quarta-feira, julho 15, 2009

Alive

Foi mais ou menos assim. Para um texto (só um bocadinho) mais sério, ver a Time Out desta semana, hoje nas bancas.

segunda-feira, julho 13, 2009

Dane/Raaaaaaaandy

Mais Raaaaaaaandy. Agora é um documentário. Como é que o Dane Cook vai continuar a ser respeitado nalgum lado depois disto continua a ser um mistério, mas idiotas como ele vencem sempre, por isso é esperar para ver. É porreiro que a trupe Judd Apatow tenha tomado conta da comédia e tenha sucesso. É o triunfo de gente mais ou menos decente (ou que pelo menos parece, quero lá saber do resto) com piada. Algo que o tipo nunca terá. Continuará apenas a debitar o mesmo humor vazio e piadas que não são piadas, são só um testemunho de como o gajo é o maior do mundo (na cabeça dele). Mesmo que o Mike White diga que aquilo passou da comédia daqueles que levam porrada para a comédia dos que dão porrada, isso não é verdade (e o Mike White, mesmo que muito bom, é completamente passado dos cornos e só deve estar triste por não ser incluído nos projectos). E serve para resumir as personagens: o Adam Scott a fazer de irmão do Will Ferrell no Step Brothers é caracterizado como um douchebag porque, entre outras coisas, é fã do Dane Cook. Um promenor tão simples e tão eficaz. "É fã do Dane Cook? Idiota de merda." Provavelmente o Dane Cook não tem piada porque nunca teve de ter piada na vida. Olha-se para o Seth Rogen, para o Jonah Hill ou mesmo para o Jason Segel e percebe-se logo por que raio é que eles tiveram de desenvolver um sentido de humor brutal. Olha-se para o Dane Cook e percebe-se por que é que ele é um idiota de merda. Mas depois como é que se explica o Paul Rudd e o Adam Scott terem piada? Com aquelas carinhas nunca tiveram de ter. Mas têm. Porque se esforçaram. O Dane Cook nasceu, venceu, ficou famoso, venceu mais, e é um nojo. O marketing viral à volta deste filme é tão bom, mas tão bom, que espero mesmo que o filme valha a pena. Por falar em marketing, gosto das entrevistas do Sacha Baron Cohen à volta do Brüno e de tudo isso, mas o filme falha redondamente. Ri, mas não tanto como o Hangover (e não é só pelo Zach Galifianakis) e saí de lá a pensar em como aquilo não tinha propósito nenhum. Não servia para nada. Esperava algo que crucificasse para sempre a homofobia. Mas não. Ele mal pega nisso. Tal como o Borat (que tinha, lá no meio, algum propósito), é um filme falhado que não tenho vontade nenhuma de alguma vez rever. E eu revejo obsessivamente muitas comédias. E eu gosto do Sacha Baron Cohen, do programa do Ali G (do inglês e o americano). Em filme é que não, obrigado.

Beethoven 2

São quase três da manhã e está a passar o Beethoven 2 na TVI. Isto não é uma piada. Alguém lá na TVI está a rir imenso à custa disto. Só pode.

domingo, julho 12, 2009

And that's the double truth, Ruth

O Ghostbusters como melhor filme do mundo. No Times. Totalmente verídico. Algo tão puro, tão bonito e tão mágico. Lembro-me de provavelmente a minha citação preferida do 30 Rock, quando o Jason Sudeikis mente à Tina Fey e lhe diz que consultou um médico, o Peter Venkman. Ela depois percebe que ele está a enganá-la e proclama: "You used Ghostbusters for evil!" Que é algo que não se faz. Nunca. Pegar em algo tão inocente e intocável e usar para o mal é muito feio. E, claro, devia haver uma estátua do Bill Murray em cada sala de aula e blá blá blá blá blá, maior de sempre, blá blá blá, um génio, blá blá blá, não falha uma no filme, blá blá blá, etc.

