sexta-feira, junho 26, 2009

Unfuckwithable

Nos anos 80 esta expressão aplicava-se a duas pessoas. Michael Jackson e Eddie Murphy. O último gozava com o primeiro no épico Delirious (obra-prima que este ano comemora 25 anos, apesar de ter 26; o fato de cabedal vermelho, porra), quando iniciou a moda de dizer "talvez aquele gajo não seja propriamente o tipo mais másculo do mundo." Depois ficaram os dois amigos. E depois perderam-se (será que teve alguma coisa a ver?). Os dois. Um deles morreu. Espero que o outro não. Porque sentia que ainda havia um regresso dentro dele. Algo que podia fazer do mundo um sítio melhor (não confundir com "heal the world, make it a better place"). Que voltasse a torná-lo unfuckwithable. Intocável. Fica a esperança que o outro regresse um dia ao nível. Vá lá, Eddie, pelo Michael.

quinta-feira, junho 18, 2009

Hey, everybody! It's Bob and David!

Excerto de uma entrevista de Bob Odenkirk e David Cross:

BO: I’m sorry we dicked around so much, but David and I can’t help ourselves. We’ve done so many interviews. The minute you get serious, you just feel embarrassed. When you asked if we were gonna work together in the future, what could we say? There has to be a buyer who wants us. And as much as we have fans, clearly nobody likes us well enough to make a show with us. They’ll all have a meeting with us, but even HBO doesn’t want to have a show with us.

D: You guys have another show idea?

BO: Yeah, we do, actually. We pitched it. We went to Showtime and HBO. It’s a progression of Mr. Show. When we wrote Mr. Show, we would write sketches and then we would link them up. We wrote sketches that came out of a sense of story. So we want to do that show now. It would still be like Mr. Show, but the sketches wouldn’t be constructed separate from each other. It would be a fundamentally different show because of that.

D: So you pitched it around?

BO: We did, and basically everyone said, “Oh, we don’t have any money right now. Come back next year.” It’s always been this way. It’s always been difficult for us because we have fans. We even have fans at networks—at HBO and Showtime—but it’s just not good enough. I think the hard part is the bosses at those networks have never been fans of ours. They’ve never really watched us or known who we were or given a shit. So the problem is even if the lower-level executives like you, they can’t order shows. They just act like they can.
I’m pitching a show that’s just for me, and you would think, "Wouldn’t that be even harder to make happen because you don’t even have David with you?" But actually it’s got a real strong idea to it, and I think it’s actually easier to make happen.


É um mundo em dois g-é-n-i-o-s não conseguem o seu próprio programa de televisão. Perde-se tanto. Tanto.

quarta-feira, junho 17, 2009

Singular outra vez

Acabadinho de fazer mais um que só sai para a semana (e que, por isso, só aparece aqui daqui a duas semanas), aqui fica o da semana passada que deixa hoje de estar nas bancas:

Miike Snow - Animal Spinner

"Toxic", de Britney Spears, é sem dúvida uma das melhores canções dos anos 2000. Até os detractores de Britney e da (sua) pop admitem que há ali algo de muito especial. Muita da culpa disso é da dupla Bloodshy & Avant que a produziu. Que agora, com Andrew Wyatt, perfazem os Miike Snow. "Animal" só é possível num mundo pós-Vampire Weekend, onde um balanço jamaicano não é vergonha na pop. É um pouco Police, sem um lado tão rock (e sem uma banda propriamente dita), mais sueco e mais actual.

Dizzee Rascal e Armand Van Helden - Bonkers YouTube

É mais um número para Dizzee Rascal, o menino-prodígio do grime que só no ano passado chegou ao top britânico. Na altura foi "Dance Wiv Me", com Calvin Harris a seu lado – tema excelente que os puristas continuam a injustiçar. Agora é Armand Van Helden, o maior hip-hopper do mundo da house, que o ajuda a criar um êxito. Numa época em que a distorção e a compressão francesa são o novo rock'n'roll (via Justice e quejandos), "Bonkers", com o toque particular de Van Helden, fica mesmo em casa. Rascal, como sempre, cospe fogo por cima da batida.

DJ Ride - Beat Journey YouTube

"Beat Journey" é a espécie de single tirado do EP com o mesmo nome que saiu pela Optimus Discos. Com relativa calma, junta uma linha de baixo pungente, dezenas de batidas diferentes, samples de vozes, sirenes, sintetizadores dos anos 80 e chocalhos como se se tratasse de "Peter Piper" dos Run DMC. E é um exercício de corte e colagem (com elementos originais) digno de um DJ Shadow. Ou não fosse DJ Ride – apesar da insistência no drum'n'bass – um dos mais excitantes produtores/DJs de hip-hop português a aparecer por aí recentemente.

segunda-feira, junho 15, 2009

Gostar de bandas de amigos é estúpido

Só que a banda nova do Afonso é fenomenal (e a barba do Salvador, que não está no seu esplendor máximo naquelas fotografias, é magistral). You Can't Win, Charlie Brown. O que me impressiona ainda mais é a pura força da natureza que é a imitação do Tom Waits que ele consegue fazer, algo que me deixa boquiaberto e, infelizmente, não parece estar gravado. E gostei do que o Luís tocou no Portugal no Coração. Se eles me perguntarem, claro, não gosto de nada disto. Porque gostar de bandas de amigos não é nada fixe.

E já que estou nisto...

É delicioso estar à espera no metro e ver a cara do Zach Galifianakis em cartazes do Hangover. Enche-me de orgulho, o meu menino. Será que ficou finalmente uma estrela propriamente dita?

