By the way, if anyone here is in marketing or advertising... kill yourselves. Just planting seeds... No joke here, really, seriously, kill yourselves. You have no rationalization for what you do, you are Satan's little helpers, kill yourself, kill yourself, kill yourself now. - Bill Hicks
Talvez seja assim. Talvez não seja assim, porra. A propósito da malta da Elephant6, li há uns tempos, talvez no ano passado, um artigo acho que do New York Times, já com alguns anos, sobre a música na publicidade. Falava de como os Apples in Stereo reagiram às críticas dos fãs quando venderam um tema deles para publicidade (são um casal e tinham acabado de ter um filho e puderam finalmente comprar uma casa, mas os fãs estavam devastados porque era suposto eles serem muito underground e tal). Precisavam mesmo de dinheiro e venderam a alma ao diabo ou então a um carro, não sei. Nunca tive grande paciência para a maior parte da malta Elephant6, mas o Danger Mouse trabalhou com aquela gente numa loja de discos e chegou a fazer remisturas de Neutral Milk Hotel - Neutral Milk Hotel e Of Montreal são as duas únicas bandas de que gosto mesmo naquele universo -, por isso está tudo bem. O que até mostra mais promiscuidades com o mainstream. Mas não ficam por aí. Para um "colectivo" (não sei o que lhes chamar) que venera os Beach Boys e tem de tê-los em tudo, não faz muito sentido pensar em vender-se ou não, nessa velha questão parola.
Os Clash vendem carros, os Beatles também, a MTV abusa dos seguintes artistas em separadores e nos The Fabulous Life of...: Jurassic 5, Common, New Pornographers, Ted Leo & The Pharmacists, etc., por isso já nada dessas coisas fazem sentido. Mas não é por aí que quero ir. A primeira vez que ouvi o que quer que fosse do Jim O'Rourke foi há alguns anos, num anúncio da TMN. O tal artigo do New York Times dizia que os jovens que gostavam de música estavam a crescer, e que, como tal, arranjavam empregos em empresas de publicidade e assim e sacrificavam os seus ideais de juventude e punham a música de que gostavam nos anúncios. O anúncio da TMN era de uma campanha natalícia, e era o princípio de "Prelude to 110 or 220/ Women of the World", do Eureka. Lembro-me que na altura queríamos ter uma banda e, nesta varanda onde me encontro agora, juntámo-nos porque um de nós tirou de ouvido o riff de guitarra. Outro cantou, outro tocou bateria (ou o mesmo, não me lembro de nada), gravámos tudo no MiniDisc e eu não fiz nada a não ser tocar no botão para gravar. Dois de nós acabaram nos We Shall Say Only The Leaves, por isso deve ter sido uma experiência mais ou menos positiva.
Para mim, o próprio conceito de alguém se vender desvanece-se quando se começa a perder um preconceito quanto à música pop e, apesar de eu respeitar a integridade e o caraças do Q-Tip ou do Talib Kweli, por exemplo, não me posso esquecer que o Q-Tip canta o refrão no "Girls, Girls, Girls" do Jay-Z (um óptimo tema, e eu adoro o Jay-Z) e que o Talib Kweli aparece em reality-shows da MTV ao lado da Cameron Diaz e do Justin Timberlake. E ambos recorrem às produções dos Neptunes. Porque aí, longe do punk parvo que ouvia quando era ainda mais novo, e onde estas parvoíces faziam sentido (a Epitaph e a Fat Wreck e a Victory são editoras como todas as outras, o objectivo é vender), o que interessa no final de contas é a música.
Mas quando, por exemplo, ouço o novo tema dos Jurassic 5 que apareceu por aí, é o Dave Matthews que estraga tudo. Lembra-me aquele tema dos Long Beach Dub All Stars (eu era fã de Sublime na minha juventude mais longínqua) com os Black Eyed Peas horrivelmente mau, naquela mistura de "estamos na praia aqui todos boa onda" e hip-hop (só que os J5 são bons e os Black Eyed Peas nunca foram, por muitos Q-Tips que enganem para aparecer nos seus discos) que faz o genérico de uma das piores séries de sempre - Joey, e eu até gosto de Friends -, e, se isso já nem fazia sentido em 2001, muito menos em 2006, especialmente com a responsabilidade que os Jurassic 5 têm. O que interessa aí nem é o vender-se, provavelmente os Jurassic 5 vendem mais que a Dave Matthews Band (ou venderiam, num mundo justo), mas esta tentativa não só de juntar artistas bons e artistas maus (por muito bem que a banda do Dave Matthews toque, aquilo é horrível), mas também de os Jurassic 5 fazerem coisas sem o Cut Chemist, não resulta nada bem.
Mas, claro, há certas companhias que são o demónio, há certos artistas a quem nem devemos dar dinheiro, há certas coisas que fariam o Joe Strummer revirar-se na sua campa, e quem faz publicidade não devia conseguir dormir à noite, no final de contas o que conta é a música. E há demasiada música boa por aí para alguém ter preconceitos contra o que vende, contra o que ajuda a vender e contra o que é feito para vender. Ou talvez não e talvez devamos ignorar tudo o que passa na MTV (mas não o que passa na MTV2), por o mainstream era bem melhor nos anos 80 e já não se faz música a sério, valha-nos os revivalistas, viva os Editors que são os Interpol com sotaque inglês e os Bloc Party, só para dizermos que não somos racistas e gostamos de música negra.
