sábado, janeiro 06, 2007

Cinco acontecimentos absolutamente indispensáveis de 2006

2006 foi um ano do caraças. Pessoal e musicalmente. Não sei se fui a mais ou menos concertos que em 2005 ou 2004, mas rendeu na mesma. O meu ano em cinco acontecimentos:

05. O ballet ao som de Milk Man dos Deerhoof Uma escola qualquer não-sei-onde pôs puto a tocar e a dançar ao som do Milk Man (tocado pelos putos, claro) e gente a dançar. No meu tempo fazíamos coisas ao som de Chick Corea e éramos mesmo mesmo mesmo parvos, não tínhamos indie-cred nenhuma. Oh meu Deus, porque é que não criaste o Milk Man nos anos 90? Na mesma onda: a dança dos coelhos no Lux, foda-se. Melhor banda do mundo? Uma das.

04. "I know you can feel the magic, baby." Todos nós a sentimos. Foi agora em Dezembro. "Black Republican", pessoal. Ou como pôr para trás das costas anos e anos de rivalidade e fazer magia. Os sopros, tirados da banda sonora do Godfather II, funcionam tão bem. Tão bem. E estão em ambos em grande. Falo, é claro, da primeira colaboração de Nas e Jay-Z. E foi tão mágico quanto todos esperávamos e quanto Jigga diz.

03. A morte J. Dilla e James Brown e um porradão de gente. O Robert Altman. Se calhar sou eu que tenho um medo desmesurado da morte. Não sei. Talvez seja. Mas há tragédias horríveis. Não me estou a lembrar de mais ninguém agora, mas morreu muita gente este ano. Mário Cesariny. Mais gente. Não sei quem mais. Grant McLennan, meu Deus. Alguém que eu vi ao vivo. Bolas. Como o Ali Farka Touré que eu vi em 2005. Acho que são as únicas duas pessoas que vi num palco e morreram, pelo menos que me lembre. O Arthur Lee também morreu. Nunca o vi em lado nenhum. Houve tanta gente a morrer, morre tanta gente. É triste. Morrer gente é triste.

02. Kanye West em Oeiras Cada vez que ouço uma canção dele lembro-me porque é que gosto tanto daquilo. Às vezes esqueço-me. A arrogância e a excessiva auto-confiança dele transformam-no numa pessoa facilmente detestável. Mas em cima de um palco daqueles, os samples de voz acelerados (ninguém os faz como ele, o Just Blaze e o RZA que me desculpem), toda a essência da pop em retirar o melhor de tudo o que já é de si bom associados a alguém que, até há bem pouco tempo, era apenas um puto que fazia beats e não rimava nem nada que se parecesse. Mas quis tanto que se tornou estrela. E ficou cada vez maior. O seu ego também, mas há ali qualquer coisa que transparece ao vê-lo ao vivo, à nossa frente, maior do que a vida, há algo que nos remete para o fã, para o sonhador, para o puto. E há a música.

01. Snakes on a Plane Pessoalmente, é o meu filme favorito de sempre. Talvez. Mas não pelo filme em si. Do ponto de vista cultural, é algo que vale realmente a pena. Mesmo que o filme não existisse, só a ideia e o pretexto é algo que é importantíssimo. É o maior acontecimento de sempre. Samuel L. Jackson, avião, cobras. Não há mais nada. É só esta ideia. Há uma ideia e há uma realização. Se não existisse a realização, haveria sempre a ideia. E bastaria. A realização não é assim tão boa. Podia ser muito melhor (pior). Mas "Ophidiophobia" é, talvez, a melhor canção de sempre. Raios. Porque é que eu minto sempre? Mas adoro. Sempre que o Cee-Lo Green entra em canções destas, em theme songs, cria clássicos. Já foi assim no disco de Danger Doom. A voz dele é tão estupidamente boa, e aquele refrão...e depois "I'm tired of these motherfuckin' snakes on this motherfuckin' plane." Grande, grande, grande.

Sem comentários: