço uma única pessoa (tirando a Joana) que consiga ouvi-la e detestar ou ficar-lhe indiferente. Essa canção e "Devil's Pie", do mesmo disco, do mesmo produtor, que sampla "Someday" dos Strokes, são das únicas canções que posso passar em sets e que toda a gente, mesmo que desconheça, adora.
Para além disto tudo, o Q-Tip vai rimar no novo disco do Clan, o que pode ou não ser uma coisa boa. Desde que engoliu mais balões de hélio que o 'Tip não faz grande coisa, ocupando-se a fazer êxitos internacionais com os Chemical Brothers e não chegando a lançar discos que têm coisas bastante boas como Kamaal The Abstract, mas que também têm música abjecta que envergonha todo o seu passado dos A Tribe Called Quest. Espero que o 'Tip não faça nada de errado, é daquelas pessoas que não deviam errar.
Melhor que todas essas coisas há-de ser o melhor artigo do mundo. Encontrei-o e passei a noite a usufrir dele. Há muito que digo e penso que o YouTube tem uma função principal, que é a de ver vídeos dos Wu-Tang Clan e dos seus membros a solo. Não há mais nenhuma, é basicamente essa. É que há tantos e tantos que antes de aquilo se ter popularizado era horrível procurá-los. O YouTube veio, desta forma, a mudar completamente o mundo. Foi essa a grande revolução.
O artigo é da Urb e é um top dos 20 melhores vídeos do Clan. Se existe melhor maneira de passar uma noite, não a conheço. Ol' Dirty Bastard, como disse o RZA no VH1 Hip-hop Honors 2006, era a personificação da liberdade. Completamente chanfrado, idiota, mal-educado, basicamente uma pessoa muito má. Mas tal como outras pessoas muito, muito, muito más, um dos maiores entertainers de sempre.
É por isso que "Build Me Up", do Rhymefest, é a melhor canção do ano passado. Nem conta como canção, é basicamnete uma carta de Rhymefest para o Além, para perguntar ao Ol' Dirty como é que se conquista uma miúda. O refrão é apenas o ODB a cantar extremamente desafinado "Build Me Up" dos Foundations, canção em que todos os fãs de comédia do mundo pensam quando se fala do There's Something About Mary quando deviam pensar no Jonathan Richman. As oscilações da voz dele e a produção do Mark Ronson (génio, apesar do que fez aos Smiths, na minha mente o mundo organiza-se da seguinte forma: pode samplar-se e versionar-se tudo, menos os Smiths, muito menos com um gajo com um cabelinho daqueles a cantar) transformam-na numa coisa magnífica, algo que devia ter sido um single e um êxito em todo o mundo. Não conheço uma única pessoa (tirando a Joana) que consiga ouvi-la e detestar ou ficar-lhe indiferente. Essa canção e "Devil's Pie", do mesmo disco, do mesmo produtor, que sampla "Someday" dos Strokes, são das únicas canções que posso passar em sets e que toda a gente, mesmo que desconheça, adora.
Para além disto tudo, o Q-Tip vai rimar no novo disco do Clan, o que pode ou não ser uma coisa boa. Desde que engoliu mais balões de hélio que o 'Tip não faz grande coisa, ocupando-se a fazer êxitos internacionais com os Chemical Brothers e não chegando a lançar discos que têm coisas bastante boas como Kamaal The Abstract, mas que também têm música abjecta que envergonha todo o seu passado dos A Tribe Called Quest. Espero que o 'Tip não faça nada de errado, é daquelas pessoas que não deviam errar.
segunda-feira, julho 02, 2007
Yippee-ki-yay, motherfucker!
Die Hard. Fui vê-lo hoje e devo tecer breves considerações: o Justin Long é um coninhas; o Bruce Willis devia voltar ao wife-beater, devia haver mais cinquentões de wife-beater; os ingleses a fazer de alemães são os melhores vilões de todos os filmes e é impossível dar a volta a isso (a sério, Alan Rickman e Jeremy Irons, é impossível, Timothy Olyphant é mediano e do outro gajo que é guarda prisional naquele filme horrível em que o Sylvester Stallone é preso e o Donald Sutherland é o mau e este gajo sorri para ele no fim quando ele se vai embora pela primeira vez na vida e afinal é o mau que finge ser bom no 2); o Kevin Smith é o maior (gosto da maior parte dos filmes dele, mesmo sabendo que não são grande coisa e tendo eles coisas realmente estúpidas e parvas); há momentos de acção que suscitam sustos genuínos; tem o melhor "Yippee-ki-yay" de sempre. A destruição pura de tudo o que está à sua volta é algo belíssimo, especialmente quando um avião tenta matar John McClane que está a guiar um camião e vai destruíndo um viaduto que cai à medida que McClane passa. No outro dia no Guardian vinha um artigo sobre os danos materiais de Willis ao longo de toda a saga. Quem é que paga tudo?
domingo, julho 01, 2007
Girl Talk remistura Of Montreal ou como fazer do lançamento de um mp3 gratuito um acontecimento
Como alguém que já me tiver lido nalgum lado sabe certamente, Gregg Gillis é o meu herói pessoal. Um set ou um disco dele é basicamente uma grande parte do meu gosto musical num só sítio. O que ele faz com as canções dos outros é algo divinal, pega nas suas melhores partes e junta-as, sobrepõe-nas, de uma maneira que não é a mesma usada pelos produtores de hip-hop normal nem pelos produtores de hip-hop instrumental. Clássicos? "Juicy" do Notorious B.I.G. por cima do piano de "Tiny Dancer" do Elton John. "My Neck, My Back" da Khia por cima do piano de "Right Here Waiting" do Richard Marx ("Non-Stop Party Right Now", do seu disco Unstoppable, continua a ser um das coisas mais bem conseguidas de Girl Talk). E "Holland 1945" dos Neutral Milk Hotel alternado com "There It Go (The Whistle Song)" do Juelz Santana. É só o "1, 2, 1, 2, 3, 4" do Jeff Mangum e o assobio, mas chega e sobra para me pôr aos saltos. E, por falar em bandas Elephant 6, Gregg Gillis vai fazer uma remistura de "Gronelandic Edit" do último disco dos Of Montreal. Isto vinha na Pitchfork sexta-feira, só reparei agora.
É uma maneira óptima, num momento em que isso se perdeu completamente, de antecipar um lançamento que não é bem um lançamento. Toda a gente diz que, neste mundo de leaks e em que tudo está acessível a quem quiser, se perdeu a espera por um lançamento, por um disco. O último disco que me lembro de esperar realmente para ir comprar foi Midnite Vultures do Beck em 1999, quando tinha 12 anos. Depois fiquei desiludido porque para aí uma semana após isto acontecer descobri que havia uma edição em digipak, mais catita, mas, tendo em conta o tempo que já passou, acho que fiquei mais bem servido. Hoje em dia, se tivesse optado pelo digipak, já se teria deteriorado totalmente. Mas isso nunca fez parte da minha vida. Até certo ponto, é possível argumentar que se espera por um leak ansiosamente. Ou que se espera que um disco chegue pelo correio, como o último de Old Jerusalem ou o último do Sam The Kid, só acessível desta forma e neste contexto a quem recebe promos, ou o último do Dizzee Rascal, que encomendei. Mas esperar por um mp3 que aparecerá num site gratuitamente é algo que não acontece muito.
Gregg Gillis não é só o mestre dos mash-ups-canções, também é um remisturador incrível. "Let's Call it Off", dos Peter, Bjorn and John, era originalmente uma boa canção presa num arranjo sub-Yo La Tengo banal e até por vezes irritante. Nas mãos de Gillis - que tem um projecto para remisturas chamado Trey Told'Em, mas parece só usá-lo para melhorar canções de bandas desinteressantes como os Tokyo Police Club -, transformou-se num dos melhores singles do ano (ou do ano passado), com o melhor uso de steel drums desde "Wamp Wamp (What it Do)" dos Clipse e algo que devia ser um clássico das pistas de dança de todo o mundo. É por isso que não posso esperar pela remistura dos Of Montreal, cujo Hissing Fauna, Are You The Destroyer? parece ser o primeiro disco deles distribuídos cá e o mais recente numa sucessão absolutamente delirante de discos pop perfeitos que dura desde o Satanic Panic in the Attic de 2004, quando Kevin Barnes percebeu bem o que tinha a fazer, que não eram só canções perfeitas, eram também os arranjos perfeitos, o funk, os baixos e os falsetes.
É uma maneira óptima, num momento em que isso se perdeu completamente, de antecipar um lançamento que não é bem um lançamento. Toda a gente diz que, neste mundo de leaks e em que tudo está acessível a quem quiser, se perdeu a espera por um lançamento, por um disco. O último disco que me lembro de esperar realmente para ir comprar foi Midnite Vultures do Beck em 1999, quando tinha 12 anos. Depois fiquei desiludido porque para aí uma semana após isto acontecer descobri que havia uma edição em digipak, mais catita, mas, tendo em conta o tempo que já passou, acho que fiquei mais bem servido. Hoje em dia, se tivesse optado pelo digipak, já se teria deteriorado totalmente. Mas isso nunca fez parte da minha vida. Até certo ponto, é possível argumentar que se espera por um leak ansiosamente. Ou que se espera que um disco chegue pelo correio, como o último de Old Jerusalem ou o último do Sam The Kid, só acessível desta forma e neste contexto a quem recebe promos, ou o último do Dizzee Rascal, que encomendei. Mas esperar por um mp3 que aparecerá num site gratuitamente é algo que não acontece muito.
Gregg Gillis não é só o mestre dos mash-ups-canções, também é um remisturador incrível. "Let's Call it Off", dos Peter, Bjorn and John, era originalmente uma boa canção presa num arranjo sub-Yo La Tengo banal e até por vezes irritante. Nas mãos de Gillis - que tem um projecto para remisturas chamado Trey Told'Em, mas parece só usá-lo para melhorar canções de bandas desinteressantes como os Tokyo Police Club -, transformou-se num dos melhores singles do ano (ou do ano passado), com o melhor uso de steel drums desde "Wamp Wamp (What it Do)" dos Clipse e algo que devia ser um clássico das pistas de dança de todo o mundo. É por isso que não posso esperar pela remistura dos Of Montreal, cujo Hissing Fauna, Are You The Destroyer? parece ser o primeiro disco deles distribuídos cá e o mais recente numa sucessão absolutamente delirante de discos pop perfeitos que dura desde o Satanic Panic in the Attic de 2004, quando Kevin Barnes percebeu bem o que tinha a fazer, que não eram só canções perfeitas, eram também os arranjos perfeitos, o funk, os baixos e os falsetes.
sexta-feira, junho 29, 2007
The sheriff is a nigger!
