quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Saudade

Tinha saudades do Ted Leo. E de Old Jerusalem. Ainda bem, ambos têm novos discos. O primeiro,ainda com os Pharmacists (melhor nome para uma banda de suporte desde os Attractions do Elvis Costello), tem Living with the Living, que me parece ser um consistente disco de canções uns furos abaixo de Shake the Sheets. Lembro-me de adorar ouvi-lo no metro de Lisboa em 2004. "Me & Mia" ainda está na minha cabeça como uma canção excelente, mesmo não a ouvindo talvez desde esses tempos. E a canção introdutória, com a constatação "I know some things I'd rather not / like the time ahead is all the time we've got", ainda subsiste na minha cabeça, mesmo sendo atípica dentro da obra do homem (é calminha e essas coisas todas que não acontecem muitas vezes nele).
Ele volta com os riffs, os refrões, as palavras e a voz, limitada mas muito competente, nunca saíndo muito daquilo que não domina, provando porque é que deve ser dos roqueiros semi-conservadores mais adorados pela Pitchfork (ao contrário de manias "recentes", como os inexplicavelmente universalmente celebrados Hold Steady, a sério, o que é aquilo?). Não há nada de mal na música que ele faz, e, continuando assim, só pode ser bom.
Francisco Silva, o rapazinho de cabelo comprido e óculos do Porto, é a melhor pessoa em Portugal a escrever canções em estrangeiro, talvez de sempre. Não me alongarei sobre The Temple Bell, pois fá-lo-ei daqui a pouco tempo noutro sítio, mas devo dizer que "Love & Cows" é talvez a melhor canção do homem e o press release escrito pelo Pedro Mexia é competente mas podia ser muito melhor, tendo em conta quem ele é e de quem ele está a falar. Mas "Love & Cows" é baseada no filme homónimo que eu vi há uns anos quando ia demasiado ao Cine-Estúdio 222 e tem uma letra com piada mas não "haha", mais "sorriso" ou assim, mesmo que acabe com uma falta de pudor tremenda que eu não sei bem como é que funciona tão bem nas letras do homem.
É basicamente isso. É assim que se matam saudades, com o Ted Leo e Old Jerusalem. E se regressa à escrita depois de vários projectos mentais para listas de melhores do ano. A meio de Fevereiro já não funcionam, pois não? Acho que fica bem dizer que o meu disco favorito do ano passado foi o Yellow House dos Grizzly Bear, o meu cabeleireiro gay favorito talvez de sempre. Tantas listas, tantas brincadeiras válidas para fazer...enfim, teremos sempre Paris. Ou então 2007.

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