sexta-feira, março 18, 2011

Ferrell e Rodgers

Por falar em Ferrell, não fazia ideia de que o Nile Rodgers tinha sido responsável por esta pérola, o que só prova a minha teoria de que o Rodgers é uma espécie de divindade.



Quer-se dizer, poderia alguém que não fosse uma divindade vestir-se assim?

Como um boss

Depois de ter ouvido, de manhã, o Adam McKay a falar de como constrói os filmes com ele, ontem à noite lembrámo-nos do quão grande é o Will Ferrell e de como, sempre que ele abre a boca para cantar (e não só, claro), o mundo é um sítio bastante melhor. É uma delícia quando, muito raramente, a melhor pessoa a fazer uma coisa é também a pessoa mais bem sucedida e conhecida. Faz-nos ter fé na humanidade, o que não é fácil. Era só isto.

quarta-feira, março 16, 2011

Cantor de rap

O gigante Nate Dogg morreu. Às vezes lia em jornais aparentemente sérios como o Público a detestável expressão "cantor de rap" para se referirem a um rapper. Em que é que eu pensava quando lia "cantor de rap"? No Nate Dogg, o tipo que, antes do auto-tune, cantava os refrães todos da malta da Death Row. Não era, certamente, num rapper. Ironicamente, o gajo morre e o Público noticia a morte de um rapper, coisa que ele não era propriamente.

quinta-feira, março 10, 2011

Lowe

Afinal existe justiça no mundo.

Lowe

Temo-nos todos divertido imenso com o Charlie Sheen, mas é muito grave se ele for substituído pelo Rob Lowe no Two and a Half Men. É impossível sublinhar o quão má e detestável a série é, e pensar que o Lowe – uma pessoa que, tal como o Paul Rudd, é ao mesmo tempo hilariante, bonito, talentoso e adorável – pode deixar o Parks and Recreation, onde faz um trabalho maravilhoso como uma personagem que está constantemente feliz, e começar a trabalhar numa das maior abominações da sociedade ocidental é assustador. Tenho medo, muito medo.

terça-feira, março 08, 2011

Return of the Mac

O Prodigy saiu ontem da prisão, onde esteve durante anos não sei por que raio (nem quero saber, por medo). Só me lembro de que o Return of the Mac era incrível e esta cantiga nova tem um beat magistral, naquela onda de "vivemos no início dos anos 90" contra a qual não tenho nada se for tão bem feita como é aqui.

Fiasco

Era 2005 e, por cima de um sample da "Move On Up" do Curtis Mayfield, o Kanye West tocava o céu. Algures a meio aparecia um tipo vindo do nada, alguém de quem nunca tinha ouvido falar, que se apresentava ao mundo com "Yes, yes, guess who's on third? Lupe still like Lupin the Third." Fiquei impressionado, o flow era incrível, cheio de personalidade. Seguiu-se "Kick, Push", um clássico moderno, e um disco que tinha algumas malhas fixes. O sucessor não era tão bom, mas ainda tinha um bocadinho de nada porreiro. Não me lembro – por ser tão mau – do que é que aconteceu entretanto, mas ontem chegou-me o Lasers às mãos e fiquei verdadeiramente triste. Onde é que este gajo errou? Por quê? Tanta promessa, tanto talento e depois...tanta parvoíce. Não perdi o respeito por ele quando, numa homenagem aos A Tribe Called Quest – que, quando apareceu, dizia nunca ter ouvido –, disse "I lik'em yellow, brown, Puerto-rican and Haitian" – qualquer pessoa que tenha martelado até à exaustão a "Electric Relaxation" sabe que o Phife diz "I lik'em brown, yellow", o que é totalmente diferente – e depois se esquece do resto da letra. Mas, foda-se, Lasers é tão, cheio de tão maus beats (a sério, não há ninguém escolha mais mal beats no mundo inteiro), armado em Black Eyed Peas (há um gajo qualquer chamado MDMA ou que é que canta três refrães nojentos), a almejar ser a banda sonora irritante de uma ida à Pull & Bear num sábado à tarde. Há três que se safam, e o Lupe Fiasco ainda tem talento, mas é tão mal usado que chega a ser confrangedor. O gajo não podia, tipo, contratar o Rick Ross ou alguém do género para lhe escolher beats? A sério, esse gajo sabe.