O meu irmão conhece um tipo, ou conheceu-o um dia, ou conheceu-o uma noite, que sabe de cor os aniversários de todas as celebridades apenas por ver o IMDB todos os dias no trabalho. Não sabe, contudo, aniversários de Agosto, porque está de férias. Como é que ele fará aos fins-de-semana? Descobre no ano a seguir? Dois anos depois? É um mistério interessante. Talvez nem sequer tenha conhecido ninguém assim. Talvez estivesse bêbedo. Talvez o tenha imaginado. Talvez o tenha inventado para me contar para ser mais divertido. De qualquer forma, não é boa ideia dar a entender que o meu irmão é alcoólico. Não é. Nem eu. Tudo isto porque abri o IMDB e na primeira página descobri que o Mel Brooks fez anos ontem (ainda é ontem nos EUA) e porque me lembrei disto. Também gostava de andar pelo velho Oeste e cumprimentar o Count Basie. Deve ser divertido.
quarta-feira, junho 27, 2007
Gordon Jones
Sempre disse isto, mas hoje faz mais sentido. O Gordon Brown, o novo primeiro-ministro inglês, é igualzinho ao Terry Jones dos Monty Python.
Seth Rogen
Interrompi o meu estudo por motivos de força maior. O Seth Rogen estava a ser entrevistado pelo Conan O'Brien e uma coisa dessas não se perde. Sempre o adorei desde que o vi há uns 5/6 anos pela primeira vez no Freaks & Geeks, uma das minhas séries favoritas de sempre. Depois também apareceu no Undeclared e em praticamente tudo o que o Judd Apatow fez desde essa primeira série. Espero que Knocked Up seja um clássico, visto ter o Judd Apatow em muito boa conta, mesmo tendo sido ele responsável pelo Cable Guy e por aquele filme em que o Dan Aykroyd e o Daniel Stern raptam o Damon Wayans. Quero lá saber se é arte ou não, o homem é um génio cómico. Os dois homens são génios cómicos. O Seth Rogen é, como todas as pessoas famosas deviam ser, amigo do RZA e usa uma t-shirt do Liquid Swords do GZA no 40 Year Old Virgin. Para além disso, é gordo, usa óculos de massa e costuma ter barba. É fisicamente impossível não adorá-lo.
terça-feira, junho 26, 2007
Dizzee Rascal
"Pussy'ole (oldskool)" e "Sirens" são das melhores malhas do ano. Sem dúvida. A primeira tem o "woo yeah" de "It Takes Two", o mega-clássico de Rob Base & DJ E-Z Rock, e isso só pode ser bom, soando definitivamente a 2007. "Sirens" é demasiada estranha para ser a resposta inglesa ao "99 Problems" do Jay-Z (o disco do Kano, Home Sweet Home, de 2005, tinha várias, até samplava Black Sabbath, por amor de Deus!). Mas funciona muito bem, até as guitarras chungas são boas. E é um deleite ouvir a Lily Allen a cantar "So you wanna be a gangsta..." em "Wanna Be". É por isto que ter recebido o disco no correio na semana passada foi um óptimo acontecimento, especialmente numa altura em que, através do vício do MBNet, chegam discos todos os dias. E eu nunca gostei de grime nem nunca liguei muito ao Dizzee Rascal. Ele tem a idade do meu irmão, ainda por cima. Claro que há coisas muito parvas, como "Suk My Dick" (podia jurar que havia uma canção do Eminem - um dos meus ódios pessoais - com exactamente o mesmo tema, e já aí não tinha piada nenhuma), e um drum'n'bass que não serve para nada, só para ouvir o flow dele lá por cima e para o sample de voz feminina aqui e ali em "Da Feelin'", com umas sirenes que ficam mal e felizmente não aparecem em "Sirens". A par do I'll Sleep When You're Dead do El-P, Maths + English é o meu disco de hip-hop do futuro favorito de 2007.
segunda-feira, junho 25, 2007
Now, usually I don't do this, but...
Alguém fez a seguinte pesquisa no Google: "quero saber se o akon morreu ou não". Eu também gostava imenso de saber e que a resposta não fosse "não".
terça-feira, junho 19, 2007
Ear Drum
E, por falar nos UGK ("Country Cousins" é grande), há uma faixa do novo do Talib Kweli produzida pelo Just Blaze - que tem um blog novo, linkado aí à direita, onde mostra que é um geek do caraças, tendo em conta que foi o homem que produziu o "Girls, Girls, Girls" do Jay-Z - que sampla a mesma canção que "Rock Co.Kane Flow", produção do Jake One para os De La Soul com o MF Doom. A canção é dos Space e chama-se "Deliverance". Para confirmar aqui. É boa, mas "Rock Co.Kane Flow" é um clássico moderno que devia ser muito mais valorizado, mesmo dois anos depois de ter sido lançado. Aqui a dança do robot é incrível.
Single do ano
UGK e Outkast - Int'l Players Anthem
Uma delícia. O sample do Willie Hutch que pouco muda, que os produtores até já usaram antes noutro artista, o verso inicial do Andre 3000, o vídeo, em que os UGK e um dos Three 6 Mafia gozam com o kilt dele...absolutamente perfeito. Meditação sobre o deixar de ser um player com o casamento, sempre pela perspectiva altamente machista e misógina, que não consegue alterar em nada a enormidade da canção. "Easy as A-B-C, simple as 1-2-3, get down with UGK, Pimp C B-U-N B." Underground Kingz vai ser grande, tendo em conta estes metais, este falsete, estes versos e a melhor canção pop do ano não ter sequer um refrão. Pergunta ao Paul McCartney se não acreditares.
Uma delícia. O sample do Willie Hutch que pouco muda, que os produtores até já usaram antes noutro artista, o verso inicial do Andre 3000, o vídeo, em que os UGK e um dos Three 6 Mafia gozam com o kilt dele...absolutamente perfeito. Meditação sobre o deixar de ser um player com o casamento, sempre pela perspectiva altamente machista e misógina, que não consegue alterar em nada a enormidade da canção. "Easy as A-B-C, simple as 1-2-3, get down with UGK, Pimp C B-U-N B." Underground Kingz vai ser grande, tendo em conta estes metais, este falsete, estes versos e a melhor canção pop do ano não ter sequer um refrão. Pergunta ao Paul McCartney se não acreditares.
segunda-feira, junho 18, 2007
Primavera fora do tempo
Fui ao Primavera Sound. Tinha pensado fazer uns desenhos, mas isso nunca chegou a ser acabado. Paciência. Vi dezenas de bandas, com um cartaz incrível num país aqui ao lado que nunca poderia existir por cá. E quem disser "Paredes de Coura" está a milhas de distância do que aquilo é. Claro que há vários problemas: as sobreposições, tanto de horários como de som, o som propaga-se entre os vários palcos, tornando muitos concertos piores com tanta interferência; as filas; ou a cerveja a 3 euros, quando um pack de 12 cervejas de 25 cl da mesma marca que patrocina o festival custa 4 euros em qualquer supermercado de Barcelona.
Tive várias lutas internas, especialmente as seguintes: ver Grizzly Bear até ao fim vs. ver Wilco do princípio; ver Battles vs. ver os Sonic Youth a tocar o Daydream Nation do início ao fim. Na primeira luta, entre a minha banda favorita de 2006 e a minha banda favorita de sempre, ganharam os Wilco. Vi metade dos Grizzly Bear, que, depois de um começo francamente mau, entraram nos eixos. No dia anterior tinha-os visto a serem impedidos de entrar no backstage do palco em que iam tocar, uma coisa incompreensível. Na segunda luta não precisou de ganhar ninguém. Os Klaxons cancelaram e os responsáveis pelo festival perceberam que seria um erro tremendo sobrepôr Battles e Sonic Youth, tendo os Battles passado para a hora dos Klaxons. Afinal os Klaxons servem para alguma coisa.
No dia mundial sem tabaco, dentro de um autocarro fechado e cheio de gente, vi uma idiota alcoolizada e irritante que não se calava - palavras altíssimas como "bissexual" saíam daquela boca -, na companhia de um totó e um de um tipo com ar de ex-presidiário, fumar. Ninguém fez nada. Adorava ter denunciado a situação ao motorista, a multa parecia ser grande, mas um dos tipos tinha ar de ex-presidiário e eu sou um menino. As proibições de fumo dos sítios não são respeitadas. Espanha não é um país mais civilizado que Portugal. Também no Apolo, onde é proibido fumar, as pessoas fumam sem problemas, só um ou outro segurança é que implica. Se existe proibição de fumar, por que não fazer cumpri-la? Expulsava-se as pessoas ao segundo aviso, não? Uma das maiores desilusões da minha vida foi ter visto o sinal de proibição de fumar e depois este não ter sido cumprido. Pensar que "finalmente..." e sair tremendamente desiludido.
As filas para o Auditorium eram horríveis, de 20 minutos, e chegar lá à hora, ou pouco antes da hora marcada dos concertos era sinónimo de perder 15 minutos do concerto ou mais. No Jonathan Richman a espera foi curta, talvez só tenha perdido 5 minutos, mas ele só tocou 30, o que incompreensível para alguém que tem uma obra tão vasta, com centenas de canções e uma boa parte delas ainda por cima em espanhol. Mas é um sítio bonito e deu para ver um coro gospel a incorporar "I Can't Help Falling in Love With You" do Elvis Presley em "Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space" dos Spiritualized, como acontecia na primeira versão do disco, antes da família do senhor ter proibido isso.
Girl Talk tem todas as melhores malhas do mundo, os saltos, as palmas e todos os passos de dança, e é das melhores coisas que já vi na vida. E não passa de um tipo em frente ao computador. Se este gajo nunca vier cá a Lisboa alguém tem de pagar. Unstoppable e Night Ripper são clássicos modernos e são estupidamente bons. Fiquei contente por ver o Johnny Marr com os Modest Mouse, por ver o Jeff Tweedy, e muito mais coisas. E duas semanas depois ainda penso nisso, apetece-me repetir os Of Montreal no Sudoeste e os Sonic Youth em Paredes de Coura.
Tive várias lutas internas, especialmente as seguintes: ver Grizzly Bear até ao fim vs. ver Wilco do princípio; ver Battles vs. ver os Sonic Youth a tocar o Daydream Nation do início ao fim. Na primeira luta, entre a minha banda favorita de 2006 e a minha banda favorita de sempre, ganharam os Wilco. Vi metade dos Grizzly Bear, que, depois de um começo francamente mau, entraram nos eixos. No dia anterior tinha-os visto a serem impedidos de entrar no backstage do palco em que iam tocar, uma coisa incompreensível. Na segunda luta não precisou de ganhar ninguém. Os Klaxons cancelaram e os responsáveis pelo festival perceberam que seria um erro tremendo sobrepôr Battles e Sonic Youth, tendo os Battles passado para a hora dos Klaxons. Afinal os Klaxons servem para alguma coisa.
