quarta-feira, abril 27, 2011

quinta-feira, abril 07, 2011

Parté



Posso dizer, sem sombra de dúvida, que este trailer é das coisas mais bonitas que já me aconteceram na vida. Acho que depois do visionamento do filme posso morrer feliz. Basicamente, muitas das pessoas mais incríveis do mundo estão envolvidas nisto, e ainda por cima é dos Beastie Boys, espécie de heróis de adolescência e a razão pela qual gosto de rap. Muito bonito.
A terceira temporada do Eastbound and Down só deve chegar em 2012, mas parece-me que, entre isto e o Your Highness (espero mesmo que se estreia já para a semana), o Danny McBride parece-me um dos vencedores do ano. O que é notável, tendo em conta que ele também dominou 2009 e 2010. E espero que continue a ganhar por muitos anos mais.

terça-feira, abril 05, 2011

O meu bigode

Não sei quando é que começou o fascínio pouco natural que nutro por barbas. A primeira barba que deixei crescer foi em 2002, durante o Verão. Era uma barba básica, ainda sem ligação entre o bigode e o resto dos pêlos, mas não fazia mal. Afinal, conheço gente com mais de 30 que ainda não a tem. Não era má para miúdo de 15 anos, vá. Apesar de ter sido uma decisão um bocado estúpida (eu era gordo e no Verão a barba ajuda a suar mais), gostei. Ao longo dos anos fui tendo sempre algum tipo de pilosidade facial, de patilhas das quais me arrependo brutalmente a barbas quase messiânicas (nunca nada de muito abusado, tenho medo disso).
No começo, o amor era só pela minha barba, até que comecei a observar as dos outros. Talvez tenha sido algures em 2004/2005, altura em que vi pela primeira vez o Comedy Central Presents do Zach Galifianakis. A barba dele ainda não era o colosso que é hoje, mas já era portentosa. Acho que, de uma maneira ou de outra, todas as barbas que deixei crescer desde então foram em homenagem à dele (e, claro, ao facto de o tipo ser um dos gajos mais hilariantes do mundo, e de eu ficar muito feliz sempre que o vejo a ficar mais famoso de ano para ano). Há barbas que me fazem feliz, da do Kyp Malone (não tive coragem para afagá-la, morri de inveja do Stephen Colbert quando ele a afagou no programa dele – e claro que não foi a primeira vez que morri de inveja do Stephen Colbert, afinal, o gajo é o Stephen Colbert) à barba que o William Hurt envergou orgulhosamente nos Globos de Ouro de 2010. Em Portugal, adoro as barbas do Quim Albergaria e do Nélson Gomes (e já as afaguei muito mais vezes do que quero admitir em público).
Reparo agora que só falei de barbas grandes, mas gosto de todo o tipo de barbas, tirando talvez aberrações como os passa-piolhos, barbas que ignoram totalmente a parte por baixo do queixo, barbas demasiado aparadas nas bochechas ou combinações de bigode e pêra (salvo raras excepções como o Simon Pegg ou o Danny McBride). É mais ou menos como gosto de mamas, só que neste caso é uma relação estritamente platónica. De momento, vou alternando o uso de barba com o uso de bigode. Ou melhor, deixo o bigode e depois não faço mais nada e a barba cresce sozinha. No momento em que não se nota que tenho um bigode maior que a barba, deixo outra vez o bigode. O que me leva ao essencial: não há nada no meu bigode que seja irónico. É tudo sentido. Gosto genuinamente de bigodes, como gosto genuinamente de Hall & Oates (e do bigode do John Oates).
Desde quando é que um bigode tem de ser irónico? Alguma vez houve pessoas a chegarem-se ao pé do Burt Reynolds ou do Tom Selleck e a acusarem-nos de terem um bigode irónico? Não. Por que raio é que eu, aos 24 anos, não posso usar bigode? O Eddie Murphy ficou famoso aos 20 ou 21 e tinha bigode. Ninguém se queixou. Achar que o caso dele é diferente do meu é ser racista (ou então é achar que só porque um gajo era sido dos melhores cómicos de sempre isso lhe dava o direito de usar o que quisesse por cima do lábio, o que eu até aceito).
Houve três razões, ou melhor, pessoas, que me levaram a perceber que ter um bigode não precisava de ser irónico, que podia simplesmente fazer parte de mim. Uma delas, talvez a maior, foi o Ron Swanson/Nick Offerman, porque o Parks and Recreation é, sem sombra de dúvida, das melhores partes da minha existência, algo que não só me faz rir sem desiludir semana após semana, como também me põe um sorriso na cara sem entrar em sentimentalismos foleiros. Outra foi a maneira como, sempre que acaba um filme, o Darren Aronofsky aparece em público com bigode, sem chamar a atenção para isso. Outra foi o Paul F. Tompkins, em especial neste maravilhoso vídeo do Ted Leo:


No domingo fui ver o Ted Leo. Depois do concerto – que foi incrível, não ouvia um disco dele há meses e conhecia todas as canções de cor; só foi uma pena estar praticamente vazio –, interpelei o próprio para lhe dizer que o Paul F. Tompkins no vídeo dele era uma das razões pelas quais eu tinha bigode. Porque é um tipo que, sendo hilariante, não usa o bigode para a comédia. Expliquei-lhe que o Paul F. Tompkins me ensinou que um bigode não precisa de ser a gozar, pode ser sincero, pode apenas fazer parte da cara de alguém. O Ted Leo concordou, e disse que me assentava na cara, o que é um óptimo elogio. Pegou no iPhone dele, tirou uma fotografia, e disse que enviá-la ao Paul F. Tompkins. Posso ter sido um pouco rude, já que só lhe elogiei o concerto durante pouco tempo e passei o resto da nossa conversa a perguntar-lhe por que é que tem amigos tão incríveis (falei-lhe especialmente da Julie Klausner, de como a primeira vez que conheci o Aziz Ansari foi neste vídeo com o próprio Ted Leo, e de outras pessoas). Mas o que interessa é que o Paul F. Tompkins, do Mr. Show, do There Will Be Blood e de outras coisas que eu adoro, um tipo que quase me fez chorar na entrevista que deu ao invariavelmente bom WTF do Marc Maron que ouvi ainda há uma semana, viu o meu bigode. Provavelmente.