É dia 27 de Novembro. Há decorações de Natal para aí desde Agosto, mas não faz mal. É Natal, o Hell Hath No Fury dos Clipse é o disco de hip-hop do ano, o Get Lonely dos Mountain Goats é o disco mais bonito do ano, o Rather Ripped dos Sonic Youth e o Return To Cookie Mountain dos TV On The Radio são os discos rock do ano. A ZDB continua a encher com o Ben Chasny, fazedor de música bonita mas gajo chato sozinho ao vivo. Nunca cheguei a correr com o "45:33", o UM está online e os Rapture lançaram um disco aborrecidíssimo com o Danger Mouse. Comecei um programa de rádio com o Vasco M. na Química FM (Partido Amén - ou "Ámen", a Joana jura que é "Ámen", mas no dicionário online da Priberam estão listadas as duas -, sábados das 20 às 22h, 105.4 FM), que quase ninguém pode ouvir (e ainda bem). Não sei o que dizer mais.
Os Neptunes não se cansam de guardar o melhor para os Clipse. Tem o Bilal fora de um contexto soul e consciente (não me lembro de ouvi-lo fora de discos de gente como o Common, alguém se lembra?). O Kelefa Sanneh diz que o Chad Hugo não aparece por lá, mas os beats são tão fora de tudo o que é o normal, do que vende, de, basicamente, tudo, que só confirmam o Pharrell Williams como um génio. Mesmo depois do raio do disco dele, que tinha para aí uma ou duas canções (conservadoras, como "Angel" - "ding-dong!", que tem imensa pinta mas não adiciona nada a lado nenhum) e o resto uma idiotice. Não há disco mais consistente este ano no hip-hop, o único que chega aos calcanhares dele é Blue Collar, do Rhymefest. "Devil's Pie", com o sample de "Someday" dos Strokes (que, dessa forma, estão a adicionar algo à música moderna) e "Build Me Up", com a voz desafinada de Ol' Dirty Bastard (o Jeff Mangum do rap), e o resto é quase todo óptimo, com uma ou duas dispensáveis, mas que não destoam. Mas o Rhymefest tenta ser algo que não é, diz-se tremendamente respeitador e ponderado mas depois é, basicamente, um idiota, na música dele, claro.
O Ty vem cá, o dubstep chegou mas anda chato. Digital Mystikz foi giro, durante meia-hora ou uma hora, o resto aborreceu. O MC não adicionava nada, estava a sentir-se demasiado bem para um género que, supostamente, ilustra de forma bonita a decadência urbana de uma cidade grande como Londres. E, por falar nisso, Children of Men e V for Vendetta são os filmes de ficção científica do ano (ou uma coisa assim, será que contam como isso?), ambos passados em Londres daqui a um porradão de anos e eu que nem gosto dessas coisas. Talvez seja da Julianne Moore e da Natalie Portman.
Há dois parágrafos que me fartei de links (dá um trabalho do caraças), fui a Barcelona ver o Sufjan Stevens, ele trouxe asas de águia e lembrei-me que o adorava (não tenhas medo, Rosie Thomas, é platónico). O Ys da Joanna Newsom é intenso e bonito e é o tipo de coisa que eu gostaria de ter em vinil. Talvez seja barato, é da Drag City. Comprei o Yellow House dos Grizzly Bear e outra Joana contou-me que eles eram uma banda gay e viu-os em Paris e não consigo, por muito que tente, odiá-la por isso. Também viu os TV On The Radio e era a única pessoa do mundo que poderia vê-los e eu não ficar chateado com ela (já tinha ficado chateado com um amigo e com o meu primo). Mas o Tunde Adebimpe estava bêbedo ou assim e parece que foi mau. Os Grizzly Bear não. Isso rendeu-me a a melhor prenda de sempre (obrigado, obrigado, obrigado, espero que ela já saiba o que quero dizer), como é que se pode odiar alguém nestas condições? Não há respeito.
O Kingdom Come chegou e confirma o génio do Just Blaze. O Dr. Dre irrita uma vez, os Neptunes destoam tremendamente, o Chris Martin surpreende (não que tenha algo contra ele, estes casamentos raramente resultam - como será o John Darnielle com o Aesop Rock, já que isso é capaz de acontecer?) numa das faixas mais bonitas do ano. É um bocado por aí. Mas não é o disco do ano, não é, de todo, consistente, mas quando raio é que o Jigga foi consistente? Nem no Reasonable Doubt, nem no Blueprint, nem no Black Album. É isso que a crítica tem esquecido, do Kelefa Sanneh ao Tom Breihan.
E é basicamente isto. Foi o que me saiu nesta altura. O Doctor's Advocate (acho que me enganei e escrevi "Devil" da outra vez) é a maior insistência de sempre numa insignificância. E a perpetuação da notoriedade de uma pessoa extremamente idiota. Trazer o gangsta rap de volta é parvo, pois, infelizmente, ele nunca morreu. Legado dos NWA? "Nigga nigga fuck fuck bitch bitch dope dope", é este o legado deles. O próprio Dre dizia-o. E precisamos disso? Claro que não. Mas há música boa por baixo daquilo tudo, mesmo que queiramos dar um tiro na cabeça do tipo.