No dia mundial sem tabaco, dentro de um autocarro fechado e cheio de gente, vi uma idiota alcoolizada e irritante que não se calava - palavras altíssimas como "bissexual" saíam daquela boca -, na companhia de um totó e um de um tipo com ar de ex-presidiário, fumar. Ninguém fez nada. Adorava ter denunciado a situação ao motorista, a multa parecia ser grande, mas um dos tipos tinha ar de ex-presidiário e eu sou um menino. As proibições de fumo dos sítios não são respeitadas. Espanha não é um país mais civilizado que Portugal. Também no Apolo, onde é proibido fumar, as pessoas fumam sem problemas, só um ou outro segurança é que implica. Se existe proibição de fumar, por que não fazer cumpri-la? Expulsava-se as pessoas ao segundo aviso, não? Uma das maiores desilusões da minha vida foi ter visto o sinal de proibição de fumar e depois este não ter sido cumprido. Pensar que "finalmente..." e sair tremendamente desiludido.
As filas para o Auditorium eram horríveis, de 20 minutos, e chegar lá à hora, ou pouco antes da hora marcada dos concertos era sinónimo de perder 15 minutos do concerto ou mais. No Jonathan Richman a espera foi curta, talvez só tenha perdido 5 minutos, mas ele só tocou 30, o que incompreensível para alguém que tem uma obra tão vasta, com centenas de canções e uma boa parte delas ainda por cima em espanhol. Mas é um sítio bonito e deu para ver um coro gospel a incorporar "I Can't Help Falling in Love With You" do Elvis Presley em "Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space" dos Spiritualized, como acontecia na primeira versão do disco, antes da família do senhor ter proibido isso.
Girl Talk tem todas as melhores malhas do mundo, os saltos, as palmas e todos os passos de dança, e é das melhores coisas que já vi na vida. E não passa de um tipo em frente ao computador. Se este gajo nunca vier cá a Lisboa alguém tem de pagar. Unstoppable e Night Ripper são clássicos modernos e são estupidamente bons. Fiquei contente por ver o Johnny Marr com os Modest Mouse, por ver o Jeff Tweedy, e muito mais coisas. E duas semanas depois ainda penso nisso, apetece-me repetir os Of Montreal no Sudoeste e os Sonic Youth em Paredes de Coura.
segunda-feira, maio 28, 2007
Lupe Fiasco
Tem uma nova canção. Chama-se "US Players" e sampla "The Eraser" do Thom Yorke, do disco com o mesmo nome do ano passado. As primeiras palavras citam Good Charlotte e isso nunca é boa ideia. Tem o Kanye West e o Pharrell, o primeiro que nos seus discos consegue às vezes ser um rapper interessante, o segundo que não conseguiria nem que a sua vida dependesse disso. O beat não altera absolutamente nada da canção e basicamente só me lembro do Kanye West a falar do MySpace uma ou outra vez como todos os outros rappers do mundo em 2006/2007. "The Eraser" é uma canção óptima, "US Placers" não é uma coisa abjecta, mas também não parece servir para nada. Pelo menos é melhor que "Can't Tell Me Nothing", o novo single de West. Está disponível na Spine Magazine.
quarta-feira, maio 09, 2007
Clássico
Toda esta semana, The Non-Definitive Guide to Character Actors na Stylus. Espero ver na lista os meus favoritos desde sempre, mesmo que já tenham subido muito na carreira, como o Philip Seymour Hoffman, o John C. Reilly, o Forest Whitaker, o Don Cheadle, o William H. Macy e toda a gente dos filmes com muita gente do Robert Altman, do Steven Soderbergh e do Paul Thomas Anderson, só para dizer alguns.
segunda-feira, abril 30, 2007
Best Albino
É capa do Village Voice esta semana, numa reportagem óptima. Victor Varnado é um albino negro comediante. Pérolas como as que se seguem podem ser encontradas aqui.
"I am a black albino, though, ladies. You know what I'm talking about: All the benefits of being black without the disappointed looks from your parents," he continues.
"Race and racism is so arbitrary," he says. "Sometimes people see me and they think I'm 'acting black.' Once, I was in a secondhand clothing store with one of my friends and commenting on the fashion, joking: 'I need baggy pants and long T-shirts—what rappers might wear.' And this white woman came up to me and said: 'I really find what you're saying offensive.' And then I said, 'I'm black,' and she was like, 'OK. It's fine.' Then she walked away."
"I am a black albino, though, ladies. You know what I'm talking about: All the benefits of being black without the disappointed looks from your parents," he continues.
"Race and racism is so arbitrary," he says. "Sometimes people see me and they think I'm 'acting black.' Once, I was in a secondhand clothing store with one of my friends and commenting on the fashion, joking: 'I need baggy pants and long T-shirts—what rappers might wear.' And this white woman came up to me and said: 'I really find what you're saying offensive.' And then I said, 'I'm black,' and she was like, 'OK. It's fine.' Then she walked away."
quinta-feira, abril 26, 2007
Ladies Love Cool R, but do Ladies Love Guitar Hero?
Afinal de contas, isto chama-se "Ladies Love Cool R", portanto, Rob Harvilla no Village Voice sobre se jogar Guitar Hero - há noites em bares com concursos disso - atrai ou não membros do sexo oposto.
sexta-feira, abril 20, 2007
The Trio
Não sei porquê, mas em termos de comédias ou de aparentados, algo me diz que gostarei bastante de três filmes este ano: Grindhouse, Hot Fuzz e Blades of Glory.
O primeiro estreará cá em dupla dose, o que é uma ideia estúpida e não o verei certamente separado, ainda por cima sem os trailers do início. Passei muita da minha infância a saber de cor quase todas as falas de Desperado do Robert Rodriguez e a saber a história toda do Bruce Willis no Pulp Fiction muito antes de ter visto o filme. Claro que, hoje em dia, sei que o mérito está todo no Tarantino e não no Rodriguez, mas não é como se o Rodriguez não fizesse bom entretenimento. Até o raio do Once Upon a Time in Mexico diverte, estava a passar na televisão no outro dia. E o último projecto deles juntos - sem contarmos Sin City, o único filme realmente bom do Rodriguez que vi, em que Tarantino realizou uma cena que eu nem sei qual foi -, From Dusk Til Dawn, é um óptimo filme de zombies e tem o Harvey Keitel a fazer de padre, o que é sempre positivo. Tenho a certeza que vou gostar de ver o Sayid do Lost e o Rico do Six Feet Under a matar o que quer que seja que eles matam no filme, bem como a Rose McGowan com uma perna de metrelhadora, porque é o tipo de coisa de que se gosta.
O que me leva de volta aos zombies. Adorei o Shaun of The Dead, basicamente porque é um filme de zombies tremendamente inteligente e cheio de piada e quando eles atiram discos do Prince aos zombies é das melhores coisas que saíram de Inglaterra nos anos 2000. E não há maneira de o Hot Fuzz não ser bom. É um filme de acção passado numa cidadezinha de Inglaterra com explosões e muita pompa tirada de coisas como a saga do Lethal Weapon e tal. Não pode falhar, e ainda por cima o Edgar Wright faz um dos dois trailers que aparecem antes do Grindhouse como filme e que nunca passará cá em sala. O Simon Pegg é um génio cómico e essas coisas todas.
O Blades of Glory parte da premissa "Let's kick some ice" para juntar Will Ferrell e Jon Heder no primeiro duo masculino de patinagem artística. É a mesma história de sempre dos filmes do Ferrell mas que funciona sempre. As piadas parecem ser inteligentes e fugir a muitos clichés normais quando esperamos que elas sejam previsíveis e não o são no último segundo. Também tem o Will Arnett e a mulher dele, a Amy Poehler, a fazer de irmãos casados.
Não há maneira possível de isto falhar.
O primeiro estreará cá em dupla dose, o que é uma ideia estúpida e não o verei certamente separado, ainda por cima sem os trailers do início. Passei muita da minha infância a saber de cor quase todas as falas de Desperado do Robert Rodriguez e a saber a história toda do Bruce Willis no Pulp Fiction muito antes de ter visto o filme. Claro que, hoje em dia, sei que o mérito está todo no Tarantino e não no Rodriguez, mas não é como se o Rodriguez não fizesse bom entretenimento. Até o raio do Once Upon a Time in Mexico diverte, estava a passar na televisão no outro dia. E o último projecto deles juntos - sem contarmos Sin City, o único filme realmente bom do Rodriguez que vi, em que Tarantino realizou uma cena que eu nem sei qual foi -, From Dusk Til Dawn, é um óptimo filme de zombies e tem o Harvey Keitel a fazer de padre, o que é sempre positivo. Tenho a certeza que vou gostar de ver o Sayid do Lost e o Rico do Six Feet Under a matar o que quer que seja que eles matam no filme, bem como a Rose McGowan com uma perna de metrelhadora, porque é o tipo de coisa de que se gosta.
O que me leva de volta aos zombies. Adorei o Shaun of The Dead, basicamente porque é um filme de zombies tremendamente inteligente e cheio de piada e quando eles atiram discos do Prince aos zombies é das melhores coisas que saíram de Inglaterra nos anos 2000. E não há maneira de o Hot Fuzz não ser bom. É um filme de acção passado numa cidadezinha de Inglaterra com explosões e muita pompa tirada de coisas como a saga do Lethal Weapon e tal. Não pode falhar, e ainda por cima o Edgar Wright faz um dos dois trailers que aparecem antes do Grindhouse como filme e que nunca passará cá em sala. O Simon Pegg é um génio cómico e essas coisas todas.
O Blades of Glory parte da premissa "Let's kick some ice" para juntar Will Ferrell e Jon Heder no primeiro duo masculino de patinagem artística. É a mesma história de sempre dos filmes do Ferrell mas que funciona sempre. As piadas parecem ser inteligentes e fugir a muitos clichés normais quando esperamos que elas sejam previsíveis e não o são no último segundo. Também tem o Will Arnett e a mulher dele, a Amy Poehler, a fazer de irmãos casados.