sexta-feira, julho 10, 2009

Alive

Estou a cobrir o Alive (textos seguir-se-ão mais para a semana noutros sítios) e fico sempre cheio de pena que os TV On The Radio nunca dêem concertos à altura deles em Portugal. O problema é sempre o som, é tramado misturar aquilo bem e eles precisam de alguém que esteja uma tarde inteira com eles a tratar daquilo, o que é impraticável num festival. Mais: no texto de antevisão do Jorge Manuel Lopes (uma referência, um mentor, um patrão – literalmente – e alguém a quem devo muitíssimo) para a Time Out, falava-se do facto de eles terem bons discos e acharem que a música boa já estava toda feita e não era preciso inovar mais nada. A minha ideia deles – e aquilo de que sempre gostei neles, já há cinco ou mais anos – é justamente a contrária. Não vejo, tal como ele, uma necessidade neles de emular a fase de Berlim do David Bowie, nem sinto nada disso. Uma das primeiras coisas que escrevi neste blog, há três anos, foi algo como "On The Radio são a melhor banda de pós-punk da actualidade, por muitas razões, sendo a maior delas não quererem soar ao que soavam as bandas de pós-punk canónicas." (ou foi mesmo isto). E ainda concordo com isso. Parece-me mais um dos ódios de estimação do Jorge do que outra coisa qualquer: até os compara ao Beck, outro ódio de estimação que não compreendo (cresci a ouvir o Odelay, e "unfuckwithable" é uma expressão que associo ao trabalho deles nesse disco e no Paul's Boutique dos Beastie Boys).

Singular mais uma vez

Mais um Singular (não tem havido espaço). Notas: outra grande remistura do Fred Falke é a da "Two Weeks" dos Grizzly Bear (acho até que gosto mais do que esta); na "D.O.A." não é um violino, é um clarinete (ou por aí, o som é demasiado parecido com o de um violino mas é claramente de sopro, algo que me escapou quando escrevi o texto com aquilo na memória e devia ter confirmado) e cada vez gosto mais do raio da canção, o texto foi escrito pré-vídeo, e apesar do gozo todo aí pelos blogs, é um vídeo cheio de pinta (e, porra, tem o Harvey Keitel a meio, num cameo totalmente aleatório, e também tem o LeBron James).

The Gossip - Heavy Cross (Fred Falke Remix) Pretty Much Amazing

Agora que já toda a gente percebeu mais ou menos que uma "nova canção" dos Gossip é igual a todas as antigas, é nas remisturas que a coisa aquece. Esta é de Fred Falke, que tem assinado remisturas irrepreensíveis sempre que basicamente põe os dedos nalguma canção. É capaz de ser menos dançável que o original, mas é melhor, mais foleira e mais espacial, com sintetizadores, guitarras e baixos usados num contexto totalmente diferente daquele que surge nos Gossip. É assim que se transforma o banal em sublime.

Jay-Z - D.O.A. (Death of Auto Tune) OnSMASH

Jay-Z proclama a morte do auto tune, o efeito que, usado sob certos parâmetros, transforma as vozes dos cantores em algo quase alienígena. Não que isso signifique muito, mas como nas suas melhores canções, Jay-Z consegue convencer-nos de que o que está a dizer é realmente importante. E sobre um instrumental magistral, com guitarra e violino tirados de um disco de jazz-funk-psicadélico e realmente bem usados. Um épico, e Jay-Z também canta (sem auto-tune infelizmente) para marcar a sua posição, num desafinanço sem a graça dos dois mestres do cantar mal em rap: Biz Markie e Ol' Dirty Bastard.

Táxi - Não sei se sei MySpace

Por um período nos anos 80, os maiores êxitos pop portugueses eram pastiches dos Police. O melhor dos Táxi insere-se nesse contexto. "Não Sei se Sei" é o single que traz os rapazes de "Chiclete" de volta ao activo. E de Police não tem nada (leia-se "Jamaica aqui não entra"). Pop-rock sub-Xutos & Pontapés. Os Táxi nem se vestiam mal nos anos 80, mesmo tirando o desconto de ser os anos 80. Hoje em dia vestem-se terrivelmente mal. E não é só da roupa que se fala.

quarta-feira, julho 08, 2009

Nothing'severgonnastandinmyway(again)

Não consigo pôr aqui, mas eis um novo trailer do Funny People. Porra, Wilco do Summerteeth na banda sonora? Judd Apatow, acho que te amo.

