Bill Murray, o meu herói pessoal, faz 60 anos.
terça-feira, setembro 21, 2010
segunda-feira, setembro 20, 2010
Crime
É criminoso viver no mundo, respirar e não ler isto todos os dias.
sexta-feira, setembro 10, 2010
Betos
Há uns meses, entrevistei o Rostam Batmanglij e, além de me ter esquecido de lhe perguntar, como provavelmente lhe perguntaram mil vezes, se não era estranho ter como apelido "BATMANglij" e pertencer a uma banda chamada "Vampire Weekend", deu-me para falar sobre o mundo dos betos. "Cresci à volta dele, até certo ponto, mas nunca senti que fosse o meu mundo", disse-me ele, e eu apressei-me a dizer que também tinha sido assim comigo. Antes disso, contou-me que o seu interesse nesse mundo era puramente estético. Tal como o meu. Porque, apesar de eu vestir praticamente só camisas e polos, usar sapatos de vela e nunca andar desfraldado – "qualidades" que se podem aplicar apenas a betos vintage, e que pouca ou nenhuma importância têm hoje em dia –, orgulho-me de pouco ou nada ter a ver com betos a sério. Isto porque a generalidade dos betos inclui algumas das PIORES PESSOAS QUE JÁ EXISTIRAM NO MUNDO. Gente racista, misógina, ignorante, estúpida, sexista, homofóbica, altamente idiota, sem horizontes para expandir, com mentalidades fechadas e retrógadas e atitudes altamente detestáveis. Acabo de perceber que podia dizer isto tudo do Archie Bunker, mas o Archie Bunker tinha um coração e não fazia por mal. Os betos fazem por mal. Pode ser como tudo na vida, todos os grupos têm pessoas boas, pessoas más, pessoas assim-assim e o caraças. Não quero dizer que o campino do símbolo da Ralph Lauren torna as pessoas piores, mas hoje, depois de, na semana passada, ter lidado com betos poucos sérios que têm um ar bastante vintage e são uns idiotas de merda, apetece-me odiar betos, tendo em conta que as piores pessoas com que já me cruzei na vida eram betos. Ainda vou, contudo, gostar do Whit Stillman e divertir-me.
quarta-feira, setembro 08, 2010
Comic Sans
O Casamento a Três é um filme que existe e, além de ser terrível, usa Comic Sans MS nos créditos e no genérico. Isto não é uma piada. O filme saiu mesmo para as salas. Assusta-me um bocadinho de nada ninguém ter reparado que havia Comic Sans envolvido.
domingo, setembro 05, 2010
Comercialidade
Ontem à noite, num casamento, pediram-me para passar algo mais comercial. O que é que estava a tocar nessa altura? Michael Jackson. E não era uma faixa obscura do meio de um álbum. Era a porra do "Thriller". Não sei se quero viver num mundo em que há algo mais comercial que o Michael Jackson. Não era essa a magia da coisa? Um artista em que todos podíamos concordar, que todos podíamos adorar, canções universais, que são boas e das quais toda a gente gosta, que partem qualquer pista de dança ao meio, que levam qualquer pessoa, normal ou snobe, à loucura? Pelos vistos não, e isso deprime-me.