Não há maneira possível de isto falhar.
sexta-feira, abril 13, 2007
A melhor banda do mundo
A melhor banda do mundo volta para o mês que vem mas já há um vídeo deles a tocar "Hate it Here" ao vivo no loft de Chicago onde gravam os discos e ensaiam e essas coisas todas. Está aqui e soam bem como tudo, como se Nels Cline sempre tivesse feito parte da banda e como se nunca tivessem saído mil membros desde que esta começou. É essa a chave de tudo. Mesmo que este último disco pareça não ter a mãozinha do Jim O'Rourke, tem óptimas canções que seguem quase sempre a estrutura canção normal e depois solo e às vezes canção outra vez. Só que uma "canção normal" é imenso vindo de quem vem, e o Jeff Tweedy nunca deve ter escrito uma realmente má desde que lançou o A.M.. Então é tudo mais ou menos normal, sem grandes artifícios de produção, e depois gloriosos solos. E, de alguma forma, eles conseguem ser bem sucedidos nisso. Parece ser um disco de rompimento de uma relação ou algo parecido, tendo todas as canções a ver com a saída de cena da amada, se é verdade, se não, não quero saber, já ninguém fazia um disco tão bom a partir disso desde o Get Lonely dos Mountain Goats.
quinta-feira, abril 12, 2007
Panda Bera
4Taste, 4Real
E a Joana - que gosta da camisola - diz que aquilo é feito em fábrica. Assusta-me saber que alguém desenhou isso e depois alguém disse "é uma boa ideia, vamos fazer muitas".
domingo, abril 01, 2007
Don't quit your day job!
É o que o Consequence diz. O problema é que ele devia seguir o próprio conselho. Gosto da voz dele, sempre gostei, mas não aguento um álbum inteiro daquilo. As cenas com os A Tribe Called Quest, a nova vida nos dois discos do Kanye West, até aí tudo bem. Há coisas giras em Don't Quit Your Day Job!, mas é uma desilusão porque se torna tudo demasiado enfadonho e igual. É o primeiro disco do Kanye outra vez sem os convidados todos e as outras vozes e as produções magistrais e as canções enormes. Não que não tenha piada aqui e ali, mas, sinceramente, não me apetece.
Português/brasileiro
No AV Club do Onion há uma secção recorrente chamada "Random Rules". Para além de tirar o nome de uma canção óptima dos Silver Jews, tem celebridades a mostrar os conteúdos dos seus I-Pods, partindo do princípio básico de que toda a gente famosa tem um. Entre outras coisas, descobre-se que o Paul Rudd, que já foi um tipo irritante nos anos 90 e agora tem andado metido com a pandilha toda do Judd Apatow e essa gente que faz comédias divertidas e assim, é fã de Neutral Milk Hotel. E muitas outras coisas. Mas numa edição com o guitarrista dos Explosions in the Sky, surge isto:
Chico Buarque, "Acalanto"
MR: I want to say he's from Brazil, but he might be from Portugal. I'm just a sucker for melody in any respect. There's no one particular genre of music that I'm listening to, so whenever I hear something, even if it's in a foreign language, and it's got that hook, I'm looking for it. We played a few shows in Portugal a couple years ago, and whoever was driving us around in the car was playing Chico Buarque's record, and I'm like, "Who is this?" It was our friend Rodrigo, who's in the Spanish band Migala. When I voiced an interest in it, just out of the kindness of his heart, he gave me the record.
É a primeira vez que vejo isto acontecer. Interessante. E a melhor coisa de 2007 é a coluna semanal do Rob Corddry no Suicide Girls (e eu que pensava que aquilo servia outros propósitos).
Chico Buarque, "Acalanto"
MR: I want to say he's from Brazil, but he might be from Portugal. I'm just a sucker for melody in any respect. There's no one particular genre of music that I'm listening to, so whenever I hear something, even if it's in a foreign language, and it's got that hook, I'm looking for it. We played a few shows in Portugal a couple years ago, and whoever was driving us around in the car was playing Chico Buarque's record, and I'm like, "Who is this?" It was our friend Rodrigo, who's in the Spanish band Migala. When I voiced an interest in it, just out of the kindness of his heart, he gave me the record.
É a primeira vez que vejo isto acontecer. Interessante. E a melhor coisa de 2007 é a coluna semanal do Rob Corddry no Suicide Girls (e eu que pensava que aquilo servia outros propósitos).
segunda-feira, março 12, 2007
Batalhas
Pode parecer pouco, mas não é. Não me lembro de onde estava no dia 31 de Dezembro de 2003 da parte da noite. Lembro-me de todos os dias 31 de Dezembro da parte da noite de 1999 a 2006, tirando esse. É uma tragédia. Ninguém quer saber disso. Nem eu, realmente. Mas bloqueei aí. De qualquer forma, hoje é um dia em que o hino do mundo todo devia ser este.
É impossível ouvir isto e não dançar (o Christopher Walken escolheu a canção errada para dançar) e ficar com isto na cabeça, traulitando no meio da rua, algo que não era tão estranho numa canção desde talvez "Dracula Mountain" dos Lightning Bolt. Mas eu nunca gostei muito de Lightning Bolt, só dessa canção, e não me estampa um sorriso na cara assim tantas vezes. Há tudo aqui em "Atlas", a melodia, a batida, tudo. A letra não se percebe, mas em vez dos efeitos da voz soarem cómicos (longe da chipmunk soul de gente como RZA, Just Blaze, Kanye West ou até o idiota do Akon) e maus, complementam perfeitamente o resto. E dança-se.
Hoje também é o dia em que elejo como meu herói pessoal Greg Gillis, ou seja, Girl Talk. Night Ripper animou-me bastante em 2006, mas continua a fazê-lo. E só isso é digno de registo. Um homem que alterna assim de "Holland, 1945" dos Neutral Milk Hotel para "There It Go (The Whistle Song)" de Juelz Santana merece o mundo. E vou vê-lo daqui a poucos meses, pelo que vejo de vídeos (especialmente aqui), um concerto dele é uma festa, e ele dá uma performance do caraças para alguém que não tem mais nada que um laptop. É o que qualquer DJ devia ser (ele diz que não é DJ): um fã que se mostra visivelmente excitado por tudo o que passa e dança ao som disso.
E ainda não sei o que fiz na passagem de ano de 2003 para 2004. Lembro-me de 2002 para 2003, de 2004 para 2005, e de todas as outras. Mas não me lembro dessa. Continuo a não me importar com isso, mas continuo a importar-me na mesma. E, pela primeira vez neste blog, sou obrigado a concluir: foda-se, sou mesmo estúpido.
É impossível ouvir isto e não dançar (o Christopher Walken escolheu a canção errada para dançar) e ficar com isto na cabeça, traulitando no meio da rua, algo que não era tão estranho numa canção desde talvez "Dracula Mountain" dos Lightning Bolt. Mas eu nunca gostei muito de Lightning Bolt, só dessa canção, e não me estampa um sorriso na cara assim tantas vezes. Há tudo aqui em "Atlas", a melodia, a batida, tudo. A letra não se percebe, mas em vez dos efeitos da voz soarem cómicos (longe da chipmunk soul de gente como RZA, Just Blaze, Kanye West ou até o idiota do Akon) e maus, complementam perfeitamente o resto. E dança-se.
Hoje também é o dia em que elejo como meu herói pessoal Greg Gillis, ou seja, Girl Talk. Night Ripper animou-me bastante em 2006, mas continua a fazê-lo. E só isso é digno de registo. Um homem que alterna assim de "Holland, 1945" dos Neutral Milk Hotel para "There It Go (The Whistle Song)" de Juelz Santana merece o mundo. E vou vê-lo daqui a poucos meses, pelo que vejo de vídeos (especialmente aqui), um concerto dele é uma festa, e ele dá uma performance do caraças para alguém que não tem mais nada que um laptop. É o que qualquer DJ devia ser (ele diz que não é DJ): um fã que se mostra visivelmente excitado por tudo o que passa e dança ao som disso.
E ainda não sei o que fiz na passagem de ano de 2003 para 2004. Lembro-me de 2002 para 2003, de 2004 para 2005, e de todas as outras. Mas não me lembro dessa. Continuo a não me importar com isso, mas continuo a importar-me na mesma. E, pela primeira vez neste blog, sou obrigado a concluir: foda-se, sou mesmo estúpido.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
A balança está finalmente equilibrada
Resultados:
Three 6 Mafia: 1
Three 6 Mafia: 1
Martin Scorsese: 1
Comediantes/Actores
Esqueci-me do tópico que o Jack Black e o Will Ferrell lançaram, mais ou menos. Tenho andado a reparar numa teoria do meu professor de inglês que diz que alguns dos melhores actores estão na comédia pela capacidade tremenda de encarnar personagens. Como a comédia inglesa. As pessoas do Little Britain ou de outras séries, como o League of Gentlemen, criam personagens com uma facilidade tremenda, andado a saltitar de sotaque em sotaque e personalidade em personalidade com uma facilidade brutal. E, diz ele, é mais do que o Jack Nicholson ou outros actores conseguem fazer. Mas também, "versatilidade" não é propriamente o nome do meio do Ferrell e do Black. Mas é o nome do meio de um Robin Williams ou de muitos outros.
Medley
Afinal o medley final acabou de passar de Berlin ("Take My Breath Away") para Vangelis. Era preciso registar isto nalgum lado.
Comentadores
"Como tínhamos previsto houve aqui uma distribuição das estatuetas."
"As pessoas vão ver cinemas."
É preciso apreciar. Bem, é tudo.
"As pessoas vão ver cinemas."
É preciso apreciar. Bem, é tudo.
Até o Clint Eastwood está feliz
E os comentadores esquecem-se do microfone ligado.
Forest Whitaker
Segue à risca as dicas de Ellen DeGeneres. É um dos melhores actores da sua geração, o título da melhor canção do Brother Ali e apresentou os Wu-Tang Clan no VH1 Hip-Hop Honors de 2006. Para além disso, tem um tique óptimo nos olhos e fez o Ghost Dog. Dizem que o filme pelo qual ele ganhou é horrível. Que seja. Pode ser que o desempenho dele seja soberbo. E só pode ser. Segundo ano seguido em que actores mais ou menos secundários que eu adoro ganham. E ainda bem.
Comentador
O comentador nunca viu o Aviator, diz que o Departed , a ganhar um óscar, é só pela carreira e é o filme menos scorsesiano do Scorsese. Acho que foi o mesmo que disse "dissestes".
R.I.P. Bigode do Philip Seymour Hoffman 2007-2007
O homem fez o bigode que tinha nos Globos de Ouro. É um dia triste para todos os fãs.
Michael Mann
Como sempre, Mann estraga tudo com a banda sonora. Desta vez foram os Foo Fighters. Não é assim tãããããão mau para alguém que já usou Linkin Park numa banda sonora, portanto, e detesto admiti-lo, até é uma melhora.