domingo, julho 05, 2009

O bigode

Já não é só coisa para agentes da autoridade, mulheres transmontanas e gente que vive nos anos 70. O bigode está de volta. Por todo o lado. Há meses, a secção de estilo do New York Times declarou este regresso. Brad Pitt aparece de vez em quando com um desde Dezembro e vai aparecer com ele em Inglourious Basterds, o novo filme de Quentin Tarantino. George Clooney também é rapaz para, volta e meia, aparecer aí com um. James Franco tinha um em Milk – onde fazia de homossexual, o que prova que o bigode não escolhe orientações sexuais e por todo o lado se vê homens a deixar de ter medo de usar bigode. Contudo, não é fácil, de todo, é preciso ter coragem. Mas parece estar a formar-se uma geração sem medo do bigode. Será que é desta que o mundo vai mudar?

Em Dezembro decidi deixar de fazer a barba durante uns tempos para deixar crescer um bigode. É complicado deixar um bigode crescer por si só. É até um pouco ridículo. Deixada crescer a barba até um tamanho aceitável e notável de bigode – passei uns meses a explicar a quem me perguntava se estava a deixar crescer a barba outra: "Isto não é uma barba, é um futuro bigode." –, fi-la. E deixei os pêlos por cima do lábio. Não foi a primeira vez, não há-de ser a última. Durou um mês. Esta é a história do meu bigode, um apetrecho tipicamente português que a minha geração, em geral, achou por bem ignorar. Há aquelas vezes em que, ao espelho, se deixa por graça. Quase não passa disso.

É capaz de ser um mal da nossa sociedade. Não há grandes exemplos em termos de bigodes. Algumas pessoas velhas têm um, mas não muitas. Se todos os dias fossem vistas pessoas com bigode na televisão, talvez o nosso país tivesse mais bigodes mais jovens. Existem telenovelas e séries com homens relativamente novos com bigode. Durante alguns anos, o trovador JP Simões envergou orgulhosamente um farto bigode. Ainda o faz de vez em quando. Há uns anos, dizia-me o próprio que corria o risco de deixar de ser um homem para ser um bigode. Isso e começou a ver nele restos de sopa juliana e começaram a crescer lá cogumelos.

Sempre que deixo crescer um bigode, a minha mãe solta um "ai meu Deus!" muito alto cada vez que me vê. As pessoas na rua têm sempre reacções diferentes. Há senhoras de idade que olham para mim e pensam, com nostalgia, nos tempos em que os homens usavam bigode. É um serviço que lhes presto: um jovem com bigode. Uma espécie de máquina do tempo. Mas no meio da rua. E sem terem de pedir. Sem sequer agradecerem. De nada. Sinto alguma cumplicidade nos olhos de taxistas e empregados que também têm bigode. É a maravilhosa partilha do bigode.

É sempre um tema de conversa. Se não há grande assunto a tratar, se a comunicação teima em não sair muito bem, não faz mal. Basta chamar a atenção para o bigode – talvez inserir a expressão "o meu bigode" numa frase ou afagá-lo carinhosamente – para haver logo pano para mangas. É certinho.

Também há, claro, quem não aprove. Muitas mulheres ainda não perceberam o quão especial pode ser um bigode. Colegas de trabalho e até amigos também não. Eventualmente toda a gente se habitua. A pior reacção é aquela de gente que, me conhecendo, diz olá, dá um passou-bem e nem repara no bigode. Essa sim, ofende. Porque mostra que há quem me cumprimente sem me olhar nos olhos.

Nasci em 1986 e não existe muita gente no mundo que tenha nascido na segunda metade dos anos 80 e tenha, ainda hoje, um bigode. Um bigode a sério, sem ser irónico. Toda a gente tem um bigode quando tem 10/11/12 anos, dependendo de quando chega a puberdade, e ainda não descobriu as lâminas de barbear. É um simples "buço", há quem tenha mais, há quem tenha menos. Depois fica mais forte e há uma barba inteira envolvida. E, a não ser que se seja realmente latino, especialmente mexicano – lembrar a personagem Pedro de Napoleon Dynamite ou o protagonista de Wassup Rockers de Larry Clark para perceber que acontece muito manter o buço para a vida inteira –, ou asiático – ver Gran Torino, de Clint Eastwood, com um adolescente e um pós-adolescente com pilosidade facial semelhante – é preciso começar a fazê-la. Ou deixá-la crescer.