domingo, março 06, 2011

Knowing

Quando era miúdo sonhava com ter à minha disposição todos os episódios alguma vez feitos dos Simpsons para poder vê-los quando quisesse. Achava que dessa forma nunca poderia estar aborrecido, nem sequer triste. Mesmo que visse episódios repetidos, eram tantos e tão densos que era impossível lembrar-me de tudo e, mesmo assim, não tenho nada contra rir-me outra vez das mesmas piadas se estas forem realmente boas. Sem o James L. Brooks, produtor executivo daquilo, a série nunca teria sido a mesma (além do nome dele ter aberto portas, consta que há pouca gente como ele a saber dar a volta a histórias e piadas que não funcionam). Já para não falar do facto de, algures nos anos 90, o Brooks ter reparado num menino chamado Wes Anderson e ter servido de mentor dele, tanto em termos de escrita como em termos de negócio. Ou seja, não era preciso adorar os filmes dele para adorá-lo. Mas também os adoro.
Vi o As Good as it Gets em 1998. Não sei por que raio, mas uma professora e um colega tinham recomendado o filme na aula, o que não era propriamente comum nas aulas do sexto ano. Acho que fui a um aniversário qualquer no Burger King e depois atravessei a rua para ir às Amoreiras ver o filme com a minha família. Não me lembro assim tanto de pormenores do género sobre outros filmes que vi na altura, por isso deve querer dizer alguma coisa. O essencial é: ninguém escreve personagens (e relações entre elas) e diálogos como o James L. Brooks (o meu irmão, que raramente decora citações de filmes na perfeição – como qualquer pessoa normal, engana-se sempre numa ou outra palavra –, ainda hoje sabe de cor a parte em que o Jack Nicholson apresenta a Helen Hunt ao Greg Kinnear: "Carol the waitress, Simon the fag"). E isso ainda hoje é verdade.
Apesar de o How Do You Know? ser fraquinho, não é mau. O Paul Rudd continua a ser o tipo mais adorável de sempre, das poucas pessoas no mundo com quem é impossível embirrar e das raras pessoas que têm talento, beleza e piada ao mesmo tempo, e vai bem, tal com o Owen Wilson. Não gosto da Reese Witherspoon, mas também não vai mal. O problema é que o Jack Nicholson nunca, nem num milhão de anos, seria o pai do Paul Rudd, e parece só estar no filme porque o James L. Brooks acha que ele é o melhor actor de sempre, o filme tem meia hora a mais – o Brooks, que tanto entretenimento me proporcionou ao longo dos anos, aborreceu-me num ou noutro momento – e parece, superficialmente, uma comédia romântica banal, apesar de não ser (a sala estava quase cheia, mas quase ninguém se riu das piadas, se calhar há ali qualquer coisa que, em termos de tom ou de ritmo de piadas, não bate certo, mas eu ri-me na mesma; isto se calhar explica o facto de ter sido um flop) e de dar voltas inteligentes aos lugares comuns do género. Não consigo perceber por que raio é que levou tanta porrada. Não é o Broadcast News? Claro que não, nenhum filme é o Broadcast News, porra. O James L. Brooks pode ter sido ultrapassado pelos discípulos dele (o James L. Brooks é muito mais um escritor do que um realizador, e o Wes Anderson é ambos e o Judd Apatow – fã confesso – anda a aproximar-se do nível dele e nunca fez, como realizador, nada tão fraco como este How Do You Know?), mas não ficou senil e não deixou de saber escrever. E isso é muito importante.

quinta-feira, março 03, 2011

Anne & Jerry 2

Já voltaram, sobre os Óscares e quão bom era o frango nos jantares dos Emmy e dos Tony a que foram. Delicioso e adorável, como sempre.

Foda-se

Num país onde o talento é recompensado, o Tim e o Eric (do Awesome Show, Great Job!, que é a coisa estranha mais hilariante do mundo) juntam os seguintes nomes no elenco do primeiro filme que vão fazer: o Will Ferrell e o Zach Galifianakis (que são o Will Ferrell e o Zach Galifianakis), o Will Forte (que é o MacGruber e partiu loiça como convidado no 30 Rock e no Flight of the Conchords), o Jeff Goldblum (ainda não me saiu da cabeça aquele dueto com o Biz Markie), o John C. Reilly (lembrei-me recentemente da canção incrível que ele cantou nos Óscares há uns anos sobre o facto de a comédia nunca ganhar prémios, ele mencionava o facto de que apareceu no Talladega e no Boogie Nights), o Robert Loggia (nem sabia que ainda estava vivo, pensava que ou o Al Pacino o tinha morto no Scarface ou o Tom Hanks o tinha cansado até à morte com aquele piano de pés do Big) e o William Atherton (o douchebag burocrata por excelência dos anos 80, a sério, o Die Hard e o Ghostbusters – duas das coisas mais puras e bonitas que o mundo já conheceu – não seriam tão incríveis sem ele). Por cá, A Família Mata. Não há por onde falhar.

quarta-feira, março 02, 2011

30 Rock

Por muito que o Luís diga que o 30 Rock anda fraquinho – e ele tem razão, até certo ponto –, o Alec Baldwin continua a ser a razão pela qual me levanto todos os dias. O que me lembra este discurso tocante da Tina Fey e a citação do Michael Keaton que me fez perceber que não era só a voz do Baldwin (algo que me faz preferir o Royal Tenenbaums ao Rushmore: pode ter menos Bill Murray, mas tem a narração do Alec Baldwin) que me fascinava, era também o cabelo: When you look at the [clip] reel of this guy ... and the photographs and pictures, and you see the range of the things he’s done ... I think to myself, What an extraordinary head of hair this man has. No, he does.