Podia ser a Dulce Pontes.
Pois podia. E em que mundo é que isso não é triste?
Children of Men
Gostava que ganhasse algum óscar. Adorei-o.
Ben Affleck
Que prémio é que ganho por não ter dito "Olha! O Ben Affleck nos óscares!" há bocado?
Ellen
Ei, eu gosto dela. Ninguém mais parece gostar. Entrou mal, continuou bem, agora perdeu-se. Nem que fosse pela série, que adorava ver quando passava na TV portuguesa, não faço ideia de quando era, tinha o Jeremy Piven (por falar nisso, ele a tocar congas no Jay Leno com o Common e banda por causa do Smokin' Aces e da enorme canção "Play Your Cards Right" com o grande Bilal) e o Bruce Campbell, e isso só pode ser bom. Não percebo como é que ele nunca ganhou um óscar para melhor actor principal. Houve três (três!) Evil Dead e um Bubba Ho-Tep, por amor de Deus! E dois Spider-Man para melhor actor secundário, nos quais ele fez dois papéis diferentes e igualmente marcantes e memoráveis. Ele fez tudo isto sem piscar os olhos uma única vez, por amor de Deus! E a autobiografia dele é comovente.
The Departed
Primeiro óscar. Fixe. Porreiro. Scorsese, faz figas. Eu também faço. Não que mude alguma coisa. Sabes que eu sempre te adorei. O meu sonho era ter um professor como ele. A cara do Tom Hanks quando disse "More fun" foi impagável, também.
"I'm just here for the movies, Leo"
A cara do Jerry Seinfeld foi impagável. Não sei o que quis dizer, mas gostei. Não vou falar da música, é sempre aborrecida. Até os Three 6 Mafia no ano passado foram. O refrão do "Stay Fly" é giro de se cantar, mas horrível de se ouvir. Não os percebo, sinceramente. Não tenho interesse verdadeiro nos Óscares, não me lembro é de nada mais divertido para fazer nestes dias de madrugada. O Leo DiCaprio a arrancar a candidatura à presidência do senhor Gore (por falar nisso, a piada de ele ter ganho nunca fica datada, teria só mais piada se não fosse tão triste)...e sabe-se perfeitamente que ele não vai fazer nada disso. Claro, a música. Os comentadores riem-se. Eu não. Uma coisa é "sound editing is a lot like sex, it is mostly done alone and late at night" ou assim.
Alan Arkin
Heroína, pornografia, 70 anos e desvio de menores. Só falta a miúda e a barba do Carell receber um Óscar e tudo ficará bem. Estou a brincar, sorri com o Little Miss Sunshine, mas não o adoro intensamente.
Steve Carell+Greg Kinnear
Claro, o final foi previsível, mas o início foi grande. Boa forma de seguir fórmulas e ainda assim entrar em grande.
Mas fiquei à espera
Que, como no ano passado, aparecesse o Steve Carell. É triste. Basta uma barba para esquecer as origens.
Jack Black+Will Ferrell
Grandes. Afinal é também o John C. Reilly, o maior actor secundário de sempre de agora.
Ellen
Not bad, Ms. DeGeneres, not bad at all. Ainda assim, está a competir com o senhor "Three 6 Mafia 1, Martin Scorsese 0".
Abigail
Tão querida. E a Ellen está a fazer-me rir um bocado, mas tenho saudades do Jon Stewart.
Oh no they didn't
Eles disseram "I"on Stewart. Continuo estupefacto.
Mark Wahlberg
"Why wasn't I in a Scorsese movie before?" Basicamente porque a memória disto continua viva.
Conversa
- Eish, a Beyoncé.
- Ela é a maior de sempre. E o Hov, estava com ela?
- Ela estava sozinha, mesmo muito bonita. Mas estava a posar. O Hov podia estar na área.
"O Hov podia estar na área." Estou orgulhoso dela.
- Ela é a maior de sempre. E o Hov, estava com ela?
- Ela estava sozinha, mesmo muito bonita. Mas estava a posar. O Hov podia estar na área.
"O Hov podia estar na área." Estou orgulhoso dela.
Steve Carell
É o meu herói pessoal. Um dia, quando for grande, se tiver 1/10 da pinta dele, serei um homem feliz.
Óscares
Eu tenho um sonho. Um mundo em que não há comentadores da TVI. Haverá trabalho mais irritantemente supérfluo no mundo? No ano passado deixaram os microfones ligados enquanto mexiam em folhas. Mais deprimente do que estar acordado de madrugada a ver uma coisa destas - a sério, eu tenho insónias, tenho desculpa - só as falhas e os sotaques horríveis desta gente, que há-de ter jeito para alguma coisa, mas para isto não. Aliás, nem é isso, é o facto de não ser necessário e só atrapalhar.
domingo, fevereiro 25, 2007
Um dia
Um dia teremos todos de encarar seriamente o facto de que o líder do grupo dono de um dos melhores discos de 2007 se veste assim em palco. O grupo, basicamente, é ele, e quando digo "2007" poderia dizer também "2004" e "2005". Terá isto a ver com o "soul power" que ele refere no último disco?
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
A outra face do último post
Uma canção que pode ser considerada irmã dessa, da mistura de rapper e cantora revivalista, é "Can't Forget About You", do senhor Nas. Dei por ela quando ouvi o Hip-Hop is Dead umas vezes, mas raramente me lembro dela. Agora lembrei-me. Aqui está o vídeo. Claro, remete para uma altura anterior, tal como o "Ain't No Other Man" da Christina Aguilera, e a produção do will.i.am (acho que é dele) sampla o "Unforgettable" do Nat King Cole. Claro que é uma canção com muito mais classe, bonita, que mostra basicamente todo o conceito do Hip-Hop Is Dead. Nas é um virtuoso, que está nisto há mais de uma década, cresceu com isto e morrerá com isto. Sabe de cor a história toda do movimento e só quer continuar o seu legado. Não há nada de errado aqui. A voz de Chrisette Michelle, que também canta o refrão de "Lost Ones" do Jay-Z, é belíssima de uma forma familiar e batidíssima que, supreendemente, funciona sempre bem neste tipo de canções. Adoro.
Amy Winehouse
Irrita-me que se fale tanto da Amy Winehouse, como hoje no ípsilon (parece-me bem, francamente, adorei ler o Pedro Gomes sobre os Clipse, ainda não li mais nada, a não ser por alto), sem mencionar a remistura com o Ghostface Killah para "I'm no Good", que saiu no More Fish do ano passado. A Amy Winehouse é uma rapariga nova que se orgulha de usar quilos de maquilhagem para ficar extremamente pouco apelativa e que gosta muito de dizer que adorava fazer mais sexo e beber mais. Técnicas de marketing à parte, tem uma voz que não esperaríamos de uma inglesa de vinte e poucos anos, e faz soul vintage, retro, cujo único mérito é ter canções apelativas e memoráveis com uma ou outra frase pouco usual para esse tipo de música. Acontece que "I'm no Good" é uma óptima canção, mas a sua versão original tem coisas a mais. Alguém pegou nisso para o Ghostface Killah mandar umas rimas, e funciona tão bem...dúzias de frases citáveis, como "you had to be a nasty girl to try to play me" ou "I can forgive the past but I'll never forget it", bem como referências à Kelly Clarkson e assim, sempre com o seu flow típico de quem tem muita pressa para dizer o que tem a dizer, cheio de paranóia e medo mas também confiança, como se estivesse a fugir à polícia, por cima do melhor que a canção tem, com a voz dela e os sopros, com toda a pulsação de um clássico. A Joana odeia a voz dela e a canção e tal, mas ela não leva a mal eu gostar. Espero eu. É dos melhores singles pop de 2006 e parece-me que, se dosearmos bem e não o usarmos até à exaustão, se tornará intemporal, tal como soa.
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Village Voice
Duas pequenas notas sobre o Village Voice, só porque sim. Hoje li um dos textos mais bizarros que já li em toda a minha vida. Está aqui. Porém, não pude deixar de ler e li até ao fim. É uma história bem contada, mesmo que pouco usual, com piada sem gozar, etc. e a escolha mais estranha para a capa de uma edição de S. Valentim ou lá como ele se chama. Mesmo andando o Village Voice a perder-se aos poucos por causa das grandes corporações más que o compraram e o caraças, ainda tem força para isto. Depois, um tipo que toca com os TV On The Radio queixou-se da capa anterior do Village Voice. Tinha o Bob Dylan a passar por cima do Kyp Malone com um tractor, por causa dos resultados da Pazz & Jop Poll '06, em que o Dylan ficou em primeiro e os TV On The Radio em segundo. Chamar racista à capa é típico daquelas pessoas que não têm sentido de humor mas dizem "eu tenho mais sentido de humor que tu, isto é que é inadmissível", não se percebe bem porquê. É apenas uma coincidência infeliz, no máximo dos máximos.
Saudade
Tinha saudades do Ted Leo. E de Old Jerusalem. Ainda bem, ambos têm novos discos. O primeiro,ainda com os Pharmacists (melhor nome para uma banda de suporte desde os Attractions do Elvis Costello), tem Living with the Living, que me parece ser um consistente disco de canções uns furos abaixo de Shake the Sheets. Lembro-me de adorar ouvi-lo no metro de Lisboa em 2004. "Me & Mia" ainda está na minha cabeça como uma canção excelente, mesmo não a ouvindo talvez desde esses tempos. E a canção introdutória, com a constatação "I know some things I'd rather not / like the time ahead is all the time we've got", ainda subsiste na minha cabeça, mesmo sendo atípica dentro da obra do homem (é calminha e essas coisas todas que não acontecem muitas vezes nele).
Ele volta com os riffs, os refrões, as palavras e a voz, limitada mas muito competente, nunca saíndo muito daquilo que não domina, provando porque é que deve ser dos roqueiros semi-conservadores mais adorados pela Pitchfork (ao contrário de manias "recentes", como os inexplicavelmente universalmente celebrados Hold Steady, a sério, o que é aquilo?). Não há nada de mal na música que ele faz, e, continuando assim, só pode ser bom.
Francisco Silva, o rapazinho de cabelo comprido e óculos do Porto, é a melhor pessoa em Portugal a escrever canções em estrangeiro, talvez de sempre. Não me alongarei sobre The Temple Bell, pois fá-lo-ei daqui a pouco tempo noutro sítio, mas devo dizer que "Love & Cows" é talvez a melhor canção do homem e o press release escrito pelo Pedro Mexia é competente mas podia ser muito melhor, tendo em conta quem ele é e de quem ele está a falar. Mas "Love & Cows" é baseada no filme homónimo que eu vi há uns anos quando ia demasiado ao Cine-Estúdio 222 e tem uma letra com piada mas não "haha", mais "sorriso" ou assim, mesmo que acabe com uma falta de pudor tremenda que eu não sei bem como é que funciona tão bem nas letras do homem.