Em compensação, dei por mim em Barcelona a ver Arrested Development. O sorriso estampado na cara do Speech, politicamente correcto, música conservadora (banda de versões funk/soul com dois rappers anónimos e genéricos - o "relaxado" e o "agressivo" ou "como levar uma fixação por Sly Stone longe de mais") fez-me ter vontade de abraçar o 50 Cent ou assim. Hipocrisia, sou um hipócrita. A parte boa foi que havia um velho genial no meio do palco que não fazia absolutamente nada senão ser velho e mexer-se um bocado.
Os Neptunes não se cansam de guardar o melhor para os Clipse. Tem o Bilal fora de um contexto soul e consciente (não me lembro de ouvi-lo fora de discos de gente como o Common, alguém se lembra?). O Kelefa Sanneh diz que o Chad Hugo não aparece por lá, mas os beats são tão fora de tudo o que é o normal, do que vende, de, basicamente, tudo, que só confirmam o Pharrell Williams como um génio. Mesmo depois do raio do disco dele, que tinha para aí uma ou duas canções (conservadoras, como "Angel" - "ding-dong!", que tem imensa pinta mas não adiciona nada a lado nenhum) e o resto uma idiotice. Não há disco mais consistente este ano no hip-hop, o único que chega aos calcanhares dele é Blue Collar, do Rhymefest. "Devil's Pie", com o sample de "Someday" dos Strokes (que, dessa forma, estão a adicionar algo à música moderna) e "Build Me Up", com a voz desafinada de Ol' Dirty Bastard (o Jeff Mangum do rap), e o resto é quase todo óptimo, com uma ou duas dispensáveis, mas que não destoam. Mas o Rhymefest tenta ser algo que não é, diz-se tremendamente respeitador e ponderado mas depois é, basicamente, um idiota, na música dele, claro.
O Ty vem cá, o dubstep chegou mas anda chato. Digital Mystikz foi giro, durante meia-hora ou uma hora, o resto aborreceu. O MC não adicionava nada, estava a sentir-se demasiado bem para um género que, supostamente, ilustra de forma bonita a decadência urbana de uma cidade grande como Londres. E, por falar nisso, Children of Men e V for Vendetta são os filmes de ficção científica do ano (ou uma coisa assim, será que contam como isso?), ambos passados em Londres daqui a um porradão de anos e eu que nem gosto dessas coisas. Talvez seja da Julianne Moore e da Natalie Portman.
Há dois parágrafos que me fartei de links (dá um trabalho do caraças), fui a Barcelona ver o Sufjan Stevens, ele trouxe asas de águia e lembrei-me que o adorava (não tenhas medo, Rosie Thomas, é platónico). O Ys da Joanna Newsom é intenso e bonito e é o tipo de coisa que eu gostaria de ter em vinil. Talvez seja barato, é da Drag City. Comprei o Yellow House dos Grizzly Bear e outra Joana contou-me que eles eram uma banda gay e viu-os em Paris e não consigo, por muito que tente, odiá-la por isso. Também viu os TV On The Radio e era a única pessoa do mundo que poderia vê-los e eu não ficar chateado com ela (já tinha ficado chateado com um amigo e com o meu primo). Mas o Tunde Adebimpe estava bêbedo ou assim e parece que foi mau. Os Grizzly Bear não. Isso rendeu-me a a melhor prenda de sempre (obrigado, obrigado, obrigado, espero que ela já saiba o que quero dizer), como é que se pode odiar alguém nestas condições? Não há respeito.
O Kingdom Come chegou e confirma o génio do Just Blaze. O Dr. Dre irrita uma vez, os Neptunes destoam tremendamente, o Chris Martin surpreende (não que tenha algo contra ele, estes casamentos raramente resultam - como será o John Darnielle com o Aesop Rock, já que isso é capaz de acontecer?) numa das faixas mais bonitas do ano. É um bocado por aí. Mas não é o disco do ano, não é, de todo, consistente, mas quando raio é que o Jigga foi consistente? Nem no Reasonable Doubt, nem no Blueprint, nem no Black Album. É isso que a crítica tem esquecido, do Kelefa Sanneh ao Tom Breihan.
E é basicamente isto. Foi o que me saiu nesta altura. O Doctor's Advocate (acho que me enganei e escrevi "Devil" da outra vez) é a maior insistência de sempre numa insignificância. E a perpetuação da notoriedade de uma pessoa extremamente idiota. Trazer o gangsta rap de volta é parvo, pois, infelizmente, ele nunca morreu. Legado dos NWA? "Nigga nigga fuck fuck bitch bitch dope dope", é este o legado deles. O próprio Dre dizia-o. E precisamos disso? Claro que não. Mas há música boa por baixo daquilo tudo, mesmo que queiramos dar um tiro na cabeça do tipo.
Em compensação, dei por mim em Barcelona a ver Arrested Development. O sorriso estampado na cara do Speech, politicamente correcto, música conservadora (banda de versões funk/soul com dois rappers anónimos e genéricos - o "relaxado" e o "agressivo" ou "como levar uma fixação por Sly Stone longe de mais") fez-me ter vontade de abraçar o 50 Cent ou assim. Hipocrisia, sou um hipócrita. A parte boa foi que havia um velho genial no meio do palco que não fazia absolutamente nada senão ser velho e mexer-se um bocado.
3 comentários:
Agora que o Kingdom Come já foi bem digerido e já passou a fase de entusiamo pelo regresso do rei tenho que concordar contigo. Não é o disco do ano, nem o disco hip hop do ano. Mas o Jigga continua em grande forma!
inclusive, um dos Grizzly Bear é cabeleireiro.
li no blog deles.
Ser cabeleireiro é grande. Foda-se. Nível.
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