Era 2005 e, por cima de um sample da "Move On Up" do Curtis Mayfield, o Kanye West tocava o céu. Algures a meio aparecia um tipo vindo do nada, alguém de quem nunca tinha ouvido falar, que se apresentava ao mundo com "Yes, yes, guess who's on third? Lupe still like Lupin the Third." Fiquei impressionado, o flow era incrível, cheio de personalidade. Seguiu-se "Kick, Push", um clássico moderno, e um disco que tinha algumas malhas fixes. O sucessor não era tão bom, mas ainda tinha um bocadinho de nada porreiro. Não me lembro – por ser tão mau – do que é que aconteceu entretanto, mas ontem chegou-me o Lasers às mãos e fiquei verdadeiramente triste. Onde é que este gajo errou? Por quê? Tanta promessa, tanto talento e depois...tanta parvoíce. Não perdi o respeito por ele quando, numa homenagem aos A Tribe Called Quest – que, quando apareceu, dizia nunca ter ouvido –, disse "I lik'em yellow, brown, Puerto-rican and Haitian" – qualquer pessoa que tenha martelado até à exaustão a "Electric Relaxation" sabe que o Phife diz "I lik'em brown, yellow", o que é totalmente diferente – e depois se esquece do resto da letra. Mas, foda-se, Lasers é tão, cheio de tão maus beats (a sério, não há ninguém escolha mais mal beats no mundo inteiro), armado em Black Eyed Peas (há um gajo qualquer chamado MDMA ou que é que canta três refrães nojentos), a almejar ser a banda sonora irritante de uma ida à Pull & Bear num sábado à tarde. Há três que se safam, e o Lupe Fiasco ainda tem talento, mas é tão mal usado que chega a ser confrangedor. O gajo não podia, tipo, contratar o Rick Ross ou alguém do género para lhe escolher beats? A sério, esse gajo sabe.
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