É basicamente isso. É assim que se matam saudades, com o Ted Leo e Old Jerusalem. E se regressa à escrita depois de vários projectos mentais para listas de melhores do ano. A meio de Fevereiro já não funcionam, pois não? Acho que fica bem dizer que o meu disco favorito do ano passado foi o Yellow House dos Grizzly Bear, o meu cabeleireiro gay favorito talvez de sempre. Tantas listas, tantas brincadeiras válidas para fazer...enfim, teremos sempre Paris. Ou então 2007.
Ele volta com os riffs, os refrões, as palavras e a voz, limitada mas muito competente, nunca saíndo muito daquilo que não domina, provando porque é que deve ser dos roqueiros semi-conservadores mais adorados pela Pitchfork (ao contrário de manias "recentes", como os inexplicavelmente universalmente celebrados Hold Steady, a sério, o que é aquilo?). Não há nada de mal na música que ele faz, e, continuando assim, só pode ser bom.
Francisco Silva, o rapazinho de cabelo comprido e óculos do Porto, é a melhor pessoa em Portugal a escrever canções em estrangeiro, talvez de sempre. Não me alongarei sobre The Temple Bell, pois fá-lo-ei daqui a pouco tempo noutro sítio, mas devo dizer que "Love & Cows" é talvez a melhor canção do homem e o press release escrito pelo Pedro Mexia é competente mas podia ser muito melhor, tendo em conta quem ele é e de quem ele está a falar. Mas "Love & Cows" é baseada no filme homónimo que eu vi há uns anos quando ia demasiado ao Cine-Estúdio 222 e tem uma letra com piada mas não "haha", mais "sorriso" ou assim, mesmo que acabe com uma falta de pudor tremenda que eu não sei bem como é que funciona tão bem nas letras do homem.
É basicamente isso. É assim que se matam saudades, com o Ted Leo e Old Jerusalem. E se regressa à escrita depois de vários projectos mentais para listas de melhores do ano. A meio de Fevereiro já não funcionam, pois não? Acho que fica bem dizer que o meu disco favorito do ano passado foi o Yellow House dos Grizzly Bear, o meu cabeleireiro gay favorito talvez de sempre. Tantas listas, tantas brincadeiras válidas para fazer...enfim, teremos sempre Paris. Ou então 2007.
domingo, fevereiro 11, 2007
Votar
Fui votar. Desci a rua como fiz tantas vezes antes para ir até à minha Escola Secundária. Fui a ouvir o Paul's Boutique. Um dia, em Junho, farei o mesmo só que descerei um bocadinho mais e, no final do caminho, estará quem o fez. Ainda bem.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Para a esquerda, para a esquerda
Estava a reler o post do Sasha Frere-Jones sobre o Volver e lembrei-me, numa espécie de epifania: "Irreplaceable", da Beyoncé, é uma grande canção. É uma forma estúpida de começar qualquer coisa que seja, qualquer texto, mas é verdade. E a canção é grande. Mas não tenho qualquer vontade de ouvi-la. Posso estabelecer um paralelismo com "Save Room" do John Legend. São duas óptimas canções mainstream que me soam tremendamente melhor quando me lembro delas e não quando as estou a ouvir realmente. Talvez seja dos defeitos que encontro nelas, a guitarra acústica e o vídeo da Beyoncé, o vídeo e a voz que estranhei à partida do Legend.
Há uns meses li um artigo do Kelefa Sanneh (porque é que começo tudo assim?), que se tornou, durante o ano que passou, uma das minhas pessoas favoritas de ler. É absurdamente bom que lhe dêem tanto espaço no New York Times para escrever sobre uma só canção que se ouve em todo o lado, como esta da Beyoncé, ou sobre o que quer que seja, sobre a fragilidade de certas estrelas pop. Não me lembro bem, mas houve um bem interessante sobre como as estrelas pop agora estavam cada vez mais humanas, a Paris Hilton ou o Kevin Federline são totalmente humanos como "músicos", falham bastante e assim e mostram essas falhas. O que só me transtorna por ver que um projecto como o UM ficou suspenso. Tinha para sair nesse número um texto sobre o disco do JP Simões, basicamente o maior escritor de canções em português dos últimos anos, cada vez maior, sobre o disco dos Clipse, uma entrevista ao Ty e um texto sobre um concerto de Riding Pânico. Dois destes textos vão arranjar forma de sair, mas os outros não. O que não interessa nada, interessa é que se perde um jornal e perde-se o espaço dado a gente como Jorge Manuel Lopes, Pedro Gonçalves, Eduardo Sardinha ou José Marmeleira em jornais (não falo dos "putos" como eu porque a nossa situação não é tão grave).
O mundo perde muito, com os jornais todos empacotados numa caixa para a esquerda, para a esquerda. E a parte triste é que não teremos outro num minuto.
(tinha de acabar assim, para parafrasear a canção)
Há uns meses li um artigo do Kelefa Sanneh (porque é que começo tudo assim?), que se tornou, durante o ano que passou, uma das minhas pessoas favoritas de ler. É absurdamente bom que lhe dêem tanto espaço no New York Times para escrever sobre uma só canção que se ouve em todo o lado, como esta da Beyoncé, ou sobre o que quer que seja, sobre a fragilidade de certas estrelas pop. Não me lembro bem, mas houve um bem interessante sobre como as estrelas pop agora estavam cada vez mais humanas, a Paris Hilton ou o Kevin Federline são totalmente humanos como "músicos", falham bastante e assim e mostram essas falhas. O que só me transtorna por ver que um projecto como o UM ficou suspenso. Tinha para sair nesse número um texto sobre o disco do JP Simões, basicamente o maior escritor de canções em português dos últimos anos, cada vez maior, sobre o disco dos Clipse, uma entrevista ao Ty e um texto sobre um concerto de Riding Pânico. Dois destes textos vão arranjar forma de sair, mas os outros não. O que não interessa nada, interessa é que se perde um jornal e perde-se o espaço dado a gente como Jorge Manuel Lopes, Pedro Gonçalves, Eduardo Sardinha ou José Marmeleira em jornais (não falo dos "putos" como eu porque a nossa situação não é tão grave).
O mundo perde muito, com os jornais todos empacotados numa caixa para a esquerda, para a esquerda. E a parte triste é que não teremos outro num minuto.
(tinha de acabar assim, para parafrasear a canção)
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Mash-ups
Os mash-ups morreram, no mínimo, há quatro anos. Claro, ficaram alguns clássicos, lembro-me agora dos dois "A Stroke of Genius" e de "Maps Around The World", que misturam, respectivamente, Strokes e Christina Aguilera e Yeah Yeah Yeahs e Daft Punk. O ano passado (ou há dois anos) também houve uns bons que juntavam José Gonzáles e The Game. Este ano há "The Knife". "The Knife", dos Grizzly Bear e "Heartbeats" dos Knife. Sim, um dos mash-ups com o Gonzáles vinha da versão que ele tem da canção dos Knife, mas, basicamente, é a única canção boa dos Knife (banda mais foleira/irritante de sempre?). Também nunca percebi o Silent Shout e muita gente adora. O bom gosto não vive ali, mas "Heartbeats" funciona bem. E a batida funciona bem com os "whoa-whoa" dos Grizzly Bear. O meu cabeleireiro gay favorito junta-se à melhor canção dos anos 2000 - tão boa quanto todas as outras melhores dos anos 2000 - e funciona bem. Quem tem aquilo é o blog Brooklyn Vegan. Grande.
Saldos
O Mos Def lançou um novo disco. E depois retirou-o do mercado. O que é que isso quer dizer? Nada. Para ninguém. Não me devia importar, não nos devíamos importar, mas o Mos Def tem um novo disco. É horrível. Tem uma, duas ou três faixas, no máximo, que se aproveitem. Vem numa caixa transparente. Só mostra que toda esta gente desistiu. O rapper, a editora, tudo. Desistência. Acontece muitas vezes. O Mos Def já desistiu de ser rapper há muito tempo. Agora é actor. E acha que é cantor, mas, basicamente, isso não vale a pena. Nem New Danger era bom nem Tru3 Magic é bom. Não vale a pena, pá. É uma tristeza. O homem já foi grande. Enorme. Um dos maiores. Os Black Star são magníficos, o Talib Kweli é um grande letrista mas nunca teve a voz e o flow de Def. E enquanto o Kweli se mantém relevante, o Mos Def é preso por actuar sem licença e não parar e faz filmes com o Bruce Willis. Vá-se lá saber.
Fui aos saldos. Janeiro é sempre um óptimo mês em que a minha colecção de discos aumenta a olhos vistos. Trouxe hoje da AnAnAnA muitos discos, maioritariamente de hip-hop indie. Estou a ouvir o Later That Day do Lyrics Born. Nunca dei muito por ele, nunca ouvi Latyrx e o colega dele lá, Lateef, tem um dos piores singles de sempre com o meu rapper favorito (o Q-Tip). O Lyrics Born não é negro mas parece. Tem um flow versátil e rima extremamente bem. Faz coisas incríveis. O disco parece-me bastante bom, até mais ou menos ao fim, em que o cantar/rappar dele estraga tudo em faixas com um apelo jamaicano manhoso. É precisamente isto que se passa com o Mos Def. Não há qualquer necessidade de, em plenos anos 2000, fazer isso.
É sempre interessante ver que tipo de discos é que aparece nos saldos de qualquer loja. Nos saldos da Flur, aqui há uns meses (acho que foi em Outubro), comprei um disco de Lifesavas. Não sabia o que era, mas acabei por gostar bastante. É da Quannum Projects e ando a ler o Can't Stop Won't Stop há demasiado tempo e o Jeff Chang é um dos fundadores da editora. Parece-me ter coisas bastante boas e variadas e não ser enfadonha e impossível de apreciar como muitas outras que para aí andam (comprei também discos da Def Jux, da Stones Throw e da Anticon esta semana, isto parece-me bem superior a isso). Trouxe também Plant Life, Campfire Songs, o Milk Man dos Deerhoof outra vez (porque era 1 €), etc.
