Os Black Eyed Peas são uma banda detestável. Uma máquina de fazer péssimas coisas que não pára. A recuperação do Sérgio Mendes num modo incrivelmente mau é insultuosa. A Fergie é uma das pessoas mais odiáveis de todo o sempre, etc. Dizem que há coisas boas no início, mas não me apetece acreditar nisso. Há cinco anos ouvi um disco deles e pareceu-me francamente horrível. Passado o horror, o senhor will.i.am deu-nos em 2006 cinco razões para não o odiarmos. Aqui vão:
5. Busta Rhymes - I Love My Bitch (feat. Kelis) Haverá algo mais estúpido que o refrão desta canção? "- I love my nigga - Yup, yup, I love my bitch". Poesia. Isto é poesia. Mas quem é que espera do Busta Rhymes, nesta altura do campeonato, mais do que isso? Ninguém. Basta ir a The Shining, o último disco do J. Dilla, com uma introdução aborrecidíssima e completamente supérflua do homem. "Bitch, bitch, fuck this" ou algo parecido. Já me esqueci, na verdade. "I Love My Bitch" é o will.i.am em modo Neptunes, mas com um beat e melodias memoráveis. Bom.
4. John Legend - Slow Dance John Legend continua a aparar a sua barba. É um bocado irritante o facto de estar tão meticulosamente bem aparada. Mas John Legend teve Let's Get Lifted. E agora tem Once Again. Pode ser considerado chato, a voz dele encontrou trejeitos estranhos, quando ouvi pela primeira vez "Save Room" nem me pareceu ele. É uma coisa mais adulta, mais madura, mais ponderada, mas que funciona extremamente bem para ele porque ele tem imensas miúdas no vídeo. "Save Room" também é de will.i.am, e os sopros e os "parapapa" tornam aquilo memorável ao fim de umas cinco audições. É um caso estranho de uma canção que eu prefiro quando me lembro dela e não a oiço. Mas no disco há "Slow Dance", que é uma das melhores de Once Again, a par de "Heaven" de Kanye West.
3. The Game - Compton Toda a gente sabe porque é que eu odeio The Game. Ele até me dedicou uma canção. Mentira, não foi ele, foi o Just Blaze, o Nas e a Marsha das Floetry. "Why You Hate The Game" é um épico. A única parte má é o próprio The Game. "Compton" é sobre como Compton é o local de nascimento do gangsta rap. The Game é um tipo estúpido que passa a vida a pedir um regresso aos valores do gangsta rap dos N.W.A. Não sabe fazer uma canção sem mencionar Eazy-E e, quando sabe, menciona Dr. Dre. Está sempre a falar do "legado" dos N.W.A. e isso irrita-me. Mas "Compton" é uma óptima canção pop. E o will.i.am não está detestável na prestação vocal dele. Porque só fala e não tenta rimar. E isso é extremamente louvável. Aquele sample do "Gangsta Boogie" apanha-me todas as vezes que o oiço, em qualquer lado.
2. Justin Timberlake - Damn Girl "My Love" é a obra-prima de Timbaland para Timberlake, mas "Damn Girl" também é grande. E é de will.i.am. Os versos dele não soam assim tão mal, mas são bastante maus, sim. Podemos ignorá-los perfeitamente. Futuresex/Lovesound é grande e, mesmo sendo a maioria das faixas produzidas por Timbaland e seguindo um esquema de entrusamento bastante bem pensando, "Damn Girl" não destoa nada lá dentro. É incrível como um tipo com um corte de cabelo horrível, membro de uma boys band estupidamente má, consegue rapar o cabelo, roubar um chapéu e uns passos de dança ao Michael Jackson, treinar um falsete invejável e contratar uns produtores bons e ficar a maior estrela pop dos nossos tempos. E em versão boa. Não podemos negá-lo. E ele até tem pinta para quem veio de onde veio. Ou talvez não. Mas tem mais que will.i.am.
1. Nas - Hip-Hop is Dead Esta é uma colaboração entre duas das pessoas mais mal vestidas dentro do hip-hop mais respeitável. O refrão é brutal, os cânticos de "hip-hop" no fim são enormes e will.i.am sabe quando se conter e quando não se conter. Bastante bom para quem nos deu "My Humps". Há um vídeo de uma actuação de ambos no programa do Jimmy Kimmel. A presença do will.i.am continua a ser incrivelmente irritante, mas até nem funciona mal. "Hip-hop has died this morning and she's dead, she's dead" é algo que fica mesmo bem naquele refrão. Claro que o hip-hop não morreu. Mas Nas sabe isso, perfeitamente. Qual é o mal de ter um single explosivo para marcar o seu primeiro disco na Def Jam e a sua amizade com Jay-Z? Qual é o mal de ser produzido por will.i.am? Nenhum. É até muito bom. "Hip-hop is Dead" é a canção irmã de "Compton", num estilo que podemos dizer facilmente que é will.i.am, ao contrário de, por exemplo, "I Love My Bitch". Um dos singles do ano, vindo de um sítio improvável.