Talvez seja assim. Talvez não seja assim, porra. A propósito da malta da Elephant6, li há uns tempos, talvez no ano passado, um artigo acho que do New York Times, já com alguns anos, sobre a música na publicidade. Falava de como os Apples in Stereo reagiram às críticas dos fãs quando venderam um tema deles para publicidade (são um casal e tinham acabado de ter um filho e puderam finalmente comprar uma casa, mas os fãs estavam devastados porque era suposto eles serem muito underground e tal). Precisavam mesmo de dinheiro e venderam a alma ao diabo ou então a um carro, não sei. Nunca tive grande paciência para a maior parte da malta Elephant6, mas o Danger Mouse trabalhou com aquela gente numa loja de discos e chegou a fazer remisturas de Neutral Milk Hotel - Neutral Milk Hotel e Of Montreal são as duas únicas bandas de que gosto mesmo naquele universo -, por isso está tudo bem. O que até mostra mais promiscuidades com o mainstream. Mas não ficam por aí. Para um "colectivo" (não sei o que lhes chamar) que venera os Beach Boys e tem de tê-los em tudo, não faz muito sentido pensar em vender-se ou não, nessa velha questão parola.
Os Clash vendem carros, os Beatles também, a MTV abusa dos seguintes artistas em separadores e nos The Fabulous Life of...: Jurassic 5, Common, New Pornographers, Ted Leo & The Pharmacists, etc., por isso já nada dessas coisas fazem sentido. Mas não é por aí que quero ir. A primeira vez que ouvi o que quer que fosse do Jim O'Rourke foi há alguns anos, num anúncio da TMN. O tal artigo do New York Times dizia que os jovens que gostavam de música estavam a crescer, e que, como tal, arranjavam empregos em empresas de publicidade e assim e sacrificavam os seus ideais de juventude e punham a música de que gostavam nos anúncios. O anúncio da TMN era de uma campanha natalícia, e era o princípio de "Prelude to 110 or 220/ Women of the World", do Eureka. Lembro-me que na altura queríamos ter uma banda e, nesta varanda onde me encontro agora, juntámo-nos porque um de nós tirou de ouvido o riff de guitarra. Outro cantou, outro tocou bateria (ou o mesmo, não me lembro de nada), gravámos tudo no MiniDisc e eu não fiz nada a não ser tocar no botão para gravar. Dois de nós acabaram nos We Shall Say Only The Leaves, por isso deve ter sido uma experiência mais ou menos positiva.
Para mim, o próprio conceito de alguém se vender desvanece-se quando se começa a perder um preconceito quanto à música pop e, apesar de eu respeitar a integridade e o caraças do Q-Tip ou do Talib Kweli, por exemplo, não me posso esquecer que o Q-Tip canta o refrão no "Girls, Girls, Girls" do Jay-Z (um óptimo tema, e eu adoro o Jay-Z) e que o Talib Kweli aparece em reality-shows da MTV ao lado da Cameron Diaz e do Justin Timberlake. E ambos recorrem às produções dos Neptunes. Porque aí, longe do punk parvo que ouvia quando era ainda mais novo, e onde estas parvoíces faziam sentido (a Epitaph e a Fat Wreck e a Victory são editoras como todas as outras, o objectivo é vender), o que interessa no final de contas é a música.
Mas quando, por exemplo, ouço o novo tema dos Jurassic 5 que apareceu por aí, é o Dave Matthews que estraga tudo. Lembra-me aquele tema dos Long Beach Dub All Stars (eu era fã de Sublime na minha juventude mais longínqua) com os Black Eyed Peas horrivelmente mau, naquela mistura de "estamos na praia aqui todos boa onda" e hip-hop (só que os J5 são bons e os Black Eyed Peas nunca foram, por muitos Q-Tips que enganem para aparecer nos seus discos) que faz o genérico de uma das piores séries de sempre - Joey, e eu até gosto de Friends -, e, se isso já nem fazia sentido em 2001, muito menos em 2006, especialmente com a responsabilidade que os Jurassic 5 têm. O que interessa aí nem é o vender-se, provavelmente os Jurassic 5 vendem mais que a Dave Matthews Band (ou venderiam, num mundo justo), mas esta tentativa não só de juntar artistas bons e artistas maus (por muito bem que a banda do Dave Matthews toque, aquilo é horrível), mas também de os Jurassic 5 fazerem coisas sem o Cut Chemist, não resulta nada bem.
Mas, claro, há certas companhias que são o demónio, há certos artistas a quem nem devemos dar dinheiro, há certas coisas que fariam o Joe Strummer revirar-se na sua campa, e quem faz publicidade não devia conseguir dormir à noite, no final de contas o que conta é a música. E há demasiada música boa por aí para alguém ter preconceitos contra o que vende, contra o que ajuda a vender e contra o que é feito para vender. Ou talvez não e talvez devamos ignorar tudo o que passa na MTV (mas não o que passa na MTV2), por o mainstream era bem melhor nos anos 80 e já não se faz música a sério, valha-nos os revivalistas, viva os Editors que são os Interpol com sotaque inglês e os Bloc Party, só para dizermos que não somos racistas e gostamos de música negra.
1 comentário:
Estou-me a marimbar para esses fãs fundamentalistas do indie. Quando era mais tinha um pouco essa atitude (género "se a minha banda é conhecida por muitas mais pessoas, deixo de gostar dela"), mas não fazia qualquer sentido. O que é bom tem que ser divulgado. O público alvo será atingido e ao restante passará ao lado.
Lembro-me perfeitamente dessa cena do Jom O'Rourke e tb de um tema do Amon Tobim. Dos Stereo Total num de telemóveis, dos Papas Fritas num de pastilhas elásticas...
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