Para alguém que, como eu, passa muito tempo todas as semanas a procurar e procurar discos em promoção (a maior parte das vezes em CD, mas às vezes também em vinil), em segunda mão ou noutro modo qualquer, é interessante ver o que aparece nesses sítios. A banda sonora do He Got Game do Spike Lee pelos Public Enemy está na secção de hip-hop dos 5 € da Carbono (o sítio mais assustador de sempre para comprar discos de hip-hop, com os pouco simpáticos empregados a julgar-me sempre com os olhos) há mais de um ano. O disco do Trio que junta Dolly Parton, Emmylou Harris e Linda Rondstat também, mas na secção geral. São discos que estarão sempre lá, até alguém comprá-los, o que é algo improvável.
Também é interessante ver que se pode "viver", musicalmente falando, dos discos que se arranja abaixo do preço normal exageradíssimo dos discos hoje em dia. Mas há sempre coisas que são insubstituíveis. Não se pode substituir certa música por outra música que seja mais barata. A música não é assim. Meto-me a pensar nestas coisas de vez em quando. Não nos podemos limitar a nada, a uma só coisa, temos de ir a tudo aquilo que quisermos. E é preciso haver escolha. Um dia vou à Carbono e trago para casa os Public Enemy, o Trio e o The W dos Wu-Tang Clan que vive lá.
Fui aos saldos. Janeiro é sempre um óptimo mês em que a minha colecção de discos aumenta a olhos vistos. Trouxe hoje da AnAnAnA muitos discos, maioritariamente de hip-hop indie. Estou a ouvir o Later That Day do Lyrics Born. Nunca dei muito por ele, nunca ouvi Latyrx e o colega dele lá, Lateef, tem um dos piores singles de sempre com o meu rapper favorito (o Q-Tip). O Lyrics Born não é negro mas parece. Tem um flow versátil e rima extremamente bem. Faz coisas incríveis. O disco parece-me bastante bom, até mais ou menos ao fim, em que o cantar/rappar dele estraga tudo em faixas com um apelo jamaicano manhoso. É precisamente isto que se passa com o Mos Def. Não há qualquer necessidade de, em plenos anos 2000, fazer isso.
É sempre interessante ver que tipo de discos é que aparece nos saldos de qualquer loja. Nos saldos da Flur, aqui há uns meses (acho que foi em Outubro), comprei um disco de Lifesavas. Não sabia o que era, mas acabei por gostar bastante. É da Quannum Projects e ando a ler o Can't Stop Won't Stop há demasiado tempo e o Jeff Chang é um dos fundadores da editora. Parece-me ter coisas bastante boas e variadas e não ser enfadonha e impossível de apreciar como muitas outras que para aí andam (comprei também discos da Def Jux, da Stones Throw e da Anticon esta semana, isto parece-me bem superior a isso). Trouxe também Plant Life, Campfire Songs, o Milk Man dos Deerhoof outra vez (porque era 1 €), etc.
Para alguém que, como eu, passa muito tempo todas as semanas a procurar e procurar discos em promoção (a maior parte das vezes em CD, mas às vezes também em vinil), em segunda mão ou noutro modo qualquer, é interessante ver o que aparece nesses sítios. A banda sonora do He Got Game do Spike Lee pelos Public Enemy está na secção de hip-hop dos 5 € da Carbono (o sítio mais assustador de sempre para comprar discos de hip-hop, com os pouco simpáticos empregados a julgar-me sempre com os olhos) há mais de um ano. O disco do Trio que junta Dolly Parton, Emmylou Harris e Linda Rondstat também, mas na secção geral. São discos que estarão sempre lá, até alguém comprá-los, o que é algo improvável.
Também é interessante ver que se pode "viver", musicalmente falando, dos discos que se arranja abaixo do preço normal exageradíssimo dos discos hoje em dia. Mas há sempre coisas que são insubstituíveis. Não se pode substituir certa música por outra música que seja mais barata. A música não é assim. Meto-me a pensar nestas coisas de vez em quando. Não nos podemos limitar a nada, a uma só coisa, temos de ir a tudo aquilo que quisermos. E é preciso haver escolha. Um dia vou à Carbono e trago para casa os Public Enemy, o Trio e o The W dos Wu-Tang Clan que vive lá.
sábado, janeiro 06, 2007
Cinco acontecimentos absolutamente indispensáveis de 2006
2006 foi um ano do caraças. Pessoal e musicalmente. Não sei se fui a mais ou menos concertos que em 2005 ou 2004, mas rendeu na mesma. O meu ano em cinco acontecimentos:
05. O ballet ao som de Milk Man dos Deerhoof Uma escola qualquer não-sei-onde pôs puto a tocar e a dançar ao som do Milk Man (tocado pelos putos, claro) e gente a dançar. No meu tempo fazíamos coisas ao som de Chick Corea e éramos mesmo mesmo mesmo parvos, não tínhamos indie-cred nenhuma. Oh meu Deus, porque é que não criaste o Milk Man nos anos 90? Na mesma onda: a dança dos coelhos no Lux, foda-se. Melhor banda do mundo? Uma das.
04. "I know you can feel the magic, baby." Todos nós a sentimos. Foi agora em Dezembro. "Black Republican", pessoal. Ou como pôr para trás das costas anos e anos de rivalidade e fazer magia. Os sopros, tirados da banda sonora do Godfather II, funcionam tão bem. Tão bem. E estão em ambos em grande. Falo, é claro, da primeira colaboração de Nas e Jay-Z. E foi tão mágico quanto todos esperávamos e quanto Jigga diz.
03. A morte J. Dilla e James Brown e um porradão de gente. O Robert Altman. Se calhar sou eu que tenho um medo desmesurado da morte. Não sei. Talvez seja. Mas há tragédias horríveis. Não me estou a lembrar de mais ninguém agora, mas morreu muita gente este ano. Mário Cesariny. Mais gente. Não sei quem mais. Grant McLennan, meu Deus. Alguém que eu vi ao vivo. Bolas. Como o Ali Farka Touré que eu vi em 2005. Acho que são as únicas duas pessoas que vi num palco e morreram, pelo menos que me lembre. O Arthur Lee também morreu. Nunca o vi em lado nenhum. Houve tanta gente a morrer, morre tanta gente. É triste. Morrer gente é triste.
02. Kanye West em Oeiras Cada vez que ouço uma canção dele lembro-me porque é que gosto tanto daquilo. Às vezes esqueço-me. A arrogância e a excessiva auto-confiança dele transformam-no numa pessoa facilmente detestável. Mas em cima de um palco daqueles, os samples de voz acelerados (ninguém os faz como ele, o Just Blaze e o RZA que me desculpem), toda a essência da pop em retirar o melhor de tudo o que já é de si bom associados a alguém que, até há bem pouco tempo, era apenas um puto que fazia beats e não rimava nem nada que se parecesse. Mas quis tanto que se tornou estrela. E ficou cada vez maior. O seu ego também, mas há ali qualquer coisa que transparece ao vê-lo ao vivo, à nossa frente, maior do que a vida, há algo que nos remete para o fã, para o sonhador, para o puto. E há a música.
01. Snakes on a Plane Pessoalmente, é o meu filme favorito de sempre. Talvez. Mas não pelo filme em si. Do ponto de vista cultural, é algo que vale realmente a pena. Mesmo que o filme não existisse, só a ideia e o pretexto é algo que é importantíssimo. É o maior acontecimento de sempre. Samuel L. Jackson, avião, cobras. Não há mais nada. É só esta ideia. Há uma ideia e há uma realização. Se não existisse a realização, haveria sempre a ideia. E bastaria. A realização não é assim tão boa. Podia ser muito melhor (pior). Mas "Ophidiophobia" é, talvez, a melhor canção de sempre. Raios. Porque é que eu minto sempre? Mas adoro. Sempre que o Cee-Lo Green entra em canções destas, em theme songs, cria clássicos. Já foi assim no disco de Danger Doom. A voz dele é tão estupidamente boa, e aquele refrão...e depois "I'm tired of these motherfuckin' snakes on this motherfuckin' plane." Grande, grande, grande.
05. O ballet ao som de Milk Man dos Deerhoof Uma escola qualquer não-sei-onde pôs puto a tocar e a dançar ao som do Milk Man (tocado pelos putos, claro) e gente a dançar. No meu tempo fazíamos coisas ao som de Chick Corea e éramos mesmo mesmo mesmo parvos, não tínhamos indie-cred nenhuma. Oh meu Deus, porque é que não criaste o Milk Man nos anos 90? Na mesma onda: a dança dos coelhos no Lux, foda-se. Melhor banda do mundo? Uma das.
04. "I know you can feel the magic, baby." Todos nós a sentimos. Foi agora em Dezembro. "Black Republican", pessoal. Ou como pôr para trás das costas anos e anos de rivalidade e fazer magia. Os sopros, tirados da banda sonora do Godfather II, funcionam tão bem. Tão bem. E estão em ambos em grande. Falo, é claro, da primeira colaboração de Nas e Jay-Z. E foi tão mágico quanto todos esperávamos e quanto Jigga diz.
03. A morte J. Dilla e James Brown e um porradão de gente. O Robert Altman. Se calhar sou eu que tenho um medo desmesurado da morte. Não sei. Talvez seja. Mas há tragédias horríveis. Não me estou a lembrar de mais ninguém agora, mas morreu muita gente este ano. Mário Cesariny. Mais gente. Não sei quem mais. Grant McLennan, meu Deus. Alguém que eu vi ao vivo. Bolas. Como o Ali Farka Touré que eu vi em 2005. Acho que são as únicas duas pessoas que vi num palco e morreram, pelo menos que me lembre. O Arthur Lee também morreu. Nunca o vi em lado nenhum. Houve tanta gente a morrer, morre tanta gente. É triste. Morrer gente é triste.
02. Kanye West em Oeiras Cada vez que ouço uma canção dele lembro-me porque é que gosto tanto daquilo. Às vezes esqueço-me. A arrogância e a excessiva auto-confiança dele transformam-no numa pessoa facilmente detestável. Mas em cima de um palco daqueles, os samples de voz acelerados (ninguém os faz como ele, o Just Blaze e o RZA que me desculpem), toda a essência da pop em retirar o melhor de tudo o que já é de si bom associados a alguém que, até há bem pouco tempo, era apenas um puto que fazia beats e não rimava nem nada que se parecesse. Mas quis tanto que se tornou estrela. E ficou cada vez maior. O seu ego também, mas há ali qualquer coisa que transparece ao vê-lo ao vivo, à nossa frente, maior do que a vida, há algo que nos remete para o fã, para o sonhador, para o puto. E há a música.