Em geral, pessoas com pele mais escura podem usar um bigode sem a sociedade olhar para elas de lado. Eddie Murphy tinha 21 anos em 1982, quando lançou 48 Horas. Nunca ninguém teve tanta pinta. Nem o próprio, que manteve a pinta e piada durante uns anos mas é hoje em dia um farrapo humano. Com ou sem bigode. Colegas brancos de Murphy do Saturday Night Live, anos antes, usavam bigode. Dan Aykroyd e Bill Murray, que viriam a ser grandes estrelas fora daí, eram exemplos disso. Mas corria a década de 70 e um bigode ainda era aceitável em qualquer idade. Murray, por exemplo, tem usado, e bem, o bigode nos últimos anos. Muitos dos papéis da sua mais recente encarnação como homem à beira de uma depressão de meia idade constante são com bigode. Até emprestou a voz a Garfield (no mundo felino não só é aceitável ter bigode como também é obrigatório). Mas há que perceber que este é um homem que já passou a barreira dos 50. A partir dos 50 qualquer bigode é aceitável. Há quem diga que é antes. E é. Mas 50 é a barreira mais segura, se se quiser ter a certeza absoluta.

Normalmente é mais fácil manter apenas um bigode do que uma barba inteira, há quem tenha vários espaços sem pêlos. Ou seja, o bigode é democrático. Pode ser uma experiência partilhada. Todos os homens podem ter um. Mais pequeno, maior, menos grosso, mais cuidado, mais selvagem. Há-os para todos os gostos. Farfalhudos. Fininhos. Grossos. Selvagens. Aparados ao mais ínfimo pormenor. À jogador da bola. À treinador da bola. À Clark Gable. À Lemmy dos Motörhead (funciona melhor com um sinal grande na cara). Há para todos os gostos. Só há, porventura, um que não é, em caso algum, aceitável. É o "Hitler". Um senhor chamado Adolfo estragou-o para sempre (consta que antes era bastante popular). Há quem tenha de fazer Hitler em peças ou filmes, mas é recomendável adiar a vida social durante uns tempos nessa altura. Só casa-trabalho e trabalho-casa, da forma mais escondida e menos pública possível.

Acima de tudo, ter e especialmente manter um bigode é uma questão de atitude. Nada mais que isso. É conseguir transmitir, através de uma expressão facial, a pergunta "sim, eu tenho um bigode, deixei crescer isto, não vai sair daqui, tens algum problema com isso?" É ser convincente. Não se pode desesperar ao primeiro sinal de resistência da parte das pessoas. É preciso ir em frente. Remar contra a maré. Saber que é algo masculino (e, nalguns casos, feminino). Que faz parte de todos nós. Basta acreditar nele, por mais forte ou fraco que seja.

Nota: Às vezes tenho ideias estúpidas. No início do ano deixei crescer uma barba com apenas um objectivo em mente: fazê-la e deixar o bigode. Esperei um mês, hoje em dia arrependo-me e acho que devia ter esperado dois meses (o bigode é muito mais consistente). Deixei-o ficar um mês, também. Será que tenho uma obsessão pouco saudável com pilosidade facial? Na altura escrevi este texto. Não foi publicado em lado nenhum (eu bem tentei, ninguém o quis, vá-se lá saber por quê). Mas decidi publicá-lo aqui. É muito, muito estúpido, como o era o próprio bigode, apesar do registo menos livre que o que uso aqui normalmente. Prometo que um dia ganho coragem e experimento usar um bigode à Hitler durante uma semana. Depois escrevo sobre isso, se a experiência não resultar no meu homicídio.


quarta-feira, julho 01, 2009

RAAAAAAAAAAAAAAANDY

O site do Randy, a personagem do Aziz Ansari no Funny People do Judd Apatow, é magnífico. Continuo a dizer que alguma parte dele é baseada no Dane Cook (pior de sempre) e por isso ainda me rio mais com ele. Um douchebag dos maiores que há. E há vídeos dele. Magníficos. O primeiro stand-up comedian de sempre a ter um DJ/hypeman. RAAAAAAAAAAAAAAANDY.