É isto. Só não me peçam para gostar da roupa, da cara, da pose e dos movimentos dele. Nem da banda dele.
5. Busta Rhymes - I Love My Bitch (feat. Kelis) Haverá algo mais estúpido que o refrão desta canção? "- I love my nigga - Yup, yup, I love my bitch". Poesia. Isto é poesia. Mas quem é que espera do Busta Rhymes, nesta altura do campeonato, mais do que isso? Ninguém. Basta ir a The Shining, o último disco do J. Dilla, com uma introdução aborrecidíssima e completamente supérflua do homem. "Bitch, bitch, fuck this" ou algo parecido. Já me esqueci, na verdade. "I Love My Bitch" é o will.i.am em modo Neptunes, mas com um beat e melodias memoráveis. Bom.
4. John Legend - Slow Dance John Legend continua a aparar a sua barba. É um bocado irritante o facto de estar tão meticulosamente bem aparada. Mas John Legend teve Let's Get Lifted. E agora tem Once Again. Pode ser considerado chato, a voz dele encontrou trejeitos estranhos, quando ouvi pela primeira vez "Save Room" nem me pareceu ele. É uma coisa mais adulta, mais madura, mais ponderada, mas que funciona extremamente bem para ele porque ele tem imensas miúdas no vídeo. "Save Room" também é de will.i.am, e os sopros e os "parapapa" tornam aquilo memorável ao fim de umas cinco audições. É um caso estranho de uma canção que eu prefiro quando me lembro dela e não a oiço. Mas no disco há "Slow Dance", que é uma das melhores de Once Again, a par de "Heaven" de Kanye West.
3. The Game - Compton Toda a gente sabe porque é que eu odeio The Game. Ele até me dedicou uma canção. Mentira, não foi ele, foi o Just Blaze, o Nas e a Marsha das Floetry. "Why You Hate The Game" é um épico. A única parte má é o próprio The Game. "Compton" é sobre como Compton é o local de nascimento do gangsta rap. The Game é um tipo estúpido que passa a vida a pedir um regresso aos valores do gangsta rap dos N.W.A. Não sabe fazer uma canção sem mencionar Eazy-E e, quando sabe, menciona Dr. Dre. Está sempre a falar do "legado" dos N.W.A. e isso irrita-me. Mas "Compton" é uma óptima canção pop. E o will.i.am não está detestável na prestação vocal dele. Porque só fala e não tenta rimar. E isso é extremamente louvável. Aquele sample do "Gangsta Boogie" apanha-me todas as vezes que o oiço, em qualquer lado.
2. Justin Timberlake - Damn Girl "My Love" é a obra-prima de Timbaland para Timberlake, mas "Damn Girl" também é grande. E é de will.i.am. Os versos dele não soam assim tão mal, mas são bastante maus, sim. Podemos ignorá-los perfeitamente. Futuresex/Lovesound é grande e, mesmo sendo a maioria das faixas produzidas por Timbaland e seguindo um esquema de entrusamento bastante bem pensando, "Damn Girl" não destoa nada lá dentro. É incrível como um tipo com um corte de cabelo horrível, membro de uma boys band estupidamente má, consegue rapar o cabelo, roubar um chapéu e uns passos de dança ao Michael Jackson, treinar um falsete invejável e contratar uns produtores bons e ficar a maior estrela pop dos nossos tempos. E em versão boa. Não podemos negá-lo. E ele até tem pinta para quem veio de onde veio. Ou talvez não. Mas tem mais que will.i.am.
1. Nas - Hip-Hop is Dead Esta é uma colaboração entre duas das pessoas mais mal vestidas dentro do hip-hop mais respeitável. O refrão é brutal, os cânticos de "hip-hop" no fim são enormes e will.i.am sabe quando se conter e quando não se conter. Bastante bom para quem nos deu "My Humps". Há um vídeo de uma actuação de ambos no programa do Jimmy Kimmel. A presença do will.i.am continua a ser incrivelmente irritante, mas até nem funciona mal. "Hip-hop has died this morning and she's dead, she's dead" é algo que fica mesmo bem naquele refrão. Claro que o hip-hop não morreu. Mas Nas sabe isso, perfeitamente. Qual é o mal de ter um single explosivo para marcar o seu primeiro disco na Def Jam e a sua amizade com Jay-Z? Qual é o mal de ser produzido por will.i.am? Nenhum. É até muito bom. "Hip-hop is Dead" é a canção irmã de "Compton", num estilo que podemos dizer facilmente que é will.i.am, ao contrário de, por exemplo, "I Love My Bitch". Um dos singles do ano, vindo de um sítio improvável.
É isto. Só não me peçam para gostar da roupa, da cara, da pose e dos movimentos dele. Nem da banda dele.
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