quinta-feira, setembro 02, 2010
Caro Verão
O Wayne Coyne deu-me um abraço. Pouco tempo depois, o Esau Mwamwaya deu-me um abraço. Eu, que não sou abraçável por aí além (não é bem falta de auto-estima, é só que raramente há gente a abraçar-me pouco tempo depois de me conhecer), não pedi nada. Eles é que me quiseram abraçar, de livre vontade. Antes disso tudo, os Very Best tinham tocado para praticamente ninguém, como a Rye Rye ainda antes e os Flaming Lips depois. É quase criminoso desperdiçar cartazes destes em festivais que não são feitos para ver música e onde se pode andar durante três ou quatro dias sem ouvir absolutamente nada. Mas, obviamente, os Flaming Lips foram mágicos. O Wayne Coyne, apesar de ser perigosamente parecido com um hippie, não merece um tiro na cabeça. Não sabe não entreter e desligar. O Wayne Coyne é entretenimento, além de fazer música incrível. Lembra-me um pouco o Nile Rodgers (sem a importância histórica): podia ficar a vê-los a existir, meramente, durante horas e horas a fio, ou para sempre (um bocado como o Christopher Guest e a banda britânica). E nunca me aborreceria. Enfim, o Wayne Coyne merece um abraço (mesmo que seja ele próprio a dá-lo). Dormi num carro num parque de estacionamento e no dia a seguir num hotel de cinco estrelas. No T-Club do Algarve vi a maior concentração de jogadores de polo ao peito de sempre (não consigo compreender aqueles modelos com um jogador de polo gigante e números nas mangas dos polos) e um imigrante britânico veio-me pedir Average White Band. Se calhar fez parte deles. É o tipo de coisa que um membro dos Average White Band faria, reformar-se e ir viver para o Algarve, apanhar sol e usar jogadores de polo ao peito até ao final da vida. Passei BATIDA (gosto imenso de BATIDA) e ninguém se importou, até gostaram, o que é bom, mas ninguém me abraçou. Aposto que se o Wayne Coyne e o Esau Mwamwaya lá estivessem teria recebido no mínimo dois abraços.
quarta-feira, setembro 01, 2010
Duas coisas muito importantes
Não é preciso comentário:
One of my new-wave idols, Scritti Politti’s Green Gartside, used to tell a story about the days when he was an abrasive art-school punk. One night in the spring of 1980, he was the Electric Ballroom in Manchester, England, talking to Joy Division’s lead singer Ian Curtis, frustrated by the dead end of their doom-and-gloom musical styles. “I don’t think I was able to offer him any solace, nor he I,” Green said. “We were feeling pretty dejected and found our respective ways out of it.”
A week later, Ian Curtis killed himself, and Green began playing disco. Ian Curtis’s old bandmates went disco too, renaming themselves New Order. Green never looked back. As he proclaimed, “Fear of pop is an infantile disorder – you should face up to it like a man."
Rob Sheffield, Talking to Girls about Duran Duran (livro incrível, como seria de esperar depois do Love is a Mixtape, e eu iria mais além: o mundo tornou-se um sítio melhor quando os chatérrimos Joy Division acabaram e os New Order nasceram automaticamente pouco chatos)
So why not just let go of the conceit of originality, and let the songbook stand? The revival problem is also the repertory question. Very few people complain that “Hamlet” is restaged every year. Why treat music differently from any other art? Once the original authors are absent, and we agree that their ideas are perfect as is, there seems little reason to monkey with them.
I admit to having dismissed most of these acts out of hand on first listen. Their live shows began dismantling my skepticism. We are broadly taught to respect the innovator, to trust that he or she is doing something important. But we also like what we like, and I like a strong downbeat.
Sasha Frere-Jones, "The delicate art of revivals"
One of my new-wave idols, Scritti Politti’s Green Gartside, used to tell a story about the days when he was an abrasive art-school punk. One night in the spring of 1980, he was the Electric Ballroom in Manchester, England, talking to Joy Division’s lead singer Ian Curtis, frustrated by the dead end of their doom-and-gloom musical styles. “I don’t think I was able to offer him any solace, nor he I,” Green said. “We were feeling pretty dejected and found our respective ways out of it.”
A week later, Ian Curtis killed himself, and Green began playing disco. Ian Curtis’s old bandmates went disco too, renaming themselves New Order. Green never looked back. As he proclaimed, “Fear of pop is an infantile disorder – you should face up to it like a man."
Rob Sheffield, Talking to Girls about Duran Duran (livro incrível, como seria de esperar depois do Love is a Mixtape, e eu iria mais além: o mundo tornou-se um sítio melhor quando os chatérrimos Joy Division acabaram e os New Order nasceram automaticamente pouco chatos)
So why not just let go of the conceit of originality, and let the songbook stand? The revival problem is also the repertory question. Very few people complain that “Hamlet” is restaged every year. Why treat music differently from any other art? Once the original authors are absent, and we agree that their ideas are perfect as is, there seems little reason to monkey with them.
I admit to having dismissed most of these acts out of hand on first listen. Their live shows began dismantling my skepticism. We are broadly taught to respect the innovator, to trust that he or she is doing something important. But we also like what we like, and I like a strong downbeat.
Sasha Frere-Jones, "The delicate art of revivals"
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