terça-feira, março 01, 2011

Sopranos, misoginia e os Óscares

No This Recording, um must-read da Molly Lambert. Sou um gajo (tipo é mais simpático, não é?), sim, e gosto imenso de mamas (e de rabos, e ainda bem que nunca tive de fazer a escolha que o Kenny "Fucking" Powers teve de fazer na segunda temporada do Eastbound and Down), mas muitas vezes sinto-me como o Ira Wright, a personagem do Seth Rogen no Funny People (e, por falar nisso, ele sempre achei que ele escrevia muito bem para mulheres, e até antes disto):

My friends are very sexually aggressive, which is hard for me. You know, we’ll watch television and they’ll just see a hot girl will come on and they’ll just be, “Man, I wanna fuck the shit out of that girl, man!… I’m gonna fuck that girl!” And I, like, can’t even say that. I can’t even pretend I would do that. I see a hot girl on TV and I’m like, “Man, I would friend the shit out of her!… I’d friend her all night! I would be her girlfriend!… I would drive her to the airport, man!… I would hold her purse while she shopped, all over her tits!

Entre as coisas que mais quero ver em 2011 contam-se o Bridesmaids (e não é só por ter sido realizado pelo Paul Feig – que terá para sempre um espaço reservado dentro do meu coração –, é por todas as mulheres envolvidas e por parecer ter realmente muita piada, se bem que ache que é um pouco ofensivo ninguém ter convidado a Mindy Kaling – que, a par da Abby Elliott, foi a melhor parte do Friends With Benefits –, quer dizer, tipo, a Ellie Kemper tornou o Somewhere mais tolerável) e a adaptação televisiva do I Don't Care About Your Band, o livro incrível da Julie Klausner que é tipo Sexo e a Cidade, mas em bom (sem ter nada a ver, claro, que ter isso como referência máxima e almejar fazer humor com esse universo como objectivo nunca fez bem a ninguém). Vai ser com a Lizzy Caplan, e não há ninguém melhor no mundo. Por falar em Klausner, lembrei-me desta citação dela numa entrevista:

Q: What do you hope to see from ladies in comedy in the future?
A: I want the funny best girl friend in comedy movies to be every bit as fucking fat as the leading man.


Eu também quero ver isso. O mundo só tem a ganhar com isso. E não, não é com aberrações do Chuck Lorre que vamos lá.

(por outro lado, também tenho medo de que isto pareça uma daquelas cenas do género "não sou racista, tenho imensos amigos pretos" ou "não sou homofóbico, gosto de duas canções do Elton John" – ainda por cima gosto de muito mais que duas)

Anne & Jerry

Um dos pontos altos das minhas semanas é ver, às segundas-feiras, os vídeos da Anne Meara e do Jerry Stiller – os pais do Ben Stiller – a improvisar sobre a actualidade. Gente que é casada há mais de 55 anos, que tem piada natural para dar e vender – e para passar de geração em geração. A cereja no topo do bolo é que, como qualquer pessoa com dois dedos de testa, não gostam do Dane Cook. É terça-feira e ainda não há episódio desta semana. O Jerry Stiller tem 83 anos, a Anne Meara 81. Deverei ficar preocupado?

Comunidade

Com o The League, o Jon Lajoie ensinou-me o que eram eskimo brothers, ou seja, esquimós que partilharam o mesmo igloo, dois rapazes que se tornaram amigos porque ambos usufruiram da companhia da mesma rapariga. Mais recentemente, no terrível Friends With Benefits, o Ludacris, além de ter usado a pior selecção de camisas que já vi num filme (e de ter continuado o que faz na "Area Codes" ao fazer ainda mais um trocadilho com "ho", algo que eu não achava fisicamente possível depois dessa tour-de-force) , mostrou-me o que era um tunnel buddy, que é mais ou menos a mesma coisa, só que sem a parte da amizade. Nunca na vida conheceria estas expressões ou estes contextos se não fosse esta gente e quase que vivo vicariamente através dessas personagens. Por isso é que gosto tanto do Abed do Community: tudo o que ele aprendeu sobre a vida e as relações foi através da televisão. Não sou totalmente assim – tenho, sei lá, uma vida e tal –, mas é uma das razões que fazem com que o Community seja a minha série favorita neste momento. É isso e os quatro episódios da série que são verdadeiras obras-primas: o do paintball, o do filme da máfia, o de Natal e o do Dungeons & Dragons (se eu fosse realmente como o Abed ou como o Judd Apatow saberia de os títulos deles, mas devo voltar a sublinhar que tenho uma vida e, por isso, não sei...vá, pronto, sei que o do paintball se chama Modern Warfare).

Charlie Sheen

O melhor disto tudo é que o Charlie Sheen, depois de anos a tentar, está finalmente a ter piada.