01. Snakes on a Plane Pessoalmente, é o meu filme favorito de sempre. Talvez. Mas não pelo filme em si. Do ponto de vista cultural, é algo que vale realmente a pena. Mesmo que o filme não existisse, só a ideia e o pretexto é algo que é importantíssimo. É o maior acontecimento de sempre. Samuel L. Jackson, avião, cobras. Não há mais nada. É só esta ideia. Há uma ideia e há uma realização. Se não existisse a realização, haveria sempre a ideia. E bastaria. A realização não é assim tão boa. Podia ser muito melhor (pior). Mas "Ophidiophobia" é, talvez, a melhor canção de sempre. Raios. Porque é que eu minto sempre? Mas adoro. Sempre que o Cee-Lo Green entra em canções destas, em theme songs, cria clássicos. Já foi assim no disco de Danger Doom. A voz dele é tão estupidamente boa, e aquele refrão...e depois "I'm tired of these motherfuckin' snakes on this motherfuckin' plane." Grande, grande, grande.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Cinco razões para ter amigos em 2006 parte III
Pedro Figueiredo. Foi meu director no Clix Música e n'Os Fazedores de Letras, ambos projectos falhados. Tem a maior colecção de bootlegs de Suede e Gift de sempre e a maior colecção de t-shirts de gola em V fora da minha família (o meu irmão é o seu maior rival). Escreve na Ruadebaixo e na Mondo Bizarre e faz anos hoje, daí dar-lhe isto:
*jogador brasileiro do Futebol Clube do Porto por estes dias nacionalizado português
Chegou ao Marítimo há uns anos, e logo deu nas vistas. Não aparentava possuir o potencial hoje devidamente explanado, mas mostrava já algum serviço. Agora uma dúvida muito pessoal: não me lembro se ele esteve realmente no Sporting Clube de Portugal. Acho que sim, que foi emprestado meia dúzia de meses e, sem oportunidades, voltou para a Madeira. Mas sinceramente não me lembro de o ver com a camisola leonina ao peito. Pouco importa. O ano passado e, essencialmente, na temporada que por estes dias sofre pausa (absurda, diga-se), tem-se vindo a destacar ao serviço do FC Porto, sendo um dos grandes esteios da equipa que, aposta-se sem grande factor de risco, será campeã nacional. Recentemente seguiu as pisadas de Deco e pediu dupla nacionalidade, afirmando-se disponível para representar a selecção comandada pelo nosso cada vez mais italiano Scolari. Serve esta parva e extensa introdução para traçar uma analogia musical completamente desprovida de sentido mas, ainda assim, extremamente válida não tanto conceptualmente mas mais pelos objectos em causa. A selecção musical nacional teve, em 2006, alguns bons motivos para se orgulhar de si mesma. Se, verdade seja dita, faltou algum nervo sub-21 (retomam-se as analogias da bola), tal não foi impeditivo para que alguns nomes consagrados (ou semi ou em vias de) espalhassem o perfume do seu fute…repertório pelos doze meses que agora findam. Seguem cinco razões para, em 2006, se pedir nacionalidade portuguesa:
5. Linda Martini – Olhos de Mongol Boa gente de boas origens (Queluz e Massamá), atitude q.b., energia, bom uso de novas ferramentas de promoção (2006, ano MySpace). A música? Pós-rock flanqueado por diferentes balizas, letras incisivas e de apelo imediato e sombras de nomes como Sonic Youth, Isis ou, em terra de Camões, Ornatos Violeta. Há temas longos, três guitarras em discurso directo, momentos mais rápidos (vide “Cronófago”) e uma força pouco comum. Depois, alguns membros lembram-se ainda do Professor Sanches que dava Filosofia na Escola Secundária Miguel Torga, em Massamá. Dificilmente poderíamos pedir mais que isto. Pelo menos por agora.
4. Sérgio Godinho – Ligação Directa Não há grande coisa a dizer sobre Sérgio Godinho. O maior de escritor de canções português é redundância. Apelidá-lo de mediano comentador de futebol já é mais subjectivo – mas menos certamente que a certeza de que Jorge Gabriel desempenhava um papel mais ajustado. Ligação Directa é Sérgio Godinho em grande forma a cantar Portugal. Mais cordas, arranjos do caraças, uma voz a brilhar bem alto. Enorme.
3. Bernardo Sassetti – Unreal: Sidewalk Cartoon História mirabolante (que envolve operários e a música como salvação - tudo isto na península de Quasi-Algures), conceito multi-artístico que vê em disco paragem obrigatória para a sua total percepção. A simplicidade da partitura de Alice mora distante, ficando no ar, no entanto, algumas ambiências cinematográficas muito ao gosto de Sassetti. A história é tão improvável como actual nas questões levantadas. A música, essa, é da melhor que por este ano se ouviu. E há ainda o melhor título de canção do ano (de sempre?): “I Left my Heart in Algândaros de Baixo”.
2. Sam The Kid – Pratica(mente) Chegou tarde mas em boa hora. Provavelmente o melhor disco de hip-hop de sempre em terrenos nacionais. Já houve polémicas, as vendas surpreenderam na semana de estreia, a divulgação (e apreciação) tem sido ampla. Referências culturais convivem com linguagem e temáticas de rua, num registo desarmante, pessoal e de uma ambição enorme. Quase tão grande como a qualidade das canções aqui incluídas.
1. Dead Combo – Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena Diz o responsável por este blog que Dead Combo “só rende ao vivo”. Errado, meu caro. Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena é a total confirmação dos intentos de Tó Trips e Pedro Gonçalves: pegando numa raíz sonora assente no fado, os músicos vão buscar elementos cinéfilos, elementos de Western, elementos da nossa Lisboa. Elementos musicais de uma portugalidade urbana. O ambiente é de verdadeiro delírio quase Western versão Sérgio Leone transportado para Lisboa, século XXI, 2006. Fado? Fado-Western? Rock? Um grande disco, que se lixe o estilo.
Um agradecimento final ao Rodrigo pelo convite para escrever este texto e uma mensagem ao Pepe e respectivos interessados na cidadania portuguesa: aproveitem os dias finais do ano que não se sabe o que 2007 nos reserva [nota do autor do blog: ooops...].
Cinco razões para ser como o Pepe* em 2006
*jogador brasileiro do Futebol Clube do Porto por estes dias nacionalizado português
Chegou ao Marítimo há uns anos, e logo deu nas vistas. Não aparentava possuir o potencial hoje devidamente explanado, mas mostrava já algum serviço. Agora uma dúvida muito pessoal: não me lembro se ele esteve realmente no Sporting Clube de Portugal. Acho que sim, que foi emprestado meia dúzia de meses e, sem oportunidades, voltou para a Madeira. Mas sinceramente não me lembro de o ver com a camisola leonina ao peito. Pouco importa. O ano passado e, essencialmente, na temporada que por estes dias sofre pausa (absurda, diga-se), tem-se vindo a destacar ao serviço do FC Porto, sendo um dos grandes esteios da equipa que, aposta-se sem grande factor de risco, será campeã nacional. Recentemente seguiu as pisadas de Deco e pediu dupla nacionalidade, afirmando-se disponível para representar a selecção comandada pelo nosso cada vez mais italiano Scolari. Serve esta parva e extensa introdução para traçar uma analogia musical completamente desprovida de sentido mas, ainda assim, extremamente válida não tanto conceptualmente mas mais pelos objectos em causa. A selecção musical nacional teve, em 2006, alguns bons motivos para se orgulhar de si mesma. Se, verdade seja dita, faltou algum nervo sub-21 (retomam-se as analogias da bola), tal não foi impeditivo para que alguns nomes consagrados (ou semi ou em vias de) espalhassem o perfume do seu fute…repertório pelos doze meses que agora findam. Seguem cinco razões para, em 2006, se pedir nacionalidade portuguesa:
5. Linda Martini – Olhos de Mongol Boa gente de boas origens (Queluz e Massamá), atitude q.b., energia, bom uso de novas ferramentas de promoção (2006, ano MySpace). A música? Pós-rock flanqueado por diferentes balizas, letras incisivas e de apelo imediato e sombras de nomes como Sonic Youth, Isis ou, em terra de Camões, Ornatos Violeta. Há temas longos, três guitarras em discurso directo, momentos mais rápidos (vide “Cronófago”) e uma força pouco comum. Depois, alguns membros lembram-se ainda do Professor Sanches que dava Filosofia na Escola Secundária Miguel Torga, em Massamá. Dificilmente poderíamos pedir mais que isto. Pelo menos por agora.
4. Sérgio Godinho – Ligação Directa Não há grande coisa a dizer sobre Sérgio Godinho. O maior de escritor de canções português é redundância. Apelidá-lo de mediano comentador de futebol já é mais subjectivo – mas menos certamente que a certeza de que Jorge Gabriel desempenhava um papel mais ajustado. Ligação Directa é Sérgio Godinho em grande forma a cantar Portugal. Mais cordas, arranjos do caraças, uma voz a brilhar bem alto. Enorme.
3. Bernardo Sassetti – Unreal: Sidewalk Cartoon História mirabolante (que envolve operários e a música como salvação - tudo isto na península de Quasi-Algures), conceito multi-artístico que vê em disco paragem obrigatória para a sua total percepção. A simplicidade da partitura de Alice mora distante, ficando no ar, no entanto, algumas ambiências cinematográficas muito ao gosto de Sassetti. A história é tão improvável como actual nas questões levantadas. A música, essa, é da melhor que por este ano se ouviu. E há ainda o melhor título de canção do ano (de sempre?): “I Left my Heart in Algândaros de Baixo”.
2. Sam The Kid – Pratica(mente) Chegou tarde mas em boa hora. Provavelmente o melhor disco de hip-hop de sempre em terrenos nacionais. Já houve polémicas, as vendas surpreenderam na semana de estreia, a divulgação (e apreciação) tem sido ampla. Referências culturais convivem com linguagem e temáticas de rua, num registo desarmante, pessoal e de uma ambição enorme. Quase tão grande como a qualidade das canções aqui incluídas.
1. Dead Combo – Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena Diz o responsável por este blog que Dead Combo “só rende ao vivo”. Errado, meu caro. Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena é a total confirmação dos intentos de Tó Trips e Pedro Gonçalves: pegando numa raíz sonora assente no fado, os músicos vão buscar elementos cinéfilos, elementos de Western, elementos da nossa Lisboa. Elementos musicais de uma portugalidade urbana. O ambiente é de verdadeiro delírio quase Western versão Sérgio Leone transportado para Lisboa, século XXI, 2006. Fado? Fado-Western? Rock? Um grande disco, que se lixe o estilo.
Um agradecimento final ao Rodrigo pelo convite para escrever este texto e uma mensagem ao Pepe e respectivos interessados na cidadania portuguesa: aproveitem os dias finais do ano que não se sabe o que 2007 nos reserva [nota do autor do blog: ooops...].
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