Senhor do Adeus

Alguém tem estado a ler com atenção o que o João Manuel Serra diz sobre os filmes que vai ver ao domingo ao Monumental? O Senhor do Adeus é o melhor blogue de todo o sempre neste preciso momento.

Dana Carvey e Robert Smigel

Duas pessoas incríveis falam sobre o falhado Dana Carvey Show, um dos programas de televisão mais importantes dos últimos 15 anos (e, basicamente, uma das equipas de argumentistas mais talentosa alguma vez reunida: Robert Smigel, Louis C.K., Charlie Kaufman, Steve Carell, Stephen Colbert, etc.). É no AV Club do Onion, o único sítio do mundo que satisfaz a minha necessidade semanal de ler heróis a falar sobre a maneira como caminham entre a inteligência e a estupidez.

Singular

Quando a Time Out começou havia uma rubrica semanal chamada Singular sobre singles e canções avulsas. Desapareceu, mas agora voltou. Como os textos não aparecem no site da revista, decidi publicar aqui os que sou eu a escrever. É algo que me dá imenso gozo. A edição que ainda está nas bancas fala de Miike Snow, Dizzee Rascal com Armand Van Helden e de DJ Ride (só malhas). Comprem, comprem.

Edição de 3 de Junho:

Modest Mouse - Satellite Skin MySpace

"Satellite Skin", o primeiro single do próximo EP dos Modest Mouse, não é um êxito à medida das rádios como era "Float On" há cinco anos. Não há refrão propriamente dito – além de um riff de guitarra com uma voz a falar lá atrás – pára a meio e Isaac Brock, o vocalista, não se cansa de estar chateado (a voz dele é sempre assim). A guitarra, apesar de Johnny Marr dos Smiths ser membro da banda, podia ter sido tirada da fase mais indie dos Blur. Não trará fãs, mas os Modest Mouse continuam no nível que fez deles uma das bandas rock mais estranhas a entrar no mainstream nesta década.

Yeah Yeah Yeahs - Zero (RAC Mix) RCRD LBL

Há várias remisturas de "Zero" dos Yeah Yeah Yeahs. Uma delas, dos Animal Collective, falha redondamente. Transforma esta canção perfeita para festas dançantes de adolescentes – não é à toa que já apareceu num episódio de Gossip Girl – numa canção aborrecida. Mas esta, dos RAC – Remix Artist Collective, um grupo liderado por um português radicado nos Estados Unidos – torna-a ainda mais anos 80 – mas pouco nostálgica – sem estragar a essência.

Orelha Negra - LORD MySpace

Os Orelha Negra juntam Sam The Kid a membros dos Spaceboys e dos Yellow W Van. Não que se saiba ao olhar para o MySpace deles. Só existe uma fotografia: os corpos dos músicos servem de extensão a capas de vinil com as caras de Marvin Gaye, Damon Harris, Paulo de Carvalho, Roberto Carlos e Madlib. "LORD" mostra uma banda onde não se sabe onde acabam os samples e começam os músicos. As vozes e o piano são samplados (?) de música negra, mas há uma guitarra surf/rock'n'roll e um órgão que vêm de outro lado. Promete.

27 de Maio:

Major Lazer - Hold the Line MySpace

Supostamente, Major Lazer não é o projecto de dancehall de Switch e Diplo – "os produtores de M.I.A.", apesar de serem muito mais que isso. É, sim, um soldado jamaicano sem braços (mas são eles). "Hold the Line" é o seu primeiro single e conta com uma guitarra surf rock quase ao estilo de "Misirlou", a voz de Santigold e Mr. Lexx, muito pouca percussão, telemóveis a vibrar e vozes quase robotizadas. Simples e muito, mas muito eficaz.

Rye Rye feat. M.I.A. - Bang (WTF I asked for a kuduro remix by Buraka Som Sistema) Mad Decent

A adolescente Rye Rye é uma protegida de M.I.A.. Não é uma grande rapper, mas tem garra e a voz dela não é má de todo a dizer palavras de ordem. A Mad Decent, editora de Diplo, pediu aos Buraka Som Sistema – os americanos e a blogosfera não se cansam deles – uma remistura de "Bang", o seu primeiro single. Só que não lhe puseram kuduro em cima (daí o nome): usam sirenes, pistolas e outros efeitos de festa por cima de várias batidas que remetem para muitos géneros de música de dança – uma delas parte do "amen break", a base do drum'n'bass e de muito hip-hop.

Clipse feat. Kanye West - Kinda Like a Big Deal Re-Up Gang Records

Uma mudança de ares para os manos Thornton, o duo conhecido como Clipse. Não há as histórias complexas da vida e da venda de droga no gueto, nem os instrumentais completamente fora (e mágicos) dos Neptunes (a produção é de DJ Khalil). Aqui gabam-se de poder gastar dinheiro à grande e à francesa durante a recessão por cima de um riff de guitarra. Kanye West dá uma perninha e está à altura dos irmãos. É tudo (uma boa) mentira, provavelmente: os Clipse não vendem realmente droga, não vendem discos e não têm um êxito desde 2002.

quinta-feira, junho 04, 2009

Barbas

Também tenho um blog sobre barbas, algo que sempre foi um fascínio meu. Agora ainda mais, que voltei a deixar crescer uma. Ainda não está ao nível da do Zach Galifianakis (por falar nisso, a Esquire entrevistou-o), mas já impõe respeito. É ver quanto tempo